Solving Problems

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O avião saía às onze. Tempo de viagem estimado: vinte horas e quatorze minutos; sem escalas. As passagens estavam na escrivaninha, junto com o passaporte. A mala já se encontrava arrumada ao lado da porta. Conferira diversas vezes o número do vôo, e até mesmo tinha decorado todo o código de barras das compras finais. A conta do hotel tinha sido fechada no mesmo dia, e nada mais prendia Michael aquela terra estranha. Finalmente poderia voltar para casa; já não aguentava mais a comida gordurosa, a língua enrolada, as reuniões chatas e entediantes, os negócios que pareciam nunca se resolver. Mas acima de tudo, não aguentava mais ficar longe de Luke.

Porém encontrava-se num dilema. Por um lado queria vê-lo, por outro as palavras lhe faltavam para saber como se desculpar com ele.

Nem sabia ao certo quais eram as desculpas que deveriam ser dadas. O mal entendido com Aleisha tinha desencadeado o pior de tudo, mas ter deixado de confessar muitas outras coisas, ou como o loiro mesmo havia dito, por contá-las apenas no último minuto, é que tinha se complicado.

Poderia começar por aí. Deixando-o saber de qualquer outro detalhe que quisesse saber. Sim, faria isso. Desculpar-se-ia pelas últimas falhas suas e diria a ele que responderia a qualquer outro assunto da curiosidade de Luke; chega de ficar de joguinhos ou com segredos. Se queria tê-lo de volta tinha de engolir o orgulho – por mais difícil que fosse.

Também teria de ser sincero e dizer-lhe com todas as palavras como se sentia em relação a ele, o que esperava e o mais complicado de admitir: o medo por trás disso. Nunca se apaixonara antes e a experiência lhe faltava ao lidar com situações desse tipo. E o receio da rejeição, da perda, de todas as partes negativas que acompanhavam a paixão o incomodavam, fazendo o lado irracional atropelar as ações quando se tratava de Luke. Mas mudaria isso tudo – tinha de mudar.

Quanto a Louis, bom, adoraria dar uns bons socos na cara dele, quebrar osso por osso, e mil outras torturas na qual podia imaginar. Mas iria se conter caso fosse preciso; ou até estar longe da visão de Luke, pelo menos.

Jogou-se na cama esticando os braços para os lados mirando o teto cor de salmão. As frases repetiam-se diante de seus olhos como se fossem projetadas na sua frente, e conforme as via as pálpebras caíam, sendo vencido pelo cansaço, depois de muito relutar. Dormira com o terno amassado e a gravata afrouxada no pescoço, esperando ansioso pela manhã do vôo, sonhando já com sua chegada.

– Michael logo estará de volta, não é mesmo? – indagou Ian finalizando os últimos detalhes do dia no computador do escritório.

– Sim, em poucas horas. – respondeu, parecendo pensativo.

– Algum problema senhor?

– Digamos que, tive pequenos atrasos com relação ao comportamento de Michael nas reuniões no exterior.

– Como assim?

– Das conversas trocadas com a junta do conselho, tive bastantes reclamações de sua conduta, ‘jovem’, mas nenhuma delas provou ser forte o suficiente para sugerir a ideia de substituição da presidência.

– Oh, então seus planos foram frustrados?

– Aleisha mostrou-se ser uma funcionária mais eficiente do que o necessário.

– Acha que ela pode ser uma ameaça?

– Ela já se tornou uma... No entanto não posso simplesmente ‘apagá-la’ da vida de Michael, os dois são muito amigos, traria muitas suspeitas.

– Como irá cuida dela então?

– Preciso encontrar um outro veículo de ação, algo que a deixe ocupada e fora do meu caminho...

Lucky Cat • Muke • LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora