saudades de casa. saudades de seus braços.

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jimin se preparava para dormir. o corpo pouco dolorido, o coração aquecido pelos gritos das fãs e a mente satisfeita. era tudo o que tinha no final de um dia cheio, cheio de amor de fã, de passos incontáveis da coreografia, da garganta exausta por gritos e cantoria. não era de todo ruim, ele gostava disso.

os olhos pesaram e finalmente deitou-se. as luzes foram apagadas, agora só se ouvia a respiração gradativamente mais leve e as cortinas balançando pelo ar gelado de tóquio. mas a porta fez um chiado baixinho, quase que imperceptível se não fosse pelo ouvido aguçado de jimin.

alguns passinho curtos, praguejadas sussurradas e novamente o chiado da porta, e logo depois a maçaneta trancando-se. jimin ficou quieto. mais passos seguiram até a cama, logo sussurros e toques receosos nas costas de jimin. o alaranjado estava virado para janela, de costas para a porta e para a pessoa perto da cama.

— jimin hyung... — um sussurro e um suspiro. mas jimin virou para trás, cansado de fingir que não escutava o chamado do mais novo. sempre o escutara.

os olhos brilhantes, reluzentes á luz da lua; o cabelo natural sendo graciosamente balançado pelo vento que soprava por ali, encolhendo-se ao passo que ele entrava por debaixo do pijama de tema infantil que usava. jungkook parecia frágil. parecia delicado demais, gracioso. jimin pendeu a cabeça para o lado, não sabia se por confusão em vê-lo ali ou uma apreciação silenciosa.

— o que faz aqui? — perguntou tão baixinho quanto. ambos podiam falar mais alto, só que o clima parecia implorar para que somente sussurros e respirações fossem ouvidas.

jungkook mordeu a bochecha interior, desviando o olhar para o travesseiro que carregava debaixo do braço. se sentia bobo, parecia perder toda a coragem que teve ao sair de seu quarto se esgueirando pelo corredor do hotel para não ser pego. bem, já estava ali de qualquer forma e jimin não parecia incomodado por ser acordado. se estivesse, não estaria sorrindo daquele jeito adorável.

— sinto saudades de casa.

jimin sentiu uma dorzinha no coração. sabia o quanto deveria ser difícil pro mais novo sentir aquilo, ele mesmo sentiu muito quando teve de se afastar da família para torna-se trainee em seul. começavam uma carreira, a agenda se tornara apertada demais para uma visita á busan. jimin o entendia tão bem.

— venha aqui. — então ele virou-se completamente, chegando mais para trás e dando leves batidinhas no espaço em sua frente.

jungkook deixou o travesseiro embaixo da cabeça, vendo a porta de jimin. ele nem sabia a razão de ter deitado-se naquela posição, podia somente continuar encarando o rosto de jimin. mas tinha tanta vergonha. vergonha de ser rejeitado por alguém que gostava muito. jimin mordeu o lábio inferior, encarando a nuca de jungkook e o quanto ele parecia encolhido.

— jungkookie, está confortável? — sussurrou na orelha dele, se afastando em seguida. jimin tinha um sorrisinho, querendo alisar a orelha com todos os furos livres dos brincos que jungkook usualmente usava.

— posso me virar para você? — falou um pouco mais alto. jimin concordou e muito timidamente, jungkook ficou de frente para o corpo do mais velho.

os rostos pouco próximos, os olhos sendo atraídos como um imã. o clima estava bom, o frio que jimin sentia antes pareceu sumir quando jungkook deitou-se ali. eles não se tocavam, jimin sabia o quanto reservado o outro era e o respeitava. mas então jeon mordiscou o próprio lábio, chamando a atenção do mais velho. ele sorriu quando viu aquilo, sorriu um pouco animado demais. jimin gostou do sorriso dele, os dentes de jungkook eram ainda mais adoráveis de perto.

— você precisa de um abraço? — jimin falou como um segredo, esboçando um sorriso acolhedor demais para jungkook negar. não é como se ele fosse fazer isso, em hipótese nenhuma.

— eu preciso do seu abraço, hyung.

e jimin – mais feliz do que quando jungkook chamou-o pelo apelido pela primeira vez – o fez. passou um braço por cima do mais novo, o trazendo para mais perto e sentindo-o timidamente apoiar a cabeça em seu peito. depois de um tempo quietos, jungkook não pôde evitar rodear a cintura de jimin com seus bracinhos finos, enterrando mais ainda a cabeça no peito do outro e desejando ouvir o coração. talvez não sentir-se tão bobo se sentisse o coração de jimin igual ao seu, batendo fortemente como o seu.

aos poucos a tristeza foi preenchida pelo carinho de jimin. o peito se apertando num misto de alívio e saudade precipitada. porque jungkook sabia muito bem que a saudade de casa ainda estaria lá quando o sol surgisse e teria que agir como se nada estivesse acontecendo. como se o corpo não formigasse e o lembra-se ao recorrer dos dias dos braços de jimin o esquentando.

jimin era a casa aconchegante que sentia falta. era onde sentia calma, paz. era para a casa que fugia quando a pressão faltava pouco para lhe esmagar. onde voltava para recarregar a esperança. e jungkook sempre sentiria falta dela.

jimin era a casa de jungkook.

mas nunca saberia daquela grande importância porque jungkook nunca lhe diria.

nana, xoxo

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nana, xoxo

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