Too much light in this window, don't wake me up!

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[POV Lexam]

 Talvez eu esperasse que meu dia tivesse sido um sonho e depois eu acordasse, mas a não ser que eu estivesse sonhando que estou sonhando agora, meu dia realmente aconteceu, e estou sonhando. Não estou sonhando que estou sonhando, eu realmente dormi e estou sonhando. Eu sei, por que eu estou consciente durante o sonho, e estou flutuando agora, Martin á minha frente.

 Ele riu.

 - Gostando? - ele perguntou - Você sabe, voar.

 - Você é o Martin, ou um Martin de um sonho?

 - Um pouco dos dois. Esse é o lugar que você construiu desde... muito tempo, mas não no mundo que você conhece.

 Ri anasalado

 - Não no mundo real? - ironizei

 - Hey! Esse é o mundo real!

 - Se fosse o mundo real, eu poderia fazer isso? - disse me lançando pra cima apenas por pensar em fazer isso e depois me chocando de volta ao chão, rachando o piso branco. Ele revirou os olhos.

 - Se não fosse, você teria previsto isso - ele simplesmente ficou parado, e como acontece sempre que estou esperando demais, esqueci de respirar por alguns segundos, e depois senti pressão do meu pescoço á ponta da minha cabeça, e quando tentei respirar, não consegui. Me senti atingido por várias coisas ao mesmo tempo. Tentei gritar, mas definitivamente minha garganta estava fechada. Martin sorrindo novamente. Por desespero, consegui soltar um grito, que como uma onda sônica, levou o corpo de Martin pra longe e eu consegui finalmente respirar, segurando minha gargante por dor.

 - Posso ter ficado inconsciente. - falei como explicação. - Mesmo sendo um sonho, me explique, quero saber o quanto minha mente é fértil.

 - Bem - ele flutuou até a minha frente de novo - Cada ser é capaz de imaginar coisas, mas divindades, ou qualquer coisa proveniente delas, tem uma capacidade maior. E cada uma pode criar um lugar fixo, ilimitado, e pode visitá-lo enquanto fica inconsciente ou dorme. Digo, qualquer um pode fazer isso, mas você tem a opção de sonhar ou ir pra esse lugar, você não é controlado.

 - Mas isso não faz sentido nenhum, cara. Ta ficando cada vez mais como fantasia.

 - Eu sei, seu lado humano começou a interferir no que falei com o que você pensou que eu ia falar.

 - Tenta de novo, e me fala mais sobre o que você quer dizer com "lado humano" - fiz uma voz debochada ao dizer as duas últimas palavras

 - Você dormiu e eu vim parar no seu sonho, que não é bem um sonho, você já construiu esse lugar mentalmente faz tempo. Eu não posso te contar seu passado, você já tem outros meios de descobrir.

 - Claro, por que é super normal eu perguntar pra qualquer pessoa e ela falar que eu tenho um lado não-humano - revirei os olhos e senti meus pés pousarem no chão.

 O lugar mudou de um branco pra um gramado verde sem fim, com algumas árvores, e bancos de madeira em volta delas, além de tábuas pregadas nas árvores para servirem como mesa. Pisquei e estávamos sentados comendo maçãs e amoras.

 - Hora de acordar. - A cena começou a escurecer e eu forcei no modo imperativo:

 - Não! - a cena tremeu, voltando á ser o gramado verde - Me explica.

 - Já disse, tem outros meios. - a cena escureceu de novo e eu acordei. Não cansado, pelo contrário, bem disposto.

 Fui me arrumar, mas senti que ainda estava de roupa. A roupa estava amarrotada e um pouco suja. Atrás eu senti sangue pelo impacto de quando bati as costas na parede no dia anterior. Tirei a blusa puxando pela bainha pra cima e joguei na banheira, já que não uso muito ela, então ela serve como cesto de roupa suja até que eu decida, um dia, usá-la. Prefiro o chuveiro.

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