Vinicius
— Aonde é que ela vai? — Pergunto me virando para Juca, que está pensativo. Parece preocupado, ele não me responde, continua olhando para a porta por onde Millena saiu tem dez minutos. Caminho até ele, com a espumadeira na mão. — Ei, cara? O que você tem? — Pergunto franzindo a testa e tocando em seu ombro, então finalmente ele parecer voltar a si e balança a cabeça me encarando.
— Que foi? — Murmura baixo.
— O que está acontecendo? — Pergunto confuso com todo esse mistério e cara feia.
— Você não nos encontrou? Descobre agora onde você se enfiou! — Diz ríspido entredentes e reviro os olhos, cara chato!
— Larga a mão de ser otário! — Respondo no mesmo tom. — Quero saber onde está Millena, porque é tão difícil de me explicar?
Juca parece se enfezar, bate com muita força a xícara na bancada, que se quebra em vários pedaços e enche sua mão de caquinhos, espalhando café pra todo canto.
— Millena e eu, estamos infiltrados no meio de traficantes de menores! — Grita perdendo a paciência, suspira profundamente e se afasta levantando a mão, vendo alguns cacos fincados. Fazendo uma careta, Juca ergue a outra mão e vai retirando os cacos voltando a falar. Minha única reação é arregalar os olhos e fazer uma cara de nojo, por pensar em pequenas crianças sofrendo na mão de gente babaca e também por ver o sangue jorrar de sua mão. — Tem dois anos que estamos tentando pegar todo e qualquer tipo de pista. Mas não conseguimos reunir o nome de quem comanda, e de todos os envolvidos.
Encarando a mão do pertubado a minha frente, minha mente voa longe. Como assim tráfico de menores? Outro dia mesmo estava passando uma reportagem sobre este assunto, mas não prestei atenção. Tudo que vem na minha cabeça é, violação dos direitos humanos. Quem raios faz isso? Por que fazer umas imundices dessas? O que leva a pessoa a cometer uma barbaridade como essa? Meu sangue ferve só de imaginar, um parente meu, um filho... Emily! Ficaria louco da vida se minha irmãzinha fosse levada de nossas vidas.
— Nesse meio tempo, como pensam que fazemos parte da imundice. — Suspira profundamente e caminha até a pia e enfia a mão embaixo do jato de água, fazendo cara de dor. — Mandam nós dois para missões, incluindo pegar os menores no porto. -— Juca parece irritado e incomodado com esse assunto. — Hoje... É um dia desses... — Sussurra triste de repente.
— Porra! Isso já não basta para vocês prenderem esse povo? — Pergunto já descabelado de tanto passar a mão. Que assunto mais bizarro! Onde fui me meter?
— Não caralho! Se fosse possível, você não acha que já tinha me mandado? — Juca grita de novo e aperta a mão para conter o sangue. — Tanto eu quanto Millena, não aguentamos mais essa pressão. Isso é sufocante, quando escolhi minha profissão eu jurei cuidar e defender do interesse do meu povo, mas aqui eu sou impotente. — Ele começa a andar rumo ao banheiro e eu o sigo, estou chocado e com raiva dessa situação toda, imagina eles dois sozinhos nisso! Agora também estou envolvido e quero ajudar e abraçar a minha garota de qualquer forma. — Se tentarmos um flagrante no porto por exemplo, não dá! Justamente porque só vão quatro pessoas, eu e Milli, e Lazlo. Negar ir?, não tem como negar! Porque desde o começo, por puro e completo azar, fomos escalados pra isso. — Sentado na tampa da privada ele continua fazendo o curativo. — Chegar invadindo a central também não adianta. Nunca estão todos presentes, pegar provas naquele hospício é quase impossível!
— Entendi... — Murmuro escorando na porta e o observando. — Mas... Onde que Millena foi?
— Daqui a pouco ela chega. Deixa de ser grudento...
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Qual Caminho Devo Seguir?
RomanceSpin off_ Vinicius Vinicius Menezes cresceu, agora com 26 anos de idade, cursando a sua segunda faculdade e trabalhando na empresa da família junto com a irmã, é o adulto inteligente e responsável que sua mãe, Dália, sempre quis. Millena Silva tam...