Desculpas Aceitas

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—eu queria que as coisas fossem diferentes.

—eu também queria meu amor.

Ly funga, ela me aperta com carinho.

—nunca vou deixar que as pessoas te machuquem mamãe, eu queria ter nascido da sua cor, é uma cor muito bonita, é perfeita.

—a sua também meu amor.

Ela me olha e toca a minha face, queria poder desmoronar agora, vê-la assim me arrasa, não pensei que nossa noite fosse terminar tão mal, achei que teríamos no mínimo uma noite agradável na casa dos pais do Benjamim, o pior foi ver a Ly tão decepcionada, ela chorou durante todo o percurso até aqui em casa, chegamos a alguns minutos e lhe dei um chá, agora ela está mais calma.

—eu queria ter nascido negra como você mamãe, assim, as pessoas não te olhariam desse jeito.

—meu amor não é sua culpa que tenha nascido branquinha como a neve.

—tem razão—ela fecha a cara—foi culpa daquele progenitor covarde, Benjamim idiota Hill!

Sinto vontade de rir, mas fico séria.

—Ly...

—ele não serve para nada, nem para nos defender, porque você não engravidou de um cara tipo o tio Thor? Negro, de família, que conserta carros? Eu teria nascido negra, e ele não teria te abandonado.

As vezes eu acho que essa menina não é minha filha, ela é muito mais bocuda que eu, mas então lembro da minha mãe, está nos meus genes, Ly não é da cor dela, se quer um fio de cabelo, mas quando me olha assim me lembra muito ela.

O som da campainha ecoa pela casa, Ly fica parada depois ela puxa os cobertores e se encolhe.

—é ele mamãe, fala que eu to dormindo.

—Maná—ouço o berro vindo do lado de fora—eu sei que estão acordadas, abre a porta por favor.

—que droga!—exclamo irritada.

—eu disse que ele viria ficar nos perturbando—resmunga Ly chateada—esse inútil.

—Lydsay!—falo em tom de aviso.

—ta, ta, me desculpe.

Me levanto, ouço o som da campainha duas vezes seguidas enquanto desço, nem deu tempo de me trocar, eu francamente não sei porque depois de tudo, Benjamim veio nos perturbar, já entendi o recado, os pais dele não gostam de gente negra, e eu sou negra, então, acho que é isso. Abro a porta, ele está diante de mim todo nervoso.

—ela está bem?—pergunta nervoso.

—ela está dormindo—respondo e cruzo os braços—você já pode ir embora.

—eu quero me desculpar com ela, com você, eu sinto muito...

—ta, ta—falo impaciente—está desculpado, você pode vir amanhã e conversar com a Ly.

—é que eu sei que vocês não jantaram, eu passei numa casa de massas e trouxe jantar para nós três—ele me olha com receio—sinto muito, de verdade, eu juro que eu pensei que você não ficaria para o jantar.

—te disse que a Ly não tem o hábito de ficar na casa de estranhos sem eu por perto—explico—porque não me disse que o seu pai não gosta de pessoas negras?

Big Love -  Amor Imenso - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora