1. Perfeição soa contraditório

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A noite estava fria feito gelo, fazendo todos abraçarem-se em uma tentativa falha de esquentar-se. A lua pendia misteriosamente naquele cenário azul escuro que era aquela noite, deixando no céu uma grossa camada de nevoeiro.

Era claro que aquele era um episódio perfeito para as maldades espalhadas pela cidade, mas Robert Parker sequer imaginara.

Os passos eram dados rápidos, ligeiros, por conta do frio que o atingia e o medo que o aflorava. Acabara de sair do Laboratório especializando em curas em que trabalhava incansavelmente em seu projeto secreto, mesmo passando da sua jornada de trabalho.

Aquilo era a sua vida, e Robert estava quase pronto para mostrar ao mundo. 

Em meio aquela noite fria, o homem conseguira sorrir. Sua esposa o aguardava em casa e suas gêmeas deveriam estar dormido calmamente em seus berços.

Sua vida estava mais que perfeita.

"Me espere, meu amor." O homem dissera a Suzie, sua esposa. "Voltarei para casa."

Seu trabalho e sua vida estavam em uma balança equilibrada milimetricamente, fazendo com que ambas estivessem perfeitas e com desempenhos mais que corretos nessa engrenagem gigantesca que é a vida. Era tudo um grandioso sonho, fazendo com que o homem realizá-se a cada passo.

Esse era o seu momento de glória.

O sorriso do homem continuou a alagar-se a medida que caminhava para casa, já que seu carro estava no concerto. Já não tinha mais ônibus naquele horário, por isso caminhar o pequeno trajeto é a sua única saída.

Robert colocara as mãos nos bolsos, contente. Permitiu-se relaxar os ombros e suspirar.

Em um ato rápido demais, um homem surgira do beco ao lado. O empurrara com força, fazendo-o cair no asfalto gélido. Robert caído do chão sentia as dores do empurrão.

"O que está acontecendo?" O homem perguntara ao outro indivíduo, que deparava-se em sua frente. "Quem é você?"

O indivíduo tirara da cintura um revólver prateado que brilhava entre os dedos, fazendo os pelos de Robert eriçarem-se. Apontara para a cabeça do homem, equilibrando a arma na mão.

"Eu quero o seu celular e a carteira. Agora!" O homem misterioso gritara para a versão aterrorizada de Robert, que estremecia a cada palavra dita.

Robert Parker não poderia dar seu celular. Todas as anotações do seu incansável trabalho estavam listadas nas notas do aparelho, já que a noite acordava tendo na mente alguma fórmula perfeita. Pegar o computador poderia acordar sua esposa e filhas, por isso era apto ao documentos do celular.

Ele iria perder tudo. Esquecia-se de fazer rotineiramente o backup dos arquivos.

"Claro, claro." o homem dissera, levantando suas mãos como as que pede calma. "Eu só preciso levantar para pegar o celular. Está no casaco."

O assaltante concordara, mirando a arma para o corpo de Parker.

"Nem tente gracinhas!"

Robert levantava-se com cautela, observando cada ação do assaltante. Em pé, ensaiava um tentativa de fingir buscar o aparelho nos bolsos da calça traseira, enquanto pensava no que fazer. Dar o celular estava fora de questão.

Então tudo acontecera.

O pior pesadelo para o homem.

Robert Parker levara um tiro no estômago, em sua tentativa falha de correr do assaltante.

Ele não iria voltar para casa naquela noite.

Ele não volta para casa hoje Onde histórias criam vida. Descubra agora