Ana preparava as malas para voltar à cidade de Olhos D'água com sua mãe a fim de fazer a cirurgia. Elas sairiam após o almoço e chegariam a tarde no hospital para dar início ao processo de internação, no dia seguinte de manha seria realizado o procedimento.
Elas estavam ansiosas, sua tia Domingas também iria acompanhá-las. Tinham reservado um quarto de hotel próximo ao hospital para que pudessem revezar no acompanhamento pós cirúrgico. Caso tudo corresse bem o período de internação seria de três dias, depois da alta ficariam ainda mais dois dias no hotel para enfim retornar a vila de Bom Jesus.
Ana continuava com um grito de desespero preso na garganta, mas mantinha as aparências, na verdade todas elas estavam inseguras, mas era necessário que cada uma mantivesse esse sentimento escondido.
Quando Ana foi até o armazém despedir-se de Seu Simão encontrou-se com Roger no caminho enquanto voltava para casa:
- Oi Ana, você não atende minhas ligações. - Falou Roger com a mesma intimidade que tiveram na noite da festa em que ficaram juntos.
A última coisa que ela precisava naquele momento era dar explicações amorosas a alguém, porém achou que aquela conversa seria necessária antes de sair em viagem.
- Desculpa Roger, eu estou muito ocupada com a cirurgia da mãe. - Respondeu Ana com uma intimidade totalmente diferente daquela que ele estava esperando.
- Penso tanto em você, aquela noite significou tanto para mim.
Ele se referia à festa em que tinham ficado juntos.
- Também teve muito significado para mim, Roger. Não leve a mal minha ausência, mas não quero te dar falsas esperanças.
Roger era considerado um bom partido naquele vilarejo. Inclusive, era muito disputado pelas meninas que moravam lá, todavia quem morava em seu coração sempre foi Ana.
- Eu sei que podemos construir uma relação juntos. - Ele afirmou tentando convencê-la de que seriam felizes enquanto levava sua mão para segurar a dela.
- Eu acredito nisso sim. - Ela respondeu largando a mão dele. – Mas realmente preciso de um tempo.
- Posso ficar te esperando, então?
- Não atrase seus planos por minha causa, só isso que posso lhe dizer nesse momento.
- Eu soube que vocês iam viajar hoje e te trouxe isso para que você lembrasse de mim enquanto estiverem lá na cidade.
Roger lhe entregou uma sacola de papel vermelha com uma estampa na frente, nela estava guardado um ursinho de pelúcia pequeno com um coração vermelho bordado no peito. Ana abriu a sacola com cuidado, retirou o ursinho e acariciou:
- vou aceitar seu presente como um gesto de amizade. Sei que posso contar com você.
Ela deu-lhe um leve beijo no rosto demonstrando respeito e carinho por ele e depois foi para a sua casa providenciar os últimos detalhes da viagem.
Chegando a cidade de Olhos D'água elas deram uma rápida passada no hotel, largaram algumas malas e já se dirigiram ao hospital.
Aquele ambiente frio deixava Ana apavorada.
Enquanto, passavam pelos corredores para chegar à escada de acesso aos quartos particulares elas se deparavam com verdadeiras cenas de terror, pacientes mal acomodados, sem leitos e sem as mínimas condições de estarem ali. Ana comentava com sua tia sobre a espera de seis anos, em média, para conseguirem a cirurgia pelo sistema público e logo depois terem uma recuperação naquelas condições em que estavam vendo.
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A Última Prova de Fogo
Любовные романыAna é uma jovem do interior que ganhou uma causa judicial juntamente com os demais moradores da vila. Frente ao drama que vive com a saúde de sua mãe ela decide destinar o dinheiro da indenização para pagar o procedimento cirúrgico. O que Ana não i...