Capítulo 21

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Boatos que vocês sentiram falta das narrações da Safi 🌚🙊
Haha Boa leitura, amores ♥️

Boatos que vocês sentiram falta das narrações da Safi 🌚🙊Haha Boa leitura, amores ♥️

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(Safira)

Horas depois

Depois do culto, viemos todos para um restaurante. Aqui estão a minha família, meus amigos e algumas pessoas da igreja. Todos sentados à longa mesa, à espera do jantar.

Pairo meus olhos sobre todos, até que paro em um rapaz. Está vestindo um casaco marrom e uma calça jeans azul; cabelos lisos e castanhos, pele branca e barba baixa. Está ao lado da Samantha. Há semanas esse rapaz me chama atenção.

Enquanto todos não deixam de se aproximar de mim e me fazer perguntas, ele fica sempre distante. Nunca conversamos, mas desde que acordei sem memória, costumo reparar muito nos detalhes das pessoas. Forço minha mente ao máximo para que consiga lembrar de algum gesto, alguma voz, alguma frase.

Atentando a esses detalhes, já lembrei de bastante coisa do meu passado. Não de cenas, especificamente, mas é uma espécie de convicção, de certeza sobre algo ou alguém. Como, por exemplo, sei que o Ítalo é o meu melhor amigo desde que nasci. Não lembrei de nenhum episódio com ele, até agora, mas eu sei que fomos melhores amigos. Sei, assim como um mais um é dois, e ninguém precisou me dizer isso.

É gostoso estar perto dele. É divertido e até mesmo relaxante, apesar de que às vezes eu penso que fomos mais que amigos. Talvez pela forma que me trata ou pelo jeito que me olha. Não sei se é uma intuição, mas há alguma coisa nele relacionada ao tempo. Porque eu sei que esteve no meu passado, sei que está no meu presente e sei que vai estar também no meu futuro. De uma forma ou de outra.

Mas voltando a falar sobre a minha memória... Algumas coisas eu não compreendo, como, semana passada, Sarah pegou um dos meus cadernos do ensino médio e me deu uma função exponencial para responder. Quando olhei para ela, foi como se eu sempre soubesse respondê-la. Eu não pensei, não forcei minha memória. Apenas resolvi. E, ao final, o resultado estava mesmo certo. Essas convicções me fazem confiar mais nos meus próprios sentidos e não somente no que os outros contam sobre mim.

Acredito que, de pouco em pouco, eu esteja me redescobrindo. Nas primeiras semanas depois do coma, tudo que eu queria era voltar a ser a Safira de antes, entretanto, agora que tenho tantas certezas sobre mim, tenho medo de me encontrar e não gostar de quem fui no passado. Em meu atual estado, o que mais quero é continuar sendo alguém a partir de quem sou hoje, com as certezas que possuo. É como reconstruir uma estátua a partir dos seus destroços: você tem material para reerguê-la, mas ela nunca mais será como antes.

E eu não quero ser como antes. Quero ser quem estou sendo agora. Por mais que isso signifique nunca recuperar o meu passado.

Percebo que já estou encarando o Leo há muito tempo e ele acaba por olhar para mim de volta, o que me faz mudar a direção do rosto. Olho para os fundos do restaurante, onde encontro um pequeno parquinho. Peço licença à minha mãe e me levanto, caminhando até lá e pensando no Leo. Sei que há algo nesse rapaz que eu preciso descobrir. Algo nele me chama atenção, e eu não sei dizer o que é. Algo ligado a mim. Eu tento disfarçar, mas sempre que ele está por perto eu reparo. No seu jeito de falar, de andar, de sorrir.

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