12 Azul é a cor do... Chão

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Acordei no sábado, e ao pegar meu celular para ver as horas, vi a foto de convite que me mandaram pelo whatsapp. Balada para adolescentes, daquelas que é toda certinha dentro do clube, até às dez da noite e sem bebida alcoólica, mas que do lado de fora rolava de tudo até o dia amanhecer.

Talvez fosse isso que eu precisava. Sair um pouco da minha rotina de estudante certinho. Que eu nunca fui.

Almocei com a minha mãe, e ela adorou a ideia de me ver sair, já estava entocado há muito tempo, minhas únicas saídas depois do teste, foram as vezes que fui na casa da Manu.

***

Á noite, meu pai me deixou em frente ao clube.

— Qualquer coisa me liga tá? Quer que eu venha às dez?

— Não, combinei com os caras de esticar na casa do Felipe. – menti.

— Tudo bem. Divirta-se filho.

— Valeu, pai.

Atravessei a rua, e entrei no clube. O ginásio já estava bem cheio, e a música eletrônica me incomodou de início. Atravessei a quadra, me encostei em um pilar, e fiquei observando. A frase "que merda eu estou fazendo aqui" não saía da minha cabeça.

Acho que não cheguei a ficar ali mais do que cinco minutos, uma garota morena passou dançando e me arrastou para a pista.

Ela era tão magra, que vê-la dançar me dava a sensação de que ela era de borracha. Ela rodopiou em volta de mim, e se agarrou ao meu pescoço chupando minha orelha. Eu ri, e continuei me deixando levar pelas batidas, sentindo ela chupar meu pescoço. Passei um braço por ela a levantando e invadindo sua boca. Ela puxou meu cabelo, me agarrando.

— Já é meu, lindinho. – ela riu, me deu um selinho e saiu dançando para se afastar de mim.

Que garota doida. Caminhei por entre as pessoas, e cheguei na porta de saída, onde um bar completo estava montado na calçada. Olhei para todas aquelas merdas coloridas, nunca havia bebido nada daquelas coisas, o máximo eram as cervejas nos churrascos de família.

— Quero esse negocio azul. — apontei a garrafa para o cara.

— Com vodka? – ele riu.

Assenti, e paguei a bebida.

O copo era do tamanho daqueles de milk-shake, cheio. Olhei para aquilo e ri. Se aquilo não me animasse... Nada iria.

Virei quase a metade, sentindo minha garganta arder, o gosto também não era bom, mas quebraria meu galho.

Terminei de beber aquilo, e voltei para dentro do clube. Pisquei, vendo as luzes e os espelhos na minha frente, e olhei para o lado para ver o casal me encarando. Jhen e Daniel.

Sorri para ela, estava linda, muito gostosa no vestido azul que dei para ela de natal.

— Rick... Você está bêbado? − ela falou incrédula.

Trançando as pernas, me aproximei — É Ricardo Vasconcelos para você... – eu ri, e me virei para ele — Espero que já tenha traçado ela... Ela queria taaanto. — falei rindo.

O cara ia avançar sobre mim, e era o que eu queria, mas ela não deixou.

— Pelo visto, você já achou alguém para traçar não é? – ela falou séria.

— Achei — balancei a cabeça — Achei, mas não comi... Porque... Porque eu não sou... Não sou puto. – eu ri — Não sou puto. Não...

— Rick... — ela ia se aproximar de mim, mas saí de perto. — Olha! Olha tua mulher cara... el.. ela tá atrás de mim... — eu ri — Pega logo!

Fora das trilhas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora