Eva
— Mamãe, eu te amo muito, sabia?
A voz suave de Hannah, minha caçula de cinco aninhos, soou baixinho pelo quarto, fazendo-me parar. Virei-me e caminhei em sua direção. Seus olhinhos pesados brigavam para se manterem abertos.
— Eu também te amo muito, meu amor. — Beijei sua testa, cobrindo-a um pouco mais com o edredom macio. — Agora vá descansar, amanhã você tem aula de manhã cedo.
— Eu sei, mas eu queria um beijinho do papai. Ele sempre me dá um beijinho antes de eu dormir com os anjinhos.
Meu coração se apertou no peito ao ver a tristeza em seus olhos. Com um suspiro, me deitei ao seu lado e a puxei para os meus braços. Logo seus bracinhos fininhos agarraram o meu pescoço e seus dedinhos começaram a me fazer um cafuné, uma mania que ela tinha desde quando era apenas um bebê e aprendeu a usar as mãozinhas para fazer carinho.
— O papai está trabalhando, meu amor. Mas ele prometeu que te dará um beijinho quando chegar.
— Então eu vou esperá-lo acordada e assim que ele chegar, vamos escrever juntos a minha cartinha para o Papai Noel. Ele prometeu que iria chegar mais cedo hoje para escrever a cartinha comigo.
Sorri um pouco, olhando para ela. Mal conseguia manter os olhos abertos.
— Então, eu ficarei aqui com você, tudo bem? Vamos esperar juntas.
Ela bocejou e me deu um sorrisinho no final.
— Tudo bem, mamãe. Vamos esperar juntas.
Menos de cinco minutos depois, ela já estava dormindo. Continuei mais um pouco ao seu lado, olhando lentamente para cada pequeno traço do seu rosto. Ainda era difícil acreditar que Arthur e eu havíamos feito três joias tão perfeitas. Três filhos. Uma mistura eterna do nosso amor. Nosso coração que batia fora de nossos peitos.
Hannah tinha os cabelos mais claros que os meus, herança de Arthur. Seus olhos eram azuis, seu nariz era igual ao meu, mas a boca era muito parecida com a do pai. Seu jeito amoroso e paciente era herança da minha mãe — com toda a certeza. Hannah era uma menininha iluminada. Por onde passava, era capaz de aquecer corações com apenas um sorriso.
Evie, minha garota de dez anos, era uma espoleta. Algumas vezes, eu me perguntava se ela havia mesmo saído de mim ou de Charlotte. Era muito parecida com minha irmã em sua personalidade. Também era uma mistura minha e de Arthur, mas seus traços puxaram mais aos meus. Estava em uma fase difícil, prestes a entrar na pré-adolescência, os hormônios à flor da pele e a língua afiada, mas tinha um coração que era maior do que o seu próprio peito. Uma de suas atividades favoritas era visitar as crianças em um grande orfanato, todos os finais de semana.
Tommy era a cópia fiel de Arthur, com uma veia inegável do meu pai. Sabia ser brincalhão, mas também sabia ser sério, centrado. Com quinze anos, já era um rapaz e me enchia de orgulho. Às vezes, ao olhar para ele, eu não conseguia fazer nada além de me perguntar o porquê de o tempo passar tão rápido. Ainda ontem ele era apenas o meu bebezinho, um pacotinho que eu carregava para cima e para baixo em meu colo.
Cada um dos meus filhos me ensinou a ser a mulher que sou hoje. A ser a mãe que sou hoje. Desde a primeira vez que peguei Tommy em meus braços, soube que seria capaz de qualquer coisa para vê-los felizes, para realizar seus sonhos.
E hoje... Hoje minha família não estava feliz.
Porque faltava uma peça fundamental entre nós. Faltava Arthur.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Natal da Família Andrigheto Domaschescky
RomanceO Rei de Orleandy, Dominick Andrigheto Domaschescky está prestes a comemorar mais um natal e um aniversário em família e você é um convidado de honra. Embarque neste pequeno conto, onde o amor e o espírito natalino estão ainda mais vivos na vida do...