Não tenha medo da escuridão (2018)

3. A pior Noite de todas

Depois do acontecimento à frente do cemitério, beijei Harry, fui a caminhar sozinha até à igreja, quero muito falar com o Padre Luis, quero muito saber do que se trata aquela mulher, coloquei a mão no bolso para verificar se não tinha perdido o papel e ao tocá-lo com a ponta do dedo sorri ao verificar que ele ali permanecia.
Caminhei durante uns 15 minutos, quando finalmente olho para a minha frente e vejo então, a igreja.
Padre Luis era muito conhecido e um amigo muito apertado do meu pai, ele vinha aqui todos os dias, abri a porta gigante da igreja e ouvi o ranger da porta à medida que passava, já ouvia o eco, a paz que ali havia, era um lugar tão seguro para mim, sentia minha alma vazia, descansada e em paz, fui pelo tapete central enquanto olhava para os ladrilhos de ouro que estavam no tecto, aquela igreja era antiga mas muito bonita, não estava ninguém ali a não ser o padre Luis sentado à minha espera, sentei-me ao seu lado e cumprimentei-o:

-Padre Luis - disse muito feliz ao reencontrá-lo.

-Olá minha querida.. - riu enquanto me abraçava.

-Está tudo bem senhor padre? -dizia enquanto via uma linha negra à volta de seus pulsos.

Ele rapidamente os escondeu com a manga da sua camisa e preocupado olhou para mim:

-Nada, e tu? Está tudo bem lá em casa? E a tua mãe? -mudou rapidamente de assunto.

-Sim está tudo bem, Padre Luis - respondi simpáticamente.

-Então o que vindes cá fazer? -questionou rapidamente.

Tirei o papel do bolso e mostrei-o ao Padre Luis, ele olhou e olhou e confuso finalmente se dirigiu para mim:

-O que tem? -disse confuso.

-Veja, deixaram isso em baixo da minha secretária. -afirmei enquanto tremia.

-Deves ter deixado cair -disse, enquanto me entregava a folha.

Ao pegar na folha vi que não tinha nada lá escrito, nem tinha nenhum vestígio de sangue e nem a palavra "MEDO" escrito com unhas gigantes tal como aquele senhor tinha quando me tentara matar na banheira, ou sonho...
Será que estou mesmo a ficar maluca? Saí da Igreja a passos rápidos e fui para casa, não vou pedir mais ajuda a ninguém, se aquela mulher aparece comigo é porque só eu posso saber, então vou deixar todos para lá.
Estava a caminho de casa quando vi Johnny, o namorado da minha melhor amiga, foi então que decidi ir ter com ele, estava a beber cervejas com uns quantos rapazes à sua volta, puxei-o e fui falar atrás do café com ele.

-Mas o que é que tu queres? -dizia ele com um bafo tremendo de alcóol e gritava todo bebado e desorientado.

-Precisamos de falar, sobre a Diana -disse, enquanto lhe agarrava para ele não sair dali.

-Eu não quero saber dela! E tu... sabes? -questionou-me, e logo reparei que falava da gravidez.

-Sim sei, e pensa bem no que vais fazer, se a magoas bem podes ter a certeza que também vais sair magoado -ameaçei-o.

Ele empurra-me contra o chão e despeja o resto da garrafa em cima do cabelo, levantei-me e fui até casa até porque já estava a anoitecer.

Depois de uns 5 minutos cheguei finalmente a casa, fechei a porta devagar para a minha mãe não reparar que cheguei pois se ela me visse, pensaria que tinha bebido alcóol, e não quero mais maluquices, foi então que reparei que a casa estava toda escura, eu tenho medo do escuro, mas será que ninguém está em casa? Ou não tivemos dinheiro para pagar a luz? Isso quase acontecia todos os meses, ficamos sempre sem luz durante uns dias.
Foi então que reparei num intenso cheiro de velas, mas estranhei mais quando não via nenhuma, então se não eram para iluminar a casa para que eram? Fui para o meu quarto e peguei numa toalha e em roupas para tirar esse cheiro de mim, fui então até a casa de banho para tomar o meu banho antes de jantar quando reparei uma luz vinda debaixo da porta onde ficava o quarto da minha mãe, deixei as roupas e a toalha em cima da sanita e acendi a lanterna do meu telemóvel enquanto caminhava nas pontas dos pés até ao quarto da minha mãe, encostei devagar a orelha à porta espessa e velha de madeira e concentrei-me para ouvir algo.
Ouvira a minha mãe a rezar, porque ela estava a rezar? Nunca a tinha visto a rezar, e rezava em outra lingua, não sou boa em linguas, mas será latim? Ela falava muito rápido, foi então que ouvia os móveis do quarto dela a mexerem-se e um barulho muito forte vindo do quarto dela, tentei abrir a porta para a ajudar mas estava trancada, ela continuava a rezar, o barulho aumentava, havia ali uma energia muito forte, algo sobrenatural, foi então que me abaixei e espreitei pela fechadura, só via a parede de fundo e mais nada, foi então que houve silêncio absoluto, uma vela apagou e depois outra, ficou tudo numa completa escuridão, o silêncio tomava conta de mim, estava tudo muito estranho, aproximei ainda mais o olho para ver se via algo quando aparece na fechadura um olho a olhar para mim, um olho vermelho, saltei rapidamente para trás, ficando encostada na parede do corredor, estava um demónio no quarto da minha mãe, e olhara para mim, foi então que ouvi passos a andar em direção da porta, passos muito pessados, então ouvi um "clic", e a maçaneta da porta gira devagar, estava tudo escuro e a porta range, abrindo devagar, ficou totalmente aberta à minha frente, eu e uma complexa escuridão, estava com muito medo, a minha respiração foi a mil, não queria olhar, foi então que saiu a minha mãe de lá dentro e eu dei um grito muito forte e saltei para dentro da casa de banho trancando a porta, estava na escuridão, novamente, e deixara o telemóvel cair no corredor após levar esse susto todo, não era minha mãe, era alguém dentro dela, uma força sobrenatural que agora esmurrava a porta onde eu estava, tentava abrir mas não conseguia, ouvia as unhas grandes e fortes a ranger pela porta bem diante dos meus ouvidos, foi então que o barulho parou, olhava para o vazio da escuridão quando a luz piscou, e passado 5 segundos voltou a piscar, e voltou novamente, mas desta vez vi alguém na banheira, piscou novamente e desta vez estava em pé na banheira, piscou novamente e via uma mão a puxar a cortina que tapava a banheira, voltou a piscar e via a cortina a ser desviada por umas unhas horriveis, grandes e fortes, eram uma mão escura com sangue, foi então que parou de piscar, tapei os meus olhos e os meus ouvidos e 10 segundos depois ouvi uma voz bem no meu ouvido, uma voz de um homem, uma voz assustadora, ele estava a falar muito rápido e a dizer coisas em latim, gritava e gritava, foi então que ele me tocou, senti as unhas dele a cortarem-me a pele da perna enquanto continuava a susurrar contra o meu ouvido, então rapidamente a campainha toca e a luz da casa toda volta ao normal. O que se tinha passado? Estava com medo, olhara para o chão e verificava que estava coberto do meu sangue, ele fez uma cicatriz na minha perna, estava sem forças e não conseguia me levantar, fiz a maior força que pude e abri a porta da casa de banho, agarrada com força à maçaneta para não cair, a campainha toca novamente e eu dei um grito:

-Socorro!

Foi então que a porta da casa abre e essa pessoa entra, reparei que era Diana, ela chegou até mim e 2 segundos depois, desmaiei.

Acordei num hospital, minha perna estava cobrida a gesso e reparei que tinha uma cadeira de rodas ao meu lado, ou seja, eu não consigo andar, foi assim tão forte? Porque ele me quer matar? Porque a minha avó, o meu pai e a outra mulher secreta não me ajudaram desta vez? Onde está a minha mãe? E diana? Começei a chorar ao ver tantas perguntas na minha cabeça, foi então que entrou Diana e chorava até chegar a mim, abraçou-me e ficou ali agarrada a mim durante uns 5 minutos, até que ganhei coragem para falar:

-Tens que acreditar em mim, por favor, quem me fez isto foi algo sobrenatural, sei que parece estúpido mas eu tenho um dom e... -falava muito rápido quando Diana me interrompeu.

-Eu sei. Eu acredito em ti. -disse rapidamente enquanto chorava e tremia.

-O quê?! -disse muito confusa.

-Eu... também .. o vi. -dizia enquanto chorava

-Tu? -chorava enquanto ouvia

-Quando desmaiaste, eu peguei em ti e enquanto levava-te lá para fora para chamar uma ambulância vi algo assustador no quarto da tua mãe, nunca vi nada assim, foi a coisa mais assustadora que vi.

-Continua -dizia assustada.

-Vi um homem, com unhas super gigantes e um rosto horrivel, mas muito horrivel mesmo, vi-o.... a esganar o pescoço da tua mãe com as suas unhas e por uns segundos desaparecer. -chorava imenso.

-O quê!? Onde está a minha mãe? -chorava e gritava preocupada.

-Ela morreu para ele. -chorou.

As lágrimas vieram-me na cara e tomaram conta do meu corpo rapidamente com uma super tristeza, foi então que entra Harry e Diana sai rapidamente.

Ele abraça-me e beija-me enquanto eu lhe empurro rapidamente.

-Sai agora daqui! -gritei friamente.

-O quê? Mas o que te fiz amor? Eu amo-te Breh -dizia confuso.

-Sai! Agora! - chorava e gritava ardamente.

Ele sai rapidamente e eu adormeço, finalmente, queria acordar em casa, queria que fosse tudo um sonho, como que uma noite se pode tornar um pesadelo tão nu e cru? Agora só desejava nunca ter tido este dom....