Desde aquele dia, eu comecei a ver coisas. Não somente ver, sentir também. Na verdade, aquelas coisas existiam, eu não sou louco.
Me ofereceram uma bala muito gostosa. Eu gostei muito, ela tinha gosto de morango com um leve toque de menta. Mas infelizmente ela vicia.
Eu encontrei um rapaz que vende aquelas balas. Eu não conseguia passar um dia sem mastigar uma. Era impossível para mim.
Até que certo dia, estava eu dormindo, depois de comer o pequeno doce de cor rosa claro, quando meu quarto é invadido por paramédicos, me levantando a força e me colocando em uma maca, injetando algo desconhecido no meu pescoço.
No outro dia, eu acordei aqui. Em um hospital psiquiátrico. Me desesperei, por que eu estava aqui? Eu não sou louco! Eu comecei a ficar ansioso, eu não queria estar ali. Comecei a gritar, eu joguei coisas na parede, inclusive quebrei um espelho que havia ali. Foi então que eu percebi, eu estava magro, mais do que já era, tinha olheiras em meu rosto, minha boca estava seca, toda rachada. Eu não estava me reconhecendo.
Depois do meu surto, eu sentei e comecei a refletir. Como eu vim parar aqui? Por que eu estava daquele jeito? Essas perguntas rondavam minha cabeça, até uma enfermeira entrar no quarto onde eu estava e me conduzir até uma sala. Era o consultório do psiquiatra. Nós fizemos alguns exercícios e ele me passou uns remédios controlados.
Após isso, eu fui ao refeitório. Fiquei isolado em uma mesa, até um garoto vir sentar comigo. Ele era bonito, mas não passou nem cinco minutos ali, ele se pôs a chorar e saiu agoniado. Me senti solitário, ainda não sabia o motivo de estar ali. Sai um pouco para caminhar, sentei em um banco onde tinha um jardim logo perto. Observei as formigas caminharem enquanto carregavam suas folhas. Foi aí então que eu avistei uma lagarta. Mas não era uma lagarta comum. Ela era azul. E fumava?
Enquanto ela baforava o bico de seu narguilé, saia letras em fumaça de sua pequena boca. Ela estava sobre um cogumelo, e seus pés, que estavam calçados com pequenos sapatinhos dourados, batiam contra a superfície do mesmo.
- A, E, I, O, U... - Ela falava enquanto saia aquela fumaça colorida. Eu estava ficando louco mesmo. Desde quando existe lagartas azuis que fumam e calçam sapatos? E ainda por cima falam? - Quem és tu?
- Quem disse isso? - Não era possível aquele inseto estar dirigindo a palavra a mim.
- Eu perguntei quem és tu? - A cada palavra saia fumaça de uma cor diferente.
- Eu? Sou Jeon WonWoo. Por que? - Me assustei. Mas já que eu estava sozinho e ela estava conversando comigo, por que não responder?
- O que és tu? - Dessa vez ela fazia formas geométricas com o bico.
- Ora, sou um humano. Que pergunta mais besta. - Acabei tossindo um pouco com a fumaça.
- O que são humanos? - Ela se aproximava mais de mim, enquanto eu apenas a observava.
- São uma espécie de animal que raciocina porém ainda são ignorantes. Destroem o que eles próprios construíram. - Ela pareceu interessada no que eu dizia.
- Que espécie estranha. - Ela debochou.
- Estranha é você que fuma e é um inseto. - Ri ironicamente. Por que eu estava dando corda para aquilo?
- Eu sou um inseto macho, tudo bem? E tem mais, no meu país é super normal... - E ela levava novamente o bico para a boca.
- Macho? País?
- O país das maravilhas. Lá tudo é do jeito que queremos, um país maravilhoso, eu amo viver lá. Você não quer vir morar comigo? - Mas que país é esse? Nunca tinha ouvido falar antes.
- Onde fica isso? Em que continente? - Ele riu de mim. Não entendi o motivo da graça, afinal, eu realmente não conhecia o país.
- Aqui, ó! - Ele apontou para a própria cabeça. Aquilo já tinha passado dos limites.
- Não acredito que perdi meu tempo conversando com uma lagarta maluca. - Eu já estava levantando quando ela me chamou novamente.
- Lá todos são malucos. Talvez seja seu lugar. - E voltou para seu narguilé.
- Mas como eu vou para o país das maravilhas? - Me sentei novamente e ela me explicou tudo.
(...) Lá estava eu, na beira da janela, pronto para ir visitar o país das maravilhas. Basicamente, o que a lagarta disse para eu fazer era tomar todos os remédios que me receitaram e me jogar da janela. O efeito iria amenizar a dor e quando eu acordasse, já estaria lá, ela iria me esperar. Eu ia me jogar da janela da cozinha. Era 3:47 da manhã, todos estavam dormindo e por incrível que pareça eu consegui sair do quarto, já que tranquei um segurança comigo. Eu sou maldoso.
Respirei fundo encarando o chão que estava pelo menos a uns 3,5 metros longe de mim. Iria doer. Mas tudo bem, eu ia para um lugar onde tudo É possível. Depois de tomar um pouco de coragem, fui escorregando aos poucos, até sentir a adrenalina correr pelas minhas veias, e meu corpo se chocar contra o chão. País das maravilhas, aí vou eu...
“Ao amanhecer, os paramédicos encontraram o corpo de Jeon WonWoo jogado ao chão, perto do estacionamento. Ele havia cometido suicídio. Estava já na fase avançada da esquizofrenia, ele era usuário da droga: pílula do amor. Seu corpo foi velado no dia seguinte. O jovem morreu aos 22 anos.”
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Bjusss
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drugs | wonwoo
FanfictionUm dia eu conheci uma lagarta falante... WonWoo x centric SEVENTEEN oneshot