Capítulo 2 - Aluno Novo

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-Aidan-

Está escuro, mas não é noite, posso ver a forma leve do amarelo alaranjado do sol, porém por algum motivo parece muito distante da minha realidade. Sinto algo gelado me tocando repetidas vezes e demoro a perceber que é água. Levo a mão ao rosto tentando entender de onde vem.

Eu estava chorando? Como podia? 

Se não tinha alma? 

E agora nem mesmo sentia ter um copo? 

Estava quebrado, vazio, era um boneco de porcelana cujos cacos estavam espalhados pelo chão.

Minhas pernas coçam, quando percebo minhas mãos já tocavam o chão, não tinha mais forças para ficar em pé. Nem sabia como tive forças para chegar até ali. 

As grades da ponte estão na minha frente, gotas escorrem pelas barras de ferro, vejo vultos embaçados que correm pela estrada, carros, estendo a mão tentando alcançá-los

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As grades da ponte estão na minha frente, gotas escorrem pelas barras de ferro, vejo vultos embaçados que correm pela estrada, carros, estendo a mão tentando alcançá-los. 

Talvez... 

De repente eles parecem ser minha saída. Minha paz. Minha chance de voltar a sentir.

Outra coisa gelada me toca, porém dessa vez continua presa em meu ombro, a água para de cair. Olho vagarosamente para o que é e vejo uma mão, sigo por ela e encontro minha tia, os cabelos brancos molhados, franja presa na testa, olhos azuis avermelhados. Ela também estava chorando. 

Um guarda chuva está na outra mão. Percebo então que estou encharcado, volto a tocar no rosto, ainda tem água saindo de lá. Era irônico,  meu tato ainda funcionava, mas minha mente travava, minha visão estava turva, minha audição não mais existia. Volto a olhar para frente.

Os carros...

Não os identifico bem, mas sei que estão ali, é minha unica certeza além da dor escondida por todo meu corpo, atordoado demais para decifrá-la ainda. Mas talvez... Eu deva sentir.

Os carros podem ajudar...

O carro balança e eu acabo acordando. A mulher de cabelos brancos de antes está no volante conversando comigo, dava instruções, ao seu lado seu marido sorri e concorda algumas vezes, deitado no banco de trás coloco o braço na frente dos olhos e tento entender o que ela está falando, a gola do casaco negro que uso está me incomodando, coço depois de um tempo desisto e o abro.

- Porque está sem a camisa? – Pergunta Jade.

Olho para o meu peito e vejo que ao invés da camisa branca do uniforme eu usava uma blusa vermelha, de resto não tinha mudado nada.

- Não faz tanta diferença, faz?

- Podia ter pelo menos colocado a gravata. – Ela suspira.

- Coloco amanhã.

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