PENÉLOPE E OS 4AMIGOS

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Madrugadade sábado para domingo. Quatro amigos comediantes retornam de um show de standup comedy feito na cidade vizinha onde estão hospedados. Voltam cansados após duas sessões seguidas, ambas lotadas de um grande público receptivo. Há uma fadiga amistosa em seus corpos, exaustos, mas satisfeitos pelo sucesso de seus trabalhos. Intimamente julgam-se realizados por laborarem com o que mais amam fazer.

A pequena viagem dava-se pelo fato de haver, na cidade principal, aeroporto e ótimos hotéis; como também ser relativamente próxima essa da cidade pequena, destino do show. O quieto motorista que os havia levado ao teatro, agora os trazia de volta.
—Oh tio que rua escura é essa hein, vem cá essa parada não é a BR, não!? — faloualto Thiago ao motorista da van.
—Tu é idiota? Deixa o motorista! Vai tirar a atenção dele da estrada — disseAfonso batendo no braço de Thiago.
—É apenas um atalho, apenas um atalho — respondeu o motorista sem mais palavras.

Márcio dormia com o rosto encostado no vidro da van. Dihh trocava mensagens no celularcom sua esposa, Thiago e Afonso brigavam amigavelmente. Estavam apenas os quatro, mais o motorista. O produtor voltara em separado para o hotel, havia alugado um carro e estava acompanhado. Já fazia meia hora que a van estava percorrendo o escuro atalho, sem encontrar nenhum outro automóvel na pista contrária. Afonso deteve a atenção na estrada e cutucou Thiago que cochilava:

—Ei, ei, tá estranho essa estrada, não tem sinal de nada, que porra é essa? Não viemos por aqui...

—Não te disse arrombado!?

—Caiu o sinal do celular, não consigo falar com minha mina — reclamou Dihh dofundo da van.

Um buraco na estrada, seguido do barulho de pneus furando, acordou Márcio desobressalto:

—Que merda é essa! Já chegamos?
—Tio o que aconteceu? Que foi isso? — disse Thiago indo para perto do motorista.
—Pelo jeito o pneu furou no buraco que passamos.
—Hora temos um Sherlock Holmes... Que bosta! — reclamava Afonso com a mão no rosto.

Todos saíram na escuridão para o lado de fora da van, a fim de ver o que tinha acontecido. Dois pneus furados. A van apenas tinha um de reserva. Onde estavam não havia sinal de celular. Não sabiam o que fazer, pois estavam longe da BR para pedir ajuda. Nenhum carro ou caminhão passava na estrada que estavam. Os quatro maldiziam a situação, estavam cansados, só pensavam na cama do hotel para descansar. O motorista se sentia culpado e tentava em vão consertar os pneus.
—Oh, vamos empurrando a van até chegar na BR — sugeriu Thiago, depois de muito pensar.
—Tu é idiota?! Olha o tamanho desse carro, e tu tá vendo alguma BR arrombado? Estamos é fudido, que merda! — respondeu Dihh muito inconformado —. Si ao menos o celular funcionasse a gente ligava pro produtor vim nos pegar.
—E que lugar é esse que não passa ninguém, não tem posto de gasolina! Não tem nada em volta?! — revoltava-se Márcio.

Afonso estava no meio da estrada na esperança de ver algum caminhão ou carro passar, mas nada aparecia. Dihh e Márcio andavam de um lado para o outro perto da van, culpavam o motorista e tentavam pensar em algo. Thiago sumiu, talvez para procurar ajuda, ou achar lugar para fumar. Depois de um tempo, quando os três já estavam quase se conformando que teriam que passar a noite em uma van estragada na beira da estrada, aparece o Thiago.
—Aí rapaziada, se liga aí: eu estava ali no mato fazendo umas parada. Quando umas luzes começaram a acender assim ó: do nada. Vocês não vão acreditar, tem um casão atrás daquele mato alto e o pessoal deve está acordado, tá tudo ligado. Vamos lá pedir pra usar o telefone?!

Ostrês aceitaram a sugestão do Thiago por falta de opção. O motorista disse que era responsável pela van e que ficaria nela para não ser roubada enquanto eles buscavam por ajuda. Seguia-se uma trilha limpa entre a estrada e a entrada da propriedade, o terreno estava num nível abaixo ao da estrada, não havia muro ou cerca. A casa era uma construção grande, antiga e rural; toda de madeira, de três pavimentos, sendo que o último parecia um sótão face à pequena janela. Havia varanda, rede e flores ao seu redor. Muito bem cuidada, mas bem estranha ser a única propriedade até onde a vista dos quatro alcançava.Baterampalmas...

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