Sonhando acordada

III - O reencontro

"Baby, os meus band-aids acabaram de acabar

Eu não sei nem por onde começar

Pois não se pode fazer curativo nesse ferimento

Nunca se pode consertar um coração, na verdade"

Demi Lovato - Fix a heart 

Elisya Hariel 

Esses dias minha vida tem sido uma correria, a empresa esta toda movimentada, as pessoas ansiosas e eu sou a única aqui que não entende o porque. Os papeis e documentos estão sendo revisados, cada milímetro da empresa esta sendo higienizado novamente, eu realmente não sei o que esta acontecendo. Estou sentada nessa mesa a três horas revisando as merdas dos papeis que eu ja tinha revisado. Vou perguntar o que ta havendo.

-Ei, Cris. O que ta acontecendo que ninguém para quieto aqui?  

-Você não ficou sabendo não? O filho do chefe vai assumir a empresa segunda-feira, e parece que o homem é o próprio demônio.  _Diz enquanto lixa as unhas. Não vou com a cara dela, mas ela sabe de todas as fofocas daqui.  -Fiquei sabendo que ele tem dezenas de empresas, mas não dá as caras em nenhuma. Ele tem olhos e ouvidos nas empresas mas ninguém nunca o viu. 

-Estranho. Mas como ele vai nos auxiliar e fazer as "coisas de chefe", sem que ninguém o veja?

-Parece que ele tem um representante, que vai nas reuniões e tal. Só não entendo o porque do suspense.  _Diz pensativa.

-Ah quero nem saber, tomara que não seja eu a trabalhar com esse cara.

-Vish, deve ser voce mesma. Nao é voce que é a secretaria do pai dele? Deve continuar sendo secretaria do novo chefe. 

-Nossa, será? Quer saber, vou voltar a trabalhar, bom que esqueço disso.

Fico mais algumas horas trabalhando , separar, revisar, atender telefones e marcar reunioes para depois de segunda. Um tempo depois me pego pensando nesse tal filho do Sr. John, porque administrar as empresas em anonimo? Isso é muito estranho. Sera que ele vai me demitir quando chegar aqui? Ele deve querer uma pessoa mais madura, né? Eu não quero sair daqui não. Saio de meus devaneios com a voz do próprio Sr. John me chamando.

-Elisya.  _Diz um pouco mais alto, e notei que sua voz esta estranha, e o rosto já com marcas da idade, mas bem conservado, encontra-se abatido, cansado.

-Desculpe-me Sr. Kannenberg. Precisa de algo?  

-Ja lhe disse para não me chamar assim.  _Diz me repreendendo.  -Preciso conversar com voce, te espero em 10 minutos na minha sala. 

-Desculpa Sen... John. Tudo bem.  _Digo e dou um sorriso sem graça. 

Sr. John foi a pessoa que mais me ajudou aqui dentro, antes mesmo da conclusão do meu curso, ele já me contratou como sua secretaria. No começo eu me perdia com a agenda lotada, as pilhas de documentos e as reuniões, mas agora que eu já peguei jeito acho super tranquilo.  Ele também é um dos únicos que sabe do meu passado e me ajudou muito mesmo sem me conhecer direito, pagou psiquiatra e tudo mais. Ele sempre me tratou como filha, por isso o estimo muito e também o considero um pai, sou muito grata por ele. Assim que termino com os papeis vou ate a sala dele.

-Pode entrar Elisya.  _Diz apos me ouvir bater em sua porta. Assim que entro, ele já se põe a falar. Eu sei que não sou seu pai, e não tenho o direito de te pedir nada...  _O interrompo.

-Você é como um pai pra mim John, o que o senhor pedir estou disposta a fazer.  _Digo convicta. E é verdade, faria o que estivesse ao meu alcance por ele.