Alexandra preparava-se para tomar um banho relaxante, livrou-se da sua roupa interior e entrou na banheira. Colocou o chuveiro no suporte da parede e desfrutou da sensação de água a cair pelo seu corpo durante uns dez minutos. Precisava de se abstrair do intenso dia pelo qual tinha passado.
Sabia que aquele dia era essencial para o projeto avançar mas não conseguia livrar-se da ideia de que mais cedo ou mais tarde, algo daria para o torto e a culpabilidade iria ser atribuída à pessoa encarregue de estudar e analisar todos os planos, ou seja, ela.
Saiu da banheira e enrolou-se no lençol de banho que lhe tinha sido oferecido pela mãe quando ela se mudara para aquela casa, e olhou-se ao espelho. Via uma mulher por volta dos 23 anos, com uns olhos castanhos que contrastavam com o cabelo vermelho-escuro que lhe chegava aos ombros.
Sabia que ser responsável por um projeto tão importante e ter apenas 23 anos eram coisas que de todo não combinavam e portanto odiava quando chegava às salas de reuniões com clientes novos e ficavam a olhar para ela como se tivesse saído agora da universidade. Ela nem sequer tinha acabado a faculdade, estava no segundo semestre do primeiro ano quando lhe disseram que ela não poderia continuar a estudar no instituto. Ficara muito baralhada e numa análise muito recatada perguntara a si própria se aquele assunto tinha alguma coisa a ver com o incidente do mês passado.
Estava a chegar ao Instituto onde estudava Antropologia quando de repente e na tentativa de se desviar do carro que avançava contra ela, chocou contra o carro de alguém da direção universitária. A sua moto não ficara afetada já o carro tinha ficado com uma amolgadela. Optara por não contar a ninguém sobre o incidente para não arranjar problemas e agora pensara que alguém tinha descoberto o grande feito.
Não lhe deram explicações absolutamente nenhumas sobre a sua expulsão e estava mesmo a ponderar escrever uma participação quanto ao assunto, até que passado uma semana recebe uma carta que lhe dava a expressa ordem de se dirigir ao Instituto Nacional de Pesquisa Biotecnológica, o mais tardar nos dois dias seguintes. A carta era claramente dirigida a Alexandra já que continha informações que a identificariam a nível judicial ou médico. Procurou o nome da pessoa que redigira a carta e encontrara uma assinatura eletrónica depois de 4 páginas de informações e ordens que Alexandra deveria ter em conta ao se dirigir ao INPB. Surpreendentemente a assinatura dava nitidamente a perceção imediata do nome Mikael Svarsnof que se dizia diretor de pesquisa do centro de pesquisa.
Ligara o seu MacBook Pro e pesquisara o nome num motor de busca que ela consideraria rasca já que mostrava apenas uma camada de informações, aquelas que estavam disponíveis aos utilizadores regulares da internet. Aprendera a lidar com computadores aos 10 anos e aprendera rapidamente a trabalhar em programas considerados profissionais pelos experts da área. A pesquisa não revelava nenhuma informação considerada irregular ou importante e Alexandra não estava propriamente na disposição de iniciar os programas que a levariam até uma camada mais profunda da internet, a tão apelidada Deep Web, pelos que dizem conhecedores dos segredos, onde poderia obter informações a todos os níveis da vida de Mikael.
Fora até à cozinha, ainda enrolada no lençol de banho e tirou do frigorífico uma pizza congelada que colocou logo a seguir no micro-ondas. Arrastou-se pelo corredor até ao quarto e decidiu o que vestir. Desencantou do armário, uns jeans pretos e uma camisa de flanela azul-escura que complementou com umas botas também elas pretas. Não gostava de usar relógio e muito menos acessórios. Cada vez que precisava de ficar mais arranjada ou sofisticada para uma reunião tirava simplesmente os piercings que tinha nas orelhas. Colocou o PDA no bolso de trás das calças e foi até à cozinha para conseguir comer a pizza ainda quente.
Estava atrasada e sabia disso mas estava aborrecida pelo facto de não a terem consultado quanto à alteração de umas moléculas que iriam alterar todo o funcionamento de uma das experiências. Fazia naquele dia, três meses que estava a trabalhar para o instituto como uma das funcionárias mais importantes e ainda não sabia bem a razão.
Alexandra não só aprendeu como eram os métodos de trabalho do Instituto, como aprendeu tudo aquilo que os quinze livros que lhe foram dados, para estudar um mês antes de ingressar definitivamente nas pesquisas. Não tinha acabado a licenciatura e não possuía mais do que duas cadeiras concluídas a nível de ensino superior para não falar que Alexandra nunca tinha lidado com tais problemas e fórmulas que eram básicas para quem trabalhava no instituto. A maior parte das pessoas reconhecia nela, uma pessoa completamente deficitária em relações sociais, todas as conversas que tentavam manter com Alex eram rapidamente finalizadas e dadas por concluídas durante um longo período de tempo. Gostava de ficar sozinha no seu gabinete, gentilmente cedido por um homem que nem sequer sabia o nome, e a sua única função era dizer se concordava com os procedimentos que cada plano apresentava. Nunca teve muita curiosidade sobre o que realmente se passaria por detrás de todos aqueles planos, já que todos passavam pela alteração de moléculas, partículas e de métodos em relação a um dado número de experiências e quem estava a cargo das experiências também não parecia muito disposto a dar a conhecer a Alex a verdadeira pesquisa.
Tratavam-na sim como uma experiência. Como é que alguém sem um bom suporte universitário pode ser uma funcionária ativa de uma das mais prestigiadas equipa a nível biotecnológico? Alexandra não compreendia e cada vez que tentava fornecer a si própria uma razão plausível para tal acontecer não chegava a nenhuma conclusão. É verdade que tinha uma memória fotográfica e que possuía uma enorme habilidade para computadores mas ainda assim não conseguia compreender o porque daquilo tudo.
Sabia muito bem que não era a pessoa mais simpática do mundo e aliás gostava de ser assim, odiava quando se intrometiam na sua vida e detestava quando tentavam tomar conta dela como se fosse um ser frágil só por ter pouco mais de metro e meio e ser uma rapariga escanzelada. Conseguia muito bem tomar conta de si mesma e foi por isso que saiu de casa cedo, logo aos 17 anos, por pensar que quanto mais cedo saísse da alçada da sua mãe mais independente se tornaria. Começou por ganhar algum dinheiro com uns trabalhos que fazia na internet para pessoas anónimas, muitas das vezes investigações particulares ou apenas saber alguma informação regular, mas pouco tempo depois a mãe morrera e deixara-lhe uma herança considerada “jeitosa” e decidiu deixar de fazer investigações para alguém e passou a fazer as suas próprias pesquisas.
Saiu de casa e foi de moto até ao INPB onde estacionou na garagem exclusiva para funcionários. Subiu de elevador até ao piso 2 e esperou que Mikael chegasse para lhe dar indicações sobre o que teria de fazer de novo naquele dia.
~Obrigado pessoal por lerem o primeiro capítulo! Eu não tenho muito jeito mas como gosto de escrever decidi partilhar com vocês.
Eu sou o Rodrigo, mas tratem-me por Rodry. (Agora estamos oficialmente apresentados)
Espero que continuem a acompanhar a história porque nem sabem as reviravoltas e descobertas que vão haver lá para a frente.
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A Experiência
Science FictionQuando Alexandra é obrigada a sair do Instituto Superior onde estudava Antropologia e se vê obrigada a trabalhar no Instituto Nacional de Pesquisa Biotecnológica a sua vida muda. Descobre que não é quem pensava que era e que a sua vida sempre foi um...