deixo-me ser
por um instante
o grito
gelatinosamente arranhando
a garganta
com unhas
mal lixadas
a língua contra
o céu da boca
a boca a erguer-se
tropegamente
ao redor dos dentes.
aí então me desfaço
ofegante
o corpo meio pós-parto
(e o futuro já me pesa tanto)
e assim: de repente
não sou mais grito
apenas
sou.