1. Pensamentos e palavras

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**Naruto POV**

Acho que eu finalmente consegui. E se não consegui, já posso relaxar mesmo assim. Porque agora é claro que eu fiz jus à expressão "morrer tentando". Se eu falhei mais uma vez, essa é a hora de abraçar meu fim, já posso sentir ele chegando - e só posso sentir isso e as emoções que transbordam de mim nesse momento, porque de sensações físicas não tenho nenhuma. Eu estou vendo que, assim como ele, perdi meio braço - a que ponto chegamos, hein - mas sequer consigo sentir a dor que deveria pela mutilação. Mas, seja como for, valeu a pena.

É, eu sinto que agora eu consegui alcança-lo. Talvez tenha sido por tudo que descobrimos nesta guerra, talvez isso tenha mudado tudo, é... talvez...

Hahahaha

A quem eu quero enganar. Esse papel de moleque burro e abobalhado não combina mais comigo. Agora eu vejo perfeitamente que eu nunca precisei correr atrás dele... Ele sempre esteve ao meu alcance e por isso, só por isso, fugia tanto de mim. Mas eu também fugi. Fugi daqueles sentimentos, escondi eles sob o pretexto de companheirismo, amizade, promessas, nindo... Ah, como me arrependo.

Toda vez que eu corria a cada notícia do paradeiro dele eu ia decidido a trazê-lo de volta. Era a mais pura verdade! Na verdade aqueles não eram só pretextos, eram realidades, eu valorizava as promessas que tinha feito, eu valorizava o nosso companheirismo, mas não era só isso que me empurrava em sua direção. Ah, não mesmo. E eu nem estou falando dessa coisa de outras vidas, almas gêmeas e esse papo difícil que nós descobrimos agora, não é só isso também... Talvez isso seja a causa de tudo, mas naqueles momentos a coisa não era tão complexa. Era óbvia. Visível. Palpável. Mas nada simples. No fundo eu sabia e eu queria falar, queria gritar a verdade, era torturante segurar logo isso, logo o que de mais intenso eu tinha dentro de mim. Eu nunca fui bom em esconder nada, imagina o esforço que eu fazia pra tentar esconder isso. Só escondendo de mim mesmo era possível. Mas era só saber qualquer coisa dele que eu corria e era só vê-lo que todo esse esconde-esconde cruel que eu fazia comigo mesmo acabava.

Mas tinha o orgulho, a rivalidade... Ele é que estava fugindo, não devia ser responsabilidade minha ter que confessar, ele é que tinha que consertar as coisas 'ttebayo! Mas ele não parecia disposto a isso... Pior, também nunca me dava uma abertura sequer pra que eu confessasse. Porque eu nunca admitiria isso pra ninguém mas a verdade era que se eu visse nos olhos dele a mínima correspondência, uma brecha que fosse, meu orgulho não seria nada e eu acabaria extravasando.

As vezes eu achava que ele queria que eu dissesse. Porque todas as vezes que chegávamos naquela situação ele dizia que queria me matar, mas sempre parecia se segurar, sempre parecia hesitar, sempre insistia em perguntar... E eu sabia o que tinha que dizer, sabia que era o que ele esperava ouvir. Eu posso ser burro pra um monte de coisas, mas eu consigo entender pessoas e sentimentos, então eu sabia. E toda vez que ele perguntava eu sentia tudo isso e meu coração falhava uma batida em resposta.

- Por que? Por que não me deixa ir? Por que não desiste?

Não importa as palavras que ele usasse, eu sentia sempre a mesma intenção. Sentia, mas não via. Porque o olhar dele permanecia frio, isso quando ele chegava a me olhar. Sentia, mas tinha medo. E meu medo levava à insegurança. E a insegurança me fazia fraquejar na minha vontade de dizer a verdade. E, kuso, se tem uma coisa que eu não suporto é me sentir fraco. Ainda mais diante dele, meu rival desde sempre. Daí vinha a raiva. A raiva por ele colocar essa pressão em mim, por ele me cobrar pela solução quando ele é que estava ferrando tudo. E eu suspirava, em dúvida, e olhava pra ele em busca de algum sinal, e me deparava com sua indiferença. Aí a raiva tomava conta e eu.. mesmo sabendo, lá no fundo, que se quisesse mesmo tê-lo de volta era só dizer a verdade... eu não dizia.

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