observation game

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As vezes, olhar para Jimin era como encarar uma equação matemática de quarto grau: confuso e cheio de incógnitas.

Eu me pegava imaginando se poderia puxar para fora de seu crânio os miolos de pensamentos e desenrolar tudo, para simplificar um pouco esse trabalho que é decifrá-lo. Mesmo assim, tenho a impressão de que, de dentro da cabeça dele, se soltariam formas desconexas e palavras em línguas distintas — tipo latim e russo.

Park Jimin era, no fim das contas, incompreensível.

Não havia lógica alguma para as curvas acentuadas de seu corpo, que se estendiam desde as coxas bem marcadas até os lábios rosados e fartos.

Sociólogo nenhum conseguiria explicar o modo que Jimin age perante a sociedade, simplesmente porque é fascinante demais. Tentar observá-lo para tirar alguma conclusão plausível não é tão simples, porque é fácil demais se perder nos encantos e na leveza do menor. Acredite, falo por experiência própria.

Médico nenhum consegue explicar esse maldito furacão que mora no meu estômago quando ele passa e trás seu aroma doce consigo. Nem a tremedera repentina, o suor das palmas das mãos e o modo que minhas pernas viram gelatina.

Jimin consegue fazer isso apenas com seu caminhar ou com o simples Bom dia! que ele solta quando entra na sala de aula.

Me derrete inteiro, dos pés à cabeça, como se eu fosse um picolé jogado no asfalto e ele o sol escaldante do verão.

Jimin arranca de mim, um cético, súplicas e mais súplicas. Faz com que eu me torne incoerente, mal calculado e fique completamente a sua mercê.

Esse texto não basta porque palavras não bastam.

Nada é páreo para ele.

JIMINOnde histórias criam vida. Descubra agora