Na festa conheceu um garoto alto, magro e coberto de tatuagens, tinha 20 anos e era encantador com seus cabelos negros, olhos castanhos meio esverdeado e um sorriso único. Conversaram por horas acompanhados de muita bebida. Nem viram o tempo passar. Falaram dos seus desejos mais insanos, e que fariam qualquer coisa, por mais maluca que fosse, só para realiza-los. Identificaram-se e queriam viver ao menos uma aventura juntos.
Ele a queria levar para um hotel, mas ela disse que só iria se fosse com o carro dela e como o motor estava estragado, ele se ofereceu para concertar. Victtória se despediu das pessoas que conhecerá e prometeu deixar noticias pela estrada se caso quisessem saber como ela estava.
Victtória nunca havia se sentido tão viva como naqueles dias, e estava se virando bem para uma fugitiva iniciante. Ela sentou-se no banco carona, pois ainda não sabia dirigir, mas como tinha facilidade em aprender o garoto que conhecera na festa Albert disse que lhe ensinaria. Hospedaram-se no quarto para casal em um hotel por três dias. Como estavam muito cansados e com dores de cabeça, deitaram-se na cama e pegaram no sono rapidamente.
Victtória acorda e Albert não estava ao seu lado. No travesseiro onde ele dormiu havia uma flor vermelha. Ela se levanta e vai até a janela. Olha para baixo e avista-o sem camisa, coberto por graxa. Ela da um sorriso bobo, ele olha pra cima e pede para ela descer. Seu fusca já estava concertado, e ela estava muito entusiasmada em saber como era a sensação de controlar um automóvel. Depois de muitas risadas e de quase baterem em carros e postes, ela finalmente aprende.
Pela primeira vez ao dirigir, sentiu o vento entrando pela janela e passando por seu rosto. As árvores pareciam pinturas abstratas se movimentando rapidamente. O asfalto preto parecendo o céu à noite, e a listra amarela que divide os lados, como o sol quando amanhece. Era como se o volante fosse uma roleta onde ela estivesse controlando o tempo, e as transições dos dias passavam a cada placa que avistava na estada.
Ela acelera seu fusca, e leva-os para um lugar completamente isolado. Longe da estrada. Era um terreno baldio, onde além de grama, tinha uma cerca de arame que da entrada a uma chácara. Sairam do carro, e escoraram-se em frente ao capô. Estavam eufóricos por conta da adrenalina. E ao vê-la sorri, ela a agarra e a beija. Estava quase anoitecendo. Mas o calor que estavam sentido, trazia luz ao redor. Ele a deita na grama cariosamente e aos poucos vai tirando sua roupa. Ela se aproxima e conta que nunca havia feito aquilo antes, e ele sorri. Com as estrelas observando, ela tem o momento mais mágico de sua vida.
Albert estava completamente apaixonado pela garota aventureira que conheceu em menos de uma semana. Ela era engraçada, diferente de todas as que já havia se relacionado, sem contar que ela não era uma garota com frescuras e medos, ela adorava se arriscar e não tinha medo do perigo.
Aquela semana em que a Victtória passara fora de casa à fez mudar algumas coisas de sua personalidade. Por alguns momentos até achava estranho poder fazer o que quisesse sem ninguém se importar ou criticar, até gostava de debates e ouvir opiniões, mas nada se compara com cada um cuidando de sua própria vida.
Passado os três dias no hotel Victtória decide seguir seu caminho, e longe de Albert. Por mais que sentisse um carinho enorme por ele, tinha a certeza que não daria certo, toda aquela ficção que estava acontecendo em seus dias uma hora ia acabar, e Albert talvez nem a entendesse, como era o comum de todos não entende-la.
Despediu-se de Albert, dizendo que ele não conseguiria lhe acompanhar, não só na vida, mas como também em seus pensamentos, o que mais a importava. Por mais que ela sempre sonhara em ter um romance como aquele que vivenciou em alguns dias, parecia não ser tão importante como o que queria naquele momento. Nem ela mesmo se entendia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Utopia ou Suícidio
AventuraA história não começa, e nunca acaba. Precisamos morrer todos os dias, para ser possível renascer. A real utopia é entre o nascimento e a morte. E o suicídio verdadeiro, é entre o adormecer e o acordar. Victória é uma garota insatisfeita com sua vi...