Uma garrafa do meu whisky predileto, um maço de cigarros pela metade e meu revolver com apenas uma bala. Eu tinha tudo oque eu precisava.
Bem, talvez não. Tudo oque eu preciso agora, está na França. Provavelmente tomando seu café em uma cafeteria, atraindo os olhares de várias mulheres, e até mesmo homens.
Me ajoelho no chão sentindo a madeira fria da sala.
- Okay, eu não faço isso a muito tempo... Mas eu vou tentar - tomo um gole da bebida
Suspiro. Um suspiro cansado
- Pai, me perdoe, você sabe que eu sempre peco - fecho meus olhos sentindo a dor. Não física, mas emocional - Eu não quero colocar a culpa na bebida, mas você sabe que ela fode meu sistema - mais um gole - Bem, eu não sei muito bem por onde começar, não estou vendo muito bem um sentido nisso... Mas eu estou sozinho, não tenho mais ninguém - suspiro - Vamos lá... - penso um pouco e tudo oque vem a minha cabeça são seus olhos verdes - A-a alguns anos atrás, eu estava perdido, não acreditava na salvação, estava apenas criando coragem para o fim - sorrio me lembrando dele - Até que ele chegou, com aquele sorriso... Dean me mostrou que ainda havia esperança, ele foi meu antidepressivo... Mas uma hora a cartela acaba
- Vamos Cas! Vai ser divertido - ele fala me puxando para perto da roda gigante
- Eu não tenho tanta certeza - solto uma risada nervosa. Ele sabia do meu medo de altura, mas sempre dizia que eu teria de superar meus medos
- Vai sim! Eu prometo, você não vai se arrepender - deposita um selinho em meus lábios
É, eu não me arrependi, pois lá em cima, no topo
Ele me pediu em namoro.- Dói saber que momentos assim, não voltarão - fecho meus olhos sentindo uma lágrima rolar por minha bochecha - E-e quando nós terminamos... Eu... - respiro - Eu costumava dizer que Dean Winchester me destruiu, mas não, eu me destruí.
Eu sentia a dor como se fosse física, como se passasse pela minha pele e chegasse à minha alma.
- Eu sou o mau dentro de mim, eu me machuquei. Como você foge de si mesmo? É impossível, é como correr atrás do próprio rabo. Dean Winchester apenas tentou me ajudar, agora eu vejo. Ele tentou curar minhas feridas e juntar os pedaços. Oque doeu, foi ele ter desistido tão facilmente - mais lágrimas. Droga Winchester - O ano passado foi o melhor da minha vida, eu não ligava para a rotina e a normalidade que estava em tudo. Apenas o fato: "Estar com Dean" já me agradava.
Abro a porta do apartamento sentindo o cheiro da comida que estava sendo preparada
- Humm, que cheiro bom! - falo e vejo Dean sair da cozinha
- Que bom que chegou amor, estava te esperando - sela nossos lábios em um beijo rápido
- Macarrão? - pergunto me referindo a comida que o loiro estava fazendo
- Isso! Já está pronto, vamos comer?
- Vamos! Eu só preciso de um banho antes
- Eu também vou - tira o avental
- Acho que se você for nós não vamos só tomar banho - falo rindo
- Ótimo - sorri malicioso e me puxa pela cintura iniciando um beijo quente
- Sabe, dói tanto lembrar do Dean e saber que nunca mais serei feliz, não como eu era antes... Não como eu era com ele - suspiro limpando as lágrimas.
Perdão pai
Me perdoe
É tudo oque lhe peço- Sabe, à mais ou menos uns dois anos atrás, eu estava aqui, neste mesmo lugar, ajoelhado, nunca conversa com o senhor... Com uma garrafa do meu whisky predileto, um maço de cigarros pela metade e meu revolver com uma bala. E então, ele me ligou, me fez pensar que eu não era um caso perdido, e que a vida ainda poderia ser boa - já não conseguia controlar as lágrimas que desciam involuntariamente - E agora, eu estou aqui, como no ano passado, mas ele não ligou - olho para o celular na mesa
Ele não vem, ele não vai me salvar
- M-me desculpe G-gabe... Me desculpe Dean... Sam... Eu amo vocês
Pego o revolver
- A-amém - a palavra final
( narrador p.o.v )
Uma garrafa quase vazia de seu whisky predileto
Um maço de cigarros pela metade
E um revolver sem balas
Tudo oque se pode ouvir no cômodo, foi o barulho do tiro, e logo em seguida o celular tocando
"Uma chamada perdida de Dean"