Fiquei lá até a noite, ela me obrigou a jantar com ela, debatemos sobre a pista, ela falou com o tal Billy por áudios no whatsapp, e assim que terminei de comer, liguei para o tio Vini ir me buscar.
Depois daquele dia, eu já não sabia se era o certo a fazer, a Manu não era exatamente uma pessoa muito fácil, e não sabia se eu podia confiar em mim perto dela.
Voltei para casa praticamente sem abrir a boca, estava pensando longe. Acho que se o pai dela me quisesse, eu não ia conseguir dizer não, e isso ia complicar minha vida de muitas formas.
Agradeci ao tio Vini por me buscar e entrei em casa. O bilhete na geladeira dizia: "Fomos no jantar da Mega, tem macarrão no micro-ondas. Beijos, Mamãe"
Revirei os olhos e passei reto.
Eram nove horas do meu primeiro sábado em casa depois do pé na bunda. Eu podia até dar uma volta, mas estava cansado, e também... Aonde eu iria?
Passei a noite jogando, e o domingo passou voando. Manu me mandou os primeiros esboços da pista a ideia era ter três rampas de saída em três graus diferentes, eu curti a ideia, dava para diversificar os saltos e as manobras.
Domingo a noite, me sentei para jantar com meus pais como há muito tempo não fazia, eu sempre estava fora, sempre com a Jhen...
E agora essa droga. Já comecei a pensar em estratégias para ficar de boa desde já, teria que aguentar a escola depois de tudo.
- Está pronto para voltar para as aulas Rick? - minha mãe, me tirou dos meus devaneios.
Continuei encarando meu prato - Adiantaria eu dizer que não?
- Ah Filho, logo vocês superam isso...
Levantei a cabeça. - Não, eu não quero superar isso mãe, eu não quero voltar, o que ela fez foi... - soltei os talheres. - Puta, tenho raiva só de pensar...
- Querido, você ainda vai ter muitos términos, a vida é assim... Nunca é bom, mas temos que nos conformar. Você vai para a escola de cabeça erguida, não fez nada de errado.
- Esse é o problema, eu pisei na bola, mas não merecia aquele pé no meio de todo aquele povo. Ela fez de propósito.
Ela sorriu - Se está com tanta raiva, é porque ainda gosta dela. Mas não se preocupe querido, vai passar.
- É... Tanto faz... - dei de ombros peguei meu último pedaço de bife, enfiei na boca e saí da mesa, indo para o meu quarto.
Enfiei meus fones de ouvido até quase alcançar meu cérebro, me deitei e peguei no sono logo.
*****
Passei pelo portão da escola, cumprimentei a Dê, a inspetora que sempre acabava me pegando quando aprontava, ela revirou os olhos para mim, e eu ri. Estava indo para a cantina, mas uma rodinha de garotas ficou me encarando, dando risadinhas, desviei do meu caminho e fui direto para a sala. Primeira aula de segunda era História, era minha matéria favorita, depois de educação física, tirava altos cochilos e o professor dava nota até pelos meus roncos.
Me sentei na última carteira do canto direito, me escorando na parede. Coloquei minha mochila sobre a carteira e baixei a cabeça. Ouvia a sala se encher, e varias conversinhas ao meu redor. Quando o professor entrou e chamou a atenção da classe, me obriguei a levantar a cabeça. Afinal, era o primeiro dia.
Jhen estava sentada na fileira ao lado, duas carteiras á frente, e as seguidoras loucas dela, ocupavam as outras ao meu redor. Merda!
- Muito bem pessoal, sei que devem estar muito felizes em voltar... Só que não né... Pois bem, essa semana falaremos sobre ética... - um "ótimo" o interrompeu, e sabia que tinha vindo dela. - Gosta do tema senhorita, Jhenifer? - o professor caminhou até ela.
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Fora das trilhas (Degustação)
Teen FictionRicardo Vasconcelos é um adolescente de 15 anos, que apesar de alguns deslizes, tenta ser responsável, e da melhor forma, não desapontar seus pais e seus padrinhos. Ele cresceu viajando por eventos off Road pelo Brasil, e despertou desde pequeno um...