Oito

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Por alguns segundos fico olhando para Luís Augusto sem saber ao certo o que devo fazer, minhas mãos estão suadas, meu coração querendo sair pela boca tão rápido estão seus batimentos, minha voz, essa eu já não sei onde se encontra. Nos seus olhos vejo uma expressão confusa, ele parece avaliar o meu rosto com cuidado, o que me faz corar além da conta, sentindo meu rosto em brasa e desvio o olhar do seu rosto e olho para trás.

Foi o movimento errado, sua mãe está nos olhando com olhos arregalados e lágrimas descem pelo rosto. Sinto o pânico começar a se esgueirar em meu corpo e fico sem saber o que fazer, estou com a mão presa pela dele, seu olhar que queima a pele do meu corpo como se estivesse passando por forte vapor de ar quente e o da sua mãe que não faz ideia de todos os tipos de pensamentos proibidos que tive com o seu filho tarde da noite.

— Meu menino! — ela diz se aproximando do leito onde ele está, isso o faz mudar o foco dos seus olhos me permitindo respirar e aproveito para soltar minha mão do seu aperto.

— Sr. Fradick, o senhor consegue me entender? — pergunto depois de um instante, ele balança a cabeça minimamente confirmando. — Sabe onde está?

Seu olhar percorre todo o quarto, vai até sua mãe e volta a me fitar e balança a cabeça negativamente, vejo seus lábios abrirem e ele tenta falar algo, mas saí apenas um sussurro.

— Sua garganta está um tanto seca devido ao tempo que ficou desacordado, vou pedir para que lhe tragam água. — Ele pisca os olhos ao invés de balançar a cabeça.

Aperto o botão que fica ao lado direito do leito de Luís Augusto para chamar uma das enfermeiras de plantão. Ao voltar minha atenção para ele vejo seus olhos assustados olhando para a mãe que chora baixinho. O pânico neles é visível e logo o barulho do monitor cardíaco enche o quarto.

— Sr. Fradick? — chamo sua atenção para mim, seu olhar passa para o meu rosto e vejo o medo estampado neles. Toco no seu pulso enquanto continuo a tentativa de acalmá-lo. — Está tudo bem, o senhor no Instituto Neurológico, sofreu um acidente, mas o pior já passou.

Os números no monitor começam a diminuírem, pela minha visão periférica vejo sua mãe se afastar, com certeza para se recompor antes de estar na presença do filho novamente. A enfermeira entra no quarto e peço para que traga água para o paciente e que avise ao médico responsável por ele aqui que ele está acordado, ela assente e se retira.

— Sente alguma dor? — pergunto a Luís quando estamos a sós no quarto.

— Ca... hum, cabeça. — Sua voz sai rouca.

— Ok! Vou falar para o médico responsável te receitar algo para amenizar a dor, mas imagino que ela seja causada pelo inchaço que está regredindo e os cortes que estão começando a curar.

Ele pisca os olhos confirmando que entendeu, a enfermeira entra trazendo um copo com água e um canudo que facilitará a sucção. Dou um passo atrás para deixá-la ajudar o paciente a tomar os primeiros goles da água, ele fecha os olhos satisfeito, como se estivesse saboreando o líquido mais precioso do planeta, o que não deixa de ser verdade.

Assim que a enfermeira se retira, começo a fazer as demais checagens. Todo tempo com seus olhos me fitando como se estivesse com algumas perguntas não bem formuladas na mente, provavelmente todas relacionadas ao acidente.

— Seus sinais vitais estão bons, tirando a dor de cabeça, há mais algum desconforto?

— Não.

O Dr. Fernando Mendonça adentra o quarto e me lança um sorriso acolhedor que retribuo, é bom não ser indesejada por todos por aqui.

— Luís, eu sou o Dr. Fernando Mendonça, médico responsável por você aqui em Natal. — A voz dele está num tom tranquilizador, mas vejo os olhos de Luís aumentarem de tamanho.

Minha cura♥ }☘{♥ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora