2 Ultimato

502 46 296
                                    

Parei na calçada para entrar, e dei de cara com a Jhen, com cara de poucos amigos.

Cacete, esqueci da porra do cinema.

Estacionei, e desci. Andei até ela, e só de olhar, já vi que ela estava muito puta da vida.

— Foi mal, Jhen... Perdi hora legal, né?—Cocei a cabeça — Mas ainda dá para a gente ir, só vou tomar um banho e...

— Esquece Rick, acha que vão deixar você sair? Faz meia hora que estou ouvindo seus pais gritarem que você perdeu o inglês, e roubou o carro do seu pai, de novo! — ela cruzou os braços fazendo a carinha de emburrada que eu amava.

A abracei. —Ainda não entrei, se aceitar sair comigo nessa catinga, a gente vai agora, antes de eles me pegarem – eu ri dando um beijinho em seu pescoço. — Vai, por favor. – fiz minha melhor cara de gato de botas. — Jhen... Vamo?

Ela me deu um sorrisinho emburrado — Que droga! Não consigo falar não para você, Rick.

Sorri, apertando ela em mim, lhe dei um beijo e peguei sua mão para correr para fora. Sair de carro de novo estava fora de questão, ou eu correria um sério risco do meu pai mandar a policia me buscar.

Pegamos um táxi e fomos para o shopping, depois de umas voltas, nos sentamos na praça de alimentação. Estava tão animado, contei para ela sobre a moto nova e os equipamentos que tinha comprado... Falei do teste, e ela não ficou muito satisfeita, eu sabia que ela também detestava a ideia. Rick competindo, significava menos tempo para ela. Mas nem a pau que eu ia deixar aquele teste passar. Talvez fosse ele que resolveria os problemas da minha casa.

— Você não acha que eles te influenciam? – Ela falou séria, enquanto eu enchia a boca de sorvete.

— Como assim, me influenciam? Acha que eles me obrigam a gostar disso?

— Não Rick, o que eu quero dizer é que você passa tempo demais com eles, e vê a equipe deles ganhando tudo, parece que você se vê obrigado a continuar... Sei lá, é meio doentio.

Cerrei os olhos para ela. Não, por favor, não seja outra Carol na minha vida.

— Jhen, eu até entendo que você sinta ciúmes da minha relação com eles, mas aí você já está pegando pesado né? – eu ri.

— Jura? Rick, você segue a filosofia daqueles dois a risca, tão a risca, que já namoramos há um ano e não passamos dos beijos e amassos inocentes. Tudo porque todo mundo da sua família diz que você corre o risco de virar um puto com o seu padrinho.

Eu ri. — É esse seu problema Jhen? Sério mesmo? — a encarei — Quem aqui é influenciável? Eu que curto um esporte e um universo que cresci conhecendo, e seria meio impossível não amar, ou você que está se doendo porque todas as suas amigas vadias já deram para meia escola, e você não?

Ela fechou a cara. — Não é isso...

Cruzei os braços na mesa olhando para ela — É o que então? – sorri para ela, e vi suas bochechas ficando vermelhas, com as sardinhas quase sumindo. Ela era mesmo muito linda, a mais linda da escola desde que seus dentes permanentes cresceram. Mas mesmo banguela, ela ainda era linda...

— Eu quero mais, Rick. – ela sussurrou. — Mais do que eu tenho agora com você.

Estiquei meu braço para pegar sua mão. — Você vai ter Jhen. Nós vamos, mas será que você pode me dar um tempinho?

— Mais tempo, Rick? Eu não sei o que você quer...

Soltei a mão dela, e puxei sua cadeira para o meu lado — Jhen. Eu amo você, é sério, já te disse isso. Mas de verdade, não me sinto preparado para isso. E não quero fazer merda.

Fora das trilhas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora