Last Chance - Repostando

Capítulo 6: Hospital

O desespero tomou conta do olhar de Yuri quando ele direcionou sua atenção para as pernas de seu cunhado, sua garganta seca e o coração acelerado ao testemunhar a calça do japonês manchada por um líquido escuro. Uma onda de pavor percorreu sua espinha enquanto Yuuri soltava um grito de dor, ecoando pelos corredores do local. Nesse momento crucial, Yuri sentiu uma urgência avassaladora, um chamado instintivo para a ação.

Mesmo com as emoções à flor da pele, Yuri reconheceu que não poderia se dar ao luxo de ser apenas o cunhado preocupado naquela situação. A responsabilidade de ser o obstetra tomou conta dele, como se uma mudança instantânea tivesse ocorrido em sua percepção. As circunstâncias exigiam não apenas um parente, mas alguém capaz de lidar com emergências obstétricas.

Num instante, ele se viu assumindo um papel que ia além dos laços familiares. A preocupação transformou-se em determinação, e Yuri, apesar das emoções tumultuadas, focou-se em coordenar os próximos passos. Ciente da necessidade de agir rapidamente para garantir o bem-estar de Yuuri e do bebê, ele dirigiu suas instruções, buscando o auxílio imediato de Jean e Victor para transportar Yuuri até o carro.

Neste cenário crítico, Yuri se viu mergulhando em um estado de alerta obstétrico, pronto para enfrentar qualquer desafio que surgisse. A dualidade de emoções – o medo e a determinação – coexistia enquanto ele assumia o papel crucial naquele momento de urgência. O caminho adiante tornara-se uma jornada tumultuada, exigindo dele ação rápida e decisiva para assegurar a saúde e o bem-estar de Yuuri e do precioso bebê que esperavam.

— Jean, levanta ele agora e leva para o carro. — Victor olhou desesperado para Yuri, que apontou para ele. — Ligue para o médico do Yuuri e avise para ele nos esperar com uma maca.

— Yuri, o que está acontecendo? — Mila segurou o braço de Yuri, seus olhos refletindo o pânico. A situação era diferente quando envolvia alguém que amávamos.

— Ele precisa de uma ultrassom e medir a frequência cardíaca do bebê. — Jean levantou o ômega moreno no colo, que chorava desesperadamente, seguindo em direção à porta. Yuri virou-se para Mila, segurando seu ombro. — Eu acho que ele deve estar tendo algum deslocamento de placenta, isso explica a complicação para dormir, a dor e agora a perda de sangue.

Victor largou o telefone e se aproximou de Yuri.

— Precisamos ir agora, o doutor Georgi já está esperando.

Enquanto caminhavam apressados em direção ao carro, o peso do momento pairava no ar como uma nuvem carregada de emoções. Yuri ocupou o banco da frente ao lado de Jean, mantendo-se tenso, enquanto Victor seguiu para o banco traseiro, com Yuuri cuidadosamente em seu colo. O ambiente no carro era tenso, com a preocupação e o nervosismo palpitando no ar.

Jean acelerou em direção ao hospital, a ansiedade refletida em suas mãos firmes no volante. O caminho parecia interminável, e Yuri, olhando pelo retrovisor, observou a cena comovente que se desenrolava no banco traseiro. Lá, Victor, com olhos marejados, acariciava o rosto de Yuuri com gestos suaves e amorosos. O ômega, por sua vez, murmurava palavras carinhosas, expressando seu amor em meio à preocupação e incerteza.

As lágrimas de Victor eram testemunhas silenciosas da intensidade do momento. Cada toque, cada palavra, era uma manifestação tangível do vínculo profundo entre eles. A atmosfera no carro era repleta de emoções crúas e vulneráveis, como se estivessem navegando por águas desconhecidas, segurando-se à esperança de um desfecho positivo.

Yuri, no banco da frente, sentia a agonia do momento, suas próprias preocupações misturando-se às dos outros. A visão de Victor chorando e Yuuri expressando seu amor em meio à adversidade deixava claro que estavam todos enfrentando algo maior do que qualquer um poderia ter previsto. A estrada até o hospital tornou-se não apenas física, mas também uma jornada emocional, onde a esperança e o medo dançavam em um equilíbrio delicado.