O Começo

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  Nunca havia imaginado que existiria um amor tão grande quanto o que senti por Alberto Ferreira na virada do ano de 1960, mas aconteceu.

  Passei o dia todo imaginando como iria fazer para me divertir na noite da virada, já que todos os anos sempre fazia a mesma coisa, jantava com meus pais e ia para confraternização do trabalho deles e quando dava duas horas íamos dormir. Queria algo novo, que me fizesse esquecer de toda a mesmice de minha vida. Patrícia, uma amiga de infância como todos os anos queria me arrastar para uma festa, desta vez resolvi aceitar, sair da rotina e fazer algo novo.

  Coloquei meu vestido mais sensual e fui para a casa de João, onde seria a festa naquele ano. 

  Quando cheguei notei que não conhecia quase ninguém, Patrícia colocou um copo na minha mão e sumiu dizendo que ia ao banheiro. Fiquei em um canto olhando para as pessoas ao redor e decidindo se tomava ou não o conteúdo em minha mão, estava me sentindo um peixe fora d'água então resolvi ir embora. Coloquei o copo que segurava na primeira prateleira que vi e me virei para ir embora mas logo fiquei paralisada com a visão que tive.

  Um homem moreno acabara de entrar com um sorriso de orelha a orelha comprimentando a todos, tinha um porte atlético e era muito mais alto que eu (não que precise de muito para isso). 

  Voltei de vagar para o canto em que estava e peguei o copo de volta sem notar, enquanto admirava aquele pecado que vinha em minha direção. Quando foi chegando perto ainda sorrindo, sorri de volta mas foi precoce demais, seu sorriso não era para mim, mas sim para a loira ao meu lado. Quando abri um buraco no chão para entrar dentro, deixei meu copo no mesmo lugar de antes e sai a passos largos. Vou em direção a Patrícia me despedir que está na varanda.

  - Pati, me desculpa mas já estou indo.

  - Qual é Maria!! Você nunca se diverte, fica mais um pouco. Faltam apenas meia hora para a contagem - diz ela me segurando pelos braços sorrindo - Pega, beba isto e encontre um cara gato para dar um beijo de boa sorte na virada! - termina me entregando outro copo.

  Sem pensar duas vezes, virei o copo todo em um gole que me arrependi no segundo seguinte pois desceu queimando. Logo comecei a me sentir meio zonza mas decidi aproveitar, provavelmente seria minha primeira e última festa assim. Fiquei conversando com Patrícia e um grupo de pessoas que se aproximaram, inclusive o moreno do sorriso encantador.

  - Quem é aquele? - perguntei no ouvido da minha amiga que me olhou sorrindo.

  - Ótimo escolha!!! - gritou.

  - Xiiii... Não precisa anunciar para a casa toda! - repreendi.

  - Aquele é Alberto Romano, o homem mais gostoso que você vai ver na vida! Solteiro e vou arrumar para você.

  - O que!? Não, foi só curiosidade... Não quer dizer que eu estava interessada ou coisa do tipo! - falei enfatizando com as mãos.

  - Alberto! - gritou Patrícia acenando na direção dele. Eu queria me enterrar viva, tentei me afastar mas ele chegou antes - esta é Maria Domingos e quer te beijar - sorriu maliciosamente saindo atrás de um loiro que passava.

  Não sabia se corria ou me escondia, de qualquer forma era tarde demais pois ele já estava me encarando.

  - Não é nada disso o que ela disse, apenas perguntei quem era porque não conhecia... Apesar que não conheço quase ninguém aqui... Mas não quer dizer que eu esteja interessada... Não entenda mal... Me desculpa mesmo... Ela...

  - Ei, calma - falou rindo e segurando em meus ombros "que mãos quentes".

  - Desculpa, é que quando fico com vergonha ou algo assim não consigo parar de falar.

Antigo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora