6;; bom caráter ;;6

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mth;; a última pétala,
caiu
e eu também

-

Quando Matthew entrou na sala, sua primeira reação foi dar um pequeno pulo devido ao susto que levou.

Tinha uma garota andando de um lado para o outro na sala, só parando quando suas mãos alcançavam a parede e de lá pegando impulso e se voltando para o outro canto da sala, contando alguma coisa em voz baixa.

Matthew a observou por alguns minutos, vendo-a repetir o mesmo ritual cinco vezes, até que ela abaixou os braços e andou até a parede, parando um passo antes de encostar na mesma. E ela sorriu. Kim viu um sorriso branco e grande surgir na face de expressões delicadas; foi como ver uma flor desabrochar- uma flor grande, rara e bela desabrochando em meio a folhas alaranjadas de outono.

–Consegui! – ela murmurou, esticando levemente o braço e sentindo as pontas dos dedos tocarem a parede, ela sorriu novamente.

Matthew estava espantado, não mais pela presença inesperada, mas sim pelo fato de ela ser toda sorrisos, sorrindo por coisas simples como: não bater de cara na parede e ouvir seus amigos falando.

A garota dos sorrisos fáceis trajava uma blusa branca, grande demais para sua estatura, e um shorts preto com vermelho nas costuras; a parte da frente da blusa estava um pouco pra dento do shorts e ela parecia meio desengonçada, como uma criança. Mas o mais curioso era que ela estava descalça, sem ao menos meias para ajudar no deslizamento ou proteger os pés do frio.

Ele a observou virar o corpo, com a palma da mão ainda apoiada na parede, e suspirar antes de andar em sua direção, para a porta da sala.

Os olhos estavam, inutilmente, fechados e da boca saiam pequenos murmúrios; após alguns passos ela tirou a mão da parede branca e gelada, endireitando a postura e abrindo os olhos.

Por mais que Matthew não nutrisse empatia pela garota, algo naqueles olhos lhe deixava curioso; eles eram de um azul meio morto, de uma cor fosca, como se a vida tivesse se esvaído deles. Quando podia olhar para os glóbulos oculares por alguns minutos, o rapaz sentia como se deslizasse por um lago completamente congelado, com medo de a superfície rachar a qualquer momento, porém uma adrenalina sem razão lhe forçava e incentivava a continuar; então, quando estava confiante, ele realmente observava o lago e via sua sombra no fundo imóvel e a luz do sol atravessando as partículas e gelo, penetrando até o fundo. Parece que mesmo naquele azul fosco, havia vida  energia- algo que lhe puxava para frente.

Foram necessários somente alguns pouco passos (nos quais os olhos gélidos se movimentavam sem rumo) para que ela esbarrasse em Matthew. De início Jiwoo pareceu chocada, ainda faltavam pelos menos 3 passos, segundo sua contagem. Será que havia contado errado? Não, não era possível. Ele fez aquele mesmo caminho, de um lado do cômodo até o outro, várias e várias vezes.

Ela esticou o braço e sentiu o abdômen de um homem, um abdômen bem definido, então baixou a mão, deixando uma lufada de ar espaçar de uma vez só, surpresa.

–Quem é você?– perguntou, já que era impossibilitada de ver o ser a sua frente.

–O que você está fazendo aqui?– Matthew respondeu rispidamente, sabendo que só era necessário que falasse- ela reconheceria sua voz, afinal.

–O que parece que estou fazendo? Tomando sorvete?– retribuiu a grosseria, se afastando alguns passos do homem.

–Não é todo dia que eu entro na minha sala e encontro uma garota andando de um lado 'pro outro como uma louca.– Kim disse, retirando os sapatos e deixando a mochila da universidade de lado, cruzando os braços enquanto observava Jiwoo bufar frustada.

blind dancer [bwoo/taeso]Onde histórias criam vida. Descubra agora