Ser dispensado por Ciel após longos anos suportando sua personalidade forte, egocentrismo e inconstância, era no mínimo desconfortável para o demônio. Claro que Sebastian gostava do garoto, queria sua alma apetitosa, mas tudo tinha limite. Até mesmo a resignação de um demônio tem fim, por inúmeras vezes ele quase se alimentou da alma do jovem conde, ignorando o contrato, por rancor à alguma resposta atravessada.
No mesmo dia, antes mesmo de ser despedido, Sebastian conheceu Lady [Nome] [Sobrenome]. Uma jovem aristocrata de coração marcado por pureza e trevas. Ela era semelhante à Ciel em alguns aspectos, afinal era uma nobre inglesa. Mas por ser uma Lady, ela precisava manter o véu de boa moça, até em casa, e isso instigou tanto Sebastian que quando Ciel o dispensou, ele até mesmo abdicou de sua alma e desapareceu para sempre da vida do garoto, indo ao encontro de [Nome].
Ela o recebeu em sua casa, tinha muitas pendências, com muitas pessoas que a fizeram sofrer desde a infância até sua idade atual. Pessoas que fariam certa falta na sociedade, mas que seriam rapidamente esquecidos.
- Você será meu mordomo até eu realizar meu objetivo. - [Nome] alegou se sentando atrás da escrivaninha de maneira de carvalho, ajeitou o vestido enquanto cruzava as pernas. - No final, você receberá o que quer. Qual seu preço?
Sebastian se aproximou da mesa com um sorriso enorme, irônico e mostrando seus caninos perigosamente pontiagudos, o que fez percorrer um arrepio pela espinha da garota.
— Meu preço... é sua alma.
— Alma... - [Nome] encarava aqueles olhos rubros, um pouco aflita, mas depois de um suspiro, ela sorriu para ele, o que o estranhou. - Como quiser, não tenho nada a perder mesmo.
Após colocar a marca em uma região mais sensível no corpo da garota, Sebastian assumiu o posto de Mordomo Chefe da casa [Sobrenome] e revolucionou tudo. Tornando mais respeitáveis as empresas da família sem falar de dar mais conforto e segurança para [Nome].
Tudo estava andando bem, um ou outro inimigo de [Nome] foi eliminado depois de dois anos da parceria dos dois, no entanto, as coisas mudavam de rumo quando ela aparecia no caminho ou na sua casa. Apos um dia exaustivo, [Nome] terminou de assinar alguns documentos da loja de roupas da família e os deixou sobre a mesa. Ela estava fatigada e faminta, então tocou o sino para chamar Sebastian e pedir que adiantasse o jantar ou trouxesse um petisco para que ela não ficasse desconfortável até o horário devido.
Por longos trinta minutos, a garota esperou e se irritou por nenhum de seus funcionários aparecer para atender seus desejos. Bufando, [Nome] saiu do escritório e seguiu em direção à cozinha. Lá a cozinheira corria de um lado para o outro com os preparativos para a janta, recebendo a ajuda da doméstica e do jardineiro.
— Onde está Sebastian? - [Nome] questionou sem nem cumprimentar, assustando os demais.
— Perdão, milady. A janta sairá na hora hoje. – A cozinheira reverenciou a garota, mas [Nome] estreitou o olhar.
— Não foi isso que perguntei. - Ela disse ainda irritada e os três congelaram.
— E-Ele está lá fora, milady. Já tem quase uma hora que ele está no jardim dos fundos com aquela coisinha. – O jardineiro respondeu e [Nome] apenas bufou em resposta, seguindo para o local indicado.
— Eu não creio que será assim toda vez que uma coisinha dessa aparece. – [Nome] resmungou enquanto saia da cozinha, indo para o jardim.
Quando lá chegou, rodou toda a varanda a procura de seu mordomo, saiu da mansão, se embrenhando em meio as flores e canteiros a procura do moreno. Já estava ficando ainda mais irritada, o puniria dessa vez, com certeza. Foi quando ouviu aquela voz grave e melodiosa que tanto conhecia.
— Puni, puni... Puni, puni...
— Meeeewn!
— Argh! Eu mereço. – [Nome] suspirou e seguiu o som.
Após se afastar um pouco mais da mansão, [Nome] finalmente encontrou Sebastian, debaixo de uma árvore, com uma gata-preta de olhos verdes enquanto apertava a patinha dianteira esquerda da felina que miava. [Nome] só não sabia dizer se era de aprovação ou de reprovação pelo o que o mordomo fazia-lhe.
— Fugindo do trabalho? – [Nome] perguntou na esperança de o pegar de surpresa, mas ao receber o sorriso irônico de Sebastian, ela sabia que nunca conseguiria o assustar.
— Milady... Precisa de algo? - Sebastian perguntou, mas continuou brincando com a gata e aquilo causou um desconforto ainda maior para a garota.
— Você quer largar essa bola de pelos. – [Nome] ordenou, mas Sebastian não parecia muito inclinado a obedecer. - Eu já terminei minhas tarefas de hoje, pode, por gentileza, largar essa coisinha e preparar algo para eu comer até a hora da janta?
— Não é aconselhável comer antes do jantar, milady. Puni, puni... oh, puni, puni... – Sebastian sorriu após orientar a menina e brincar com a gatinha.
— Meeeewn!
No fundo, Sebastian sabia que [Nome] odiava quando ele fazia tal coisa. Mas com o tédio, Sebastian pegou gosto em atormentá-la com pequenas coisas que raramente o fazia para não ficar esporádico e a lady notar as intenções do mordomo.
— Larga essa coisa agora! - [Nome] ordenou, corada de irritação e Sebastian teve que se segurar para não rir na presença de sua mestra. – É uma ordem, Sebastian.
— Sim, My lady! – Sebastian suspirou penalizando enquanto se levantava de onde estava, levantou a felina que o encarava aguardando por algo. – Oh, minha querida. Teremos de nos separar.
— Argh! Quanta besteira! - [Nome] resmungou revirando os olhos, enquanto cruzava os braços.
— Desculpe a pergunta, milady, mas não gosta de gatos ou não gosta de me ver com eles, pois gostaria de estar em seu lugar? – Sebastian sorriu irônico, causando um rubor nas bochechas da nobre que apertou os punhos aos lados do corpo.
— Como ousa? Não seja atrevido. – [Nome] reclamou, fazendo um bico e o sorriso irônico do mordomo apenas aumentou. – Insolente!
— Providenciarei imediatamente um tira-gosto para aguentar a fome até o jantar. - O moreno colocou a gata de volta ao chão, acariciou mais uma vez a cabeça da felina e se virou para a garota.
— Ótimo! Estarei no escritório aguardando. – [Nome] virou-se de costas e começou seu trajeto de volta para a mansão.
Sebastian observou sua mestra se afastando, olhou para o lado e ela ainda estava ao seu lado, também observando a garota se afastar. Ela abanava elegantemente sua cauda longa e felpuda, tão charmosa e adorável.
— Se ousar me deixar com fome até a janta, me certificarei de não permitir que mais nenhum felino se aproxime da mansão. – [Nome] gritou do meio do caminho, finalmente pegando Sebastian de surpresa.
— Sim, milady.
E com um suspiro pesaroso, Sebastian seguiu de volta para a mansão, de volta a seus afazeres.
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PUNIPUNI | Sebastian Michaelis
FanfictionApós ser dispensado de suas funções como Mordomo Chefe da Mansão Phantonhive, Sebastian Michaelis passou a ser mordomo de outra família, a Família [Sobrenome]. Ele continuava com as mesmas pretensões, que tinha com Ciel para com [Nome], mas diferent...