5;; segredos do vento ;;5

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jjw; eu e minha mania
de transformar,
tudo em poesia.

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O vento passeava por entre todos os espaços possíveis, carregando sussurros e gritos. Espalhando segredos que deveriam ser mantidos embaixo dos panos.

Últimos suspiros e primeiras inalações eram levadas de um lado para o outro, histórias sendo compartilhadas com que soubesse parar para ouvir.

E, bem, para quem entendesse.

Matthew não entendia, mas mesmo assim gostava de parar e olhar as folhas sendo carregadas, os gritos dispersados e os rostos refrescados.

Era por isso que se encontrava parado em um lugar aleatório do campus, embaixo de uma árvore, observando a todos que passavam por lá.

–Ei, Matt!– Sam chamou, trocando um aperto de mãos que era só deles e se posicionando ao lodo do mais alto, encostado no tronco da árvore. –Você é muito brisado sabia?

–Você que fuma e eu que fico louco.– riu amargamente ao lembrar do hábito horrível do amigo. –Você 'tá se destruindo, sabe disso né?

–Sei, mas é difícil parar.– suspirou, e Matthew já podia imagina-lo levando um cigarro à boca e dando uma tragada, vendo a fumaça se espalhar com o vento, desejando que seus problemas fosse levados também.

Após alguns minutos de silêncio, Sam voltou a falar: –Mas você não pode falar nada, você afoga suas mágoas em bebidas.

–Pelo menos eu não serei preso por isso...– deu de ombros, vendo uma menina ajeitar os cabelos que eram jogados pelo vento em sua cara. Tinha a leve impressão de que aquela garota já havia lhe ajudado depois de uma noite de bebedeira.

–Do que você está falando?! Sabe que eu já parei faz tempo!

–Tu já contrabandeou, cara! Se um dia eles descobrirem isso, você vai preso!– virou o rosto e se surpreendeu ao ver o amigo de cabeça baixa e sem nenhum cigarro nos lábios delicados.

Ele estava tentando. E Matthew pode reconhecer isso.

Sam estava confuso, era difícil se livrar de um vicio. Sua mente continuava voltando para aquela coisa, de novo e de novo e de novo– sem parar, em um ciclo desgastante. Aquilo estava desgastando-lhe, fazendo com que fosse se deitar, todas as noites, chorando. Chorando porque costumava substituir as lágrimas pela fumaça tóxica que saia do cigarro.

Em sua cabeça, tudo deveria estar organizado, cada pequena coisinha em seu determinado lugar. Mas um certo alguém chegou e bagunçou tudo, adicionou coisas que não estavam ali antes e retirou outras que já estavam.

Agora ele tenta retirar as novas com a fumaça e as lágrimas, no entanto, elas grudaram em seu ser– e não pretendem sair.

Ele acreditava, também, que garotos não podiam chorar. Garotos não choram. Foi isso que lhe fora ensinado.

Mas garotos choram. Garotos amam e não podem escolher a quem. Sam chorou, chorou porque perdeu um alguém. Perdeu seu motivo e sua razão. Perdeu sua organização e noção de espaço.

Matthew notou a postura cabisbaixa do outro, e colocou um braço sobre seus ombros, como se dissesse que entendia (e realmente entendia, tinha perdido alguém, também.). Mudar de assunto foi a melhor opção no momento.

blind dancer [bwoo/taeso]Onde histórias criam vida. Descubra agora