Prólogo

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Vancouver/Canadá - 08:35AM.

Merda, merda, merda! — Phoebe murmurou em desespero, saltando do carro apressadamente. Jogou as chaves nas mãos do manobrista, esquecendo no caminho o "obrigada", que habituava dar em todas as manhãs.

Exceto pelo passado, as situações de vida estão sempre em mudança, uma simples ação pode provocar avalanches no futuro, e é exatamente isso que o torna interessante.

Phoebe Courtney costumava enxergar seu presente como perfeito, aos vinte e seis anos, já havia realizado seu maior desejo profissional, antes uma funcionária de destaque da Still, — uma das agências publicitárias com maior conceito no país —, foi escolhida pela própria ex presidente, que pouco antes de embarcar para a Itália onde encontrou oportunidades melhores, a denominou perfeita para o cargo. Prestes a se casar com Petter, herdeiro de uma linha de carros esportivos e seu primeiro namorado até então, ela definitivamente não tinha do que reclamar. Mas agora, vendo com mais clareza, a mulher reconhece que deveria ter percebido as mudanças ocorridas em seu relacionamento. Petter a evitava o máximo que podia, usando o trabalho como escape, ele não se mostrava animado com os preparativos para o casamento, tão pouco fazia coisas que homens apaixonados fazem. Nem se quer recorda da última vez que foram para a cama.

As brigas só não ocorriam frequentemente pois enfrentá-lo deixaria tudo mais real. A gota d' água aconteceu ontem, quando faltando duas semanas para o matrimônio, ele confessou não querer concluir a união, acrescentando ao pacote de revelações as escapadas que deu com a secretária.

Um tapa não foi o suficiente para fazê-lo parar de falar. E em um certo momento, Phoebe já não escutava mais nenhuma palavra.

Sua vida perfeita havia ido por água abaixo, e ela nada pôde fazer para evitar tamanha catástrofe.

Enquanto batia os saltos contra o assoalho, correndo apressada até o elevador, funcionários paravam para admirá-la. Sempre tão pontual, chegando a cobrar pontualidade dos subordinados, ninguém poderia imaginar que por baixo da maquiagem bem produzida, escondendo as olheiras evidentes, e as roupas sociais elegantes, Phoebe mal conseguia distinguir o quanto de seu coração havia se quebrado. Provavelmente todo, como um espelho recém caído no chão.

Já no elevador, consultando o refinado relógio de pulso em intervalos de poucos segundos, a chefe murmurava palavras impróprias.

Cinco minutos.

Este era o tamanho de seu atraso, pouco para quem estivesse de fora, uma eternidade para a presidente de uma empresa tão renomada, principalmente num dia importante quanto aquele.

Quando ainda comandava a empresa, Judith, a antiga presidente da agência, acabou por fechar um negócio que Phoebe nunca aprovou: uma parceria.

Fornecendo para marcas famosas diversos comerciais de qualidade, a Still tinha uma concorrente registrada, Style, cujo presidente transferiu o cargo para o filho já prevendo o falecimento, que ocorreu meses depois devido a um câncer.

Despreparado para tamanha responsabilidade, o mais novo estava levando a empresa para o buraco, e antes que declarasse falência, Judith entrou na história, oferecendo-lhe uma junção de ambas as agências, que beneficiaria todos os interessados.

Phoebe no entanto, não poderia achar aquela decisão mais tola.

Afinal, como uma empresa sem capital algum poderia beneficiá-los? Ela não sabia.

Após um minuto com ela sentindo as pernas tremerem, o elevador finalmente abriu as portas, revelando a sala de reuniões na saída.

Vestindo o melhor sorriso que conseguiu, a morena adentrou o local, optando por deixar os inúmeros dilemas pessoais para trás.

— Desculpe a demora senhores, o trânsito estava péssimo hoje.

— justificou aproximando-se da enorme mesa, que abrigava investidores, advogados, parceiros, e Jimmy — seu assistente não só na empresa, mas também pessoal, — e...

— Já era tempo! Minha cabeça está fervilhando nessa sala calorosa. Tente evitar os atrasos da próxima vez, não pega bem vindo de uma chefe. — uma voz desconhecida, porém irritadiça, murmurou.

Com a sobrancelha arqueada, Phoebe se voltou para o dono da melodia irritante, surpreendendo-se de primeira.

Os olhares de tonalidades parecidas se cruzaram.

Jamais esqueceria o rosto do desgraçado que a perseguia de todas as formas na universidade, ele a queria, não conseguiu, em troca recebeu apenas signorância.

Mesmo espantada, Phoebe não deixou a oportunidade passar.

Em sua cabeça martelava apenas uma pergunta: o que ele fazia ali, em sua agência, sentado entre os mais relevantes investidores?

— E você seria...

Intrigado, o rapaz decidiu entrar no jogo, não entregando que a conhecia dos tempos de universitário.

— Shawn Mendes, herdeiro da Style, presidente da empresa e seu sócio. — levantou-se ofertando a mão.

Um sorriso repleto de malícia desenhava seus lábios.

— É um prazer conhecê-lo. — murmurou com falsa educação, acatando o cumprimento. Ouvir aquelas palavras era semelhante a estar sendo forçada a engolir um sapo vivo.

— O prazer é completamente meu. — revidou aumentando o sorriso, enfatizando a segunda palavra.

No fundo, Shawn se divertida com aquela situação, conseguiu tirar algo de proveitoso da chata reunião, afinal. Já Phoebe, mantinha as veias dilatadas em fúria, dirigindo-lhe um olhar mortífero.

Nada de bom poderia sair daquele encontro.

Definitivamente.

Magnet - Shawn Mendes +18Where stories live. Discover now