A Queda E O Voo

Era uma vez um passarinho que amava muito voar acompanhando o vento... Fora assim que aprendera a voar, e aquilo para ele tornara-se extasiante! Fazia-lhe a vida fluir em seu coração com paixão e liberdade...

Gostava de pousar entre flores de vez em quando, mas voar era sempre preciso! E era de fato aquele vento o que impulsionava seus voos... E assim ele era realmente feliz, ainda que nem todos os outros pássaros pudessem compreender porquê...

Um belo dia o vento tornou-se uma duvidosa ventania... Porém ainda assim o pássaro ousou voar com ele o mais alto como nunca antes havia tentado... Aquela era uma emoção nova a ser experimentada, ainda mais extasiante!

No entanto voar daquele modo era no mínimo arriscado... A ventania logo foi forte demais, e o passarinho então foi terrivelmente derrubado ao chão... Pela força do mesmo vento que tanto amava! E que antes, mais brando, tanto o impulsionava...

Depois de ser pego de surpresa daquele jeito, tristemente pensou: "Vou aprender a caminhar... A terra, com as flores é mais segura... Nunca mais quero voar com o vento de novo! Odeio o vento!" E assim ele foi viver na terra, entre as flores cuja beleza e aroma muito lhe agradavam...

A princípio sentiu-se satisfeito e alegre... Também lhe era algo por demais cativante... Contudo logo sentiu que algo mais lhe faltava! Apesar de a companhia das flores lhe ser magnífica, e aconchegante ao mesmo tempo... Não as abandonaria, e sempre lhes seria grato! Pois também já as amava...

...Contudo em seu pequeno coração logo lhe parecia faltar um pedaço! Era como se lhe faltasse uma parte necessária de si mesmo... Olhava para o horizonte além das flores e o achava um tanto vazio... Então, tão logo a asa quebrada estava ainda sarando, a dor da queda ainda se fazia sentir presente na lembrança...

Entretanto o passarinho confessou a si mesmo: "Preciso do vento! Preciso voar livre... E para isso, é preciso senti-lo em meu peito! Voando sem isso não respiro!"

...E ao primeiro sinal de uma brisa reconfortante, sentiu que seu amado vento rapidamente o chamava, e ousou voar novamente... Desta vez com mais prudência, entretanto sentindo de novo em suas singelas asas o seu adorado vento...

E em seu peito aquela paixão e liberdade que completava sua existência!... Aquilo sem o qual já não mais sabia viver... Porque, por mais etéreo que fosse sentir aquele vento sempre consigo, era o que fazia aquele passarinho voar feliz...

Então dias depois, algumas reflexões... O final pode ser ainda mais feliz do que parece...

O tempo passa e o passarinho enfim descobre que FAZER-SE feliz é o que de fato importa, e que para isso de nada vale prender-se radicalmente à somente UMA possibilidade, quando o seu mundo lhe oferece tantas e tantas outras tão diversas...

Então pode não importar muito sentir nas asas e no peito somente a força do vento... Mas também a leveza e aroma envolvente das flores, o calor dos raios do sol, o brilho cativante do luar, o frescor das gotas de chuva numa garoa, o frio cativante do Inverno...

...O importante acima de tudo isso é com certeza a LIBERDADE DE PODER VOAR!

Notas finais

MORAL: Apesar das quedas da vida seja sempre fiel aos seus instintos... Mas considere sempre as muitas POSSIBILIDADES!