Parei na calçada para entrar, e dei de cara com a Jhen, com cara de poucos amigos.
Cacete, esqueci da porra do cinema.
Estacionei, e desci. Andei até ela, e só de olhar, já vi que ela estava muito puta da vida.
— Foi mal, Jhen... Perdi hora legal, né?—Cocei a cabeça — Mas ainda dá para a gente ir, só vou tomar um banho e...
— Esquece Rick, acha que vão deixar você sair? Faz meia hora que estou ouvindo seus pais gritarem que você perdeu o inglês, e roubou o carro do seu pai, de novo! — ela cruzou os braços fazendo a carinha de emburrada que eu amava.
A abracei. —Ainda não entrei, se aceitar sair comigo nessa catinga, a gente vai agora, antes de eles me pegarem – eu ri dando um beijinho em seu pescoço. — Vai, por favor. – fiz minha melhor cara de gato de botas. — Jhen... Vamo?
Ela me deu um sorrisinho emburrado — Que droga! Não consigo falar não para você, Rick.
Sorri, apertando ela em mim, lhe dei um beijo e peguei sua mão para correr para fora. Sair de carro de novo estava fora de questão, ou eu correria um sério risco do meu pai mandar a policia me buscar.
Pegamos um táxi e fomos para o shopping, depois de umas voltas, nos sentamos na praça de alimentação. Estava tão animado, contei para ela sobre a moto nova e os equipamentos que tinha comprado... Falei do teste, e ela não ficou muito satisfeita, eu sabia que ela também detestava a ideia. Rick competindo, significava menos tempo para ela. Mas nem a pau que eu ia deixar aquele teste passar. Talvez fosse ele que resolveria os problemas da minha casa.
— Você não acha que eles te influenciam? – Ela falou séria, enquanto eu enchia a boca de sorvete.
— Como assim, me influenciam? Acha que eles me obrigam a gostar disso?
— Não Rick, o que eu quero dizer é que você passa tempo demais com eles, e vê a equipe deles ganhando tudo, parece que você se vê obrigado a continuar... Sei lá, é meio doentio.
Cerrei os olhos para ela. Não, por favor, não seja outra Carol na minha vida.
— Jhen, eu até entendo que você sinta ciúmes da minha relação com eles, mas aí você já está pegando pesado né? – eu ri.
— Jura? Rick, você segue a filosofia daqueles dois a risca, tão a risca, que já namoramos há um ano e não passamos dos beijos e amassos inocentes. Tudo porque todo mundo da sua família diz que você corre o risco de virar um puto com o seu padrinho.
Eu ri. — É esse seu problema Jhen? Sério mesmo? — a encarei — Quem aqui é influenciável? Eu que curto um esporte e um universo que cresci conhecendo, e seria meio impossível não amar, ou você que está se doendo porque todas as suas amigas vadias já deram para meia escola, e você não?
Ela fechou a cara. — Não é isso...
Cruzei os braços na mesa olhando para ela — É o que então? – sorri para ela, e vi suas bochechas ficando vermelhas, com as sardinhas quase sumindo. Ela era mesmo muito linda, a mais linda da escola desde que seus dentes permanentes cresceram. Mas mesmo banguela, ela ainda era linda...
— Eu quero mais, Rick. – ela sussurrou. — Mais do que eu tenho agora com você.
Estiquei meu braço para pegar sua mão. — Você vai ter Jhen. Nós vamos, mas será que você pode me dar um tempinho?
— Mais tempo, Rick? Eu não sei o que você quer...
Soltei a mão dela, e puxei sua cadeira para o meu lado — Jhen. Eu amo você, é sério, já te disse isso. Mas de verdade, não me sinto preparado para isso. E não quero fazer merda.
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Fora das trilhas (Degustação)
Roman pour AdolescentsRicardo Vasconcelos é um adolescente de 15 anos, que apesar de alguns deslizes, tenta ser responsável, e da melhor forma, não desapontar seus pais e seus padrinhos. Ele cresceu viajando por eventos off Road pelo Brasil, e despertou desde pequeno um...