Amor

216 9 5
                                    

Talvez fosse praticamente impossível encontrar uma gravata que satisfizesse todas as exigências de German. Ele não se considerava tão detalhista, mas aquela noite estava sendo diferente, só não sabia o porquê.

Optou por uma gravata borboleta preta, que acabou tornando seu terno ainda mais impecável. Também havia feito a barba, o que o deixara com uma aparência serena, que não era algo tão presente em seu rosto nos últimos anos.

– Você está demorando muito, German. Vamos logo! – Silvia gritou do outro lado da porta.

Invertendo um pouco os papéis, ela havia ido até a casa dele, e acabou tendo que esperar a boa vontade de German em decidir se realmente iria para a festa. Estava esperando há um bom tempo e sabia que o salão do Hospital já estaria praticamente lotado.

– Estou pronto. Desculpe pela demora. – Ele falou, saindo do quarto e dando de cara com o vestido longo e bastante decotado de sua melhor amiga. – Caramba!

Ela riu e mexeu em alguns fios do cabelo solto, balançando a cabeça em aprovação.

– Vamos ser o casal mais lindo e falso de todos, com certeza. – Ela ajeitou a gravata dele, apesar de não precisar.

– Por que falso? – Franziu o cenho, rindo.

– Porque eu não dou nem uma hora para eu estar com um dos enfermeiros e você com alguma médica. – Riram juntos dessa vez.

[...]

O salão do HCT estava o mais extravagante possível. Eram inúmeras mesas distribuídas ao redor do local, com luzes alternando entre tons escuros e claros. Todos os homens vestiam ternos, assim como todas as mulheres pareciam ter combinado para usar vestidos longos e vermelhos.

Enquanto a festa estava dividida em vários grupos de amigos, normalmente por nível de proximidade no Hospital, músicas antigas tocavam e faziam com que casais fossem para a pista de dança.

O ambiente estava muito agradável, e Silvia agradeceu por isso, uma vez que German não estava a pessoa mais sociável na noite.

– Por que você não chama a pediatra pra dançar? Ela é muito gente boa. – Falou, balançando a taça com vinho.

– Acho que vou fazer isso mesmo. – Levantou-se, fechando o terno.

– Você tá falando sério? – Silvia arregalou os olhos, colocando a taça sobre a mesa.

– Claro que estou. – Ele piscou para ela e sorriu, afastando-se.

– Então vai lá, garanhão! – Silvia também levantou, mas indo na direção contrária.

German respirou fundo e passou a mão pelo cabelo, arrumando o que não precisava ser arrumado. Aproximou-se da principal pediatra do HCT e sorriu ao perceber que ela retribuiu o olhar.

– Boa noite. – Sua voz saiu suave, e ele não soube onde arrumou toda aquela coragem, pois fazia um bom tempo que não falava com mulheres.

– Olá. – Ela respondeu simpática. – German Castillo, não é? Quase uma lenda por aqui.

– É um prazer. – Ele riu da forma como ela o definiu. – Se eu não me engano e se a idade ainda me permite lembrar, seu nome é Lizzy.

– Isso mesmo, e o prazer é todo meu. – Sorriu.

– O que acha de irmos em busca de bebidas? – Ele estendeu o braço para ela, que segurou e iniciou uma conversa longa e agradável com seu mais novo parceiro de festa.

It Must Have Been LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora