Nicknames

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Quando Yuuri me colocou no estúpido grupo de patinadores que JJ havia criado, salvei todos os números só porque odiava ter que ficar olhando com mais atenção pra saber quem tinha falado o que. JJ ficou como "Asshole", Leo como "American guy", Pichit como "Hamsters". Qual a graça de saber coisas sobre os outros e não usar na agenda de contatos? Nenhuma, pois é.
    Talvez você se lembre que minha única participação naquele grupo era mandar fotos de coisas iradas que eu via pela rua, já que o Porco e o Velho fizeram questão que fôssemos uns dias antes da competição para "passear em família". 'Tá, talvez eu gostasse de ver os gifs de "bom dia" que continham gatinhos. A essa altura, você era simplesmente "Altin". Eu sabia quem você era, já tinha te visto se apresentar. E só. A sua participação no tal grupo era dizer que estava ansioso por essa final. Que tinha muitos planos em Barcelona. E elogiar as minhas fotos. Eu sempre gostei de elogios. Isso me fez simpatizar um pouco com você, à distância. Só um pouco.
    Quando eu te vi dispensando o chato do JJ não pude deixar de pensar "Tá aí alguém sensato". Talvez eu tenha achado sua jaqueta maneira naquela hora. Definitivamente eu achei a moto irada quando você apareceu mais tarde pra me salvar das Angels. Eu fiquei tão surpreso aquele dia. Porque eu estava acostumado a elogios. Mas a admiração que você demonstrou ter por mim foi impactante. É claro que eu ia aceitar ser seu amigo. Você foi meu primeiro, sabia disso?
    Quando voltamos pro hotel e passamos a trocar mensagens no privado eu me perguntei se deveria mudar seu nome de "Altin" para "Otabek". Daí vi as manchetes. O apelido que te deram era ao mesmo tempo hilário e super legal. Você estava com vergonha. E eu mudei para "Kazakhstan Dark Horse" na mesma hora e ainda te mandei o print. Quem mandou ter essa pose de herói? Ao invés de cavalo branco surge numa moto negra, diziam. Eu só ria. Você me mandou uma foto cobrindo o rosto. Ri ainda mais. Então era isso que significava ter um amigo. 
    Foi diferente torcer por você e ver você torcendo por mim. Não posso mais ouvir a palavra "Davai" sem sorrir e a culpa é toda sua. Mais do que isso, você me aguentou comprando roupas! Nossa, deveria ter te dado um troféu pela paciência naquele dia. Mas eu fiquei bem puto quando você não quis me levar na boate com você. Porra, eu não era uma criança! Mas eu te achei. E sua sorte é que minha irritação foi embora com aquela música que vi você tocar.Tão legal! Só não foi mais legal que nossa coreografia com ela. Nós realmente explodimos a mente deles, não é? 
    Perto de todo mundo você sempre foi tão sério, mas comigo era diferente. Você me mostrava coisas legais, ria das minhas besteiras, me falava besteiras pra me fazer rir. Começaram a perceber quando, mesmo semanas depois das finais, nós ainda nos falávamos todos os dias. Talvez eu tenha começado a falar um pouco demais de você, porque a Mila veio querer saber o que tinha de tão legal no "cazaque bonito". E foi assim que você virou "That Cute Kazakh" no meu celular. Palavras dela, não minhas.
    Óbvio que eles jamais entenderiam o que de tão legal tinha em você. Você não demonstrava pra eles. Mas mostrava pra mim o tempo todo. Era como se você tivesse tudo o que eu poderia achar legal em uma pessoa e mais um pouco. Eu sempre me achei especial por ver mais de você do que os outros, sabia? Acho que era por isso que te deixava ver mais de mim também.
    Quando fui morar com o Velho e o Porco eles sempre ficavam implicando comigo quando estava conversando com você. Dois intrometidos, sempre foram. Mas um dia eu ouvi o Viktor dizer:

"Olha lá Yuuri, ele está com aquele sorriso apaixonado olhando pro celular de novo. Só pode estar falando com seu cazaque bonitão. " 

    Cara, eu gelei. O que ele estava querendo dizer com sorriso apaixonado? Como assim meu cazaque? Eu precisava provar pra todo mundo - pra mim, principalmente - que não tinha nada além de amizade. "Otabek" me pareceu um jeito mais apropriado de te ter salvo na minha lista de contatos. Só que você não parecia se importar com nada disso, não é? Com o que fossem falar ou não, eu quero dizer. Me mandava mensagens, áudios e fotos como sempre. Chegou a falar numa entrevista que nós mantínhamos contato, lembra? Viktor ficou impossível naquele dia. Mas valeu a pena. Eu adorei que você falou de mim. Mais do que deveria, talvez.

O que és para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora