Capítulo 23.

127 4 22
                                    

Narrador (a): Carlos

Todo mundo que me conhece sabe que eu tenho fobia de cães. Esse medo tem origem nas histórias que a minha mãe me contava quando pequeno. E toda vez que eu vejo um cachorro, saio correndo como um menininho de cinco anos. E foi exatamente isso que aconteceu no treino de hoje. Nós estávamos fazendo um treino pra saber quem corre mais rápido. Enquanto eu corria, um cachorro apareceu. Eu fiquei apavorado e saí correndo sem ao menos saber pra onde ia. Agora eu estou em cima de uma árvore e os meus amigos estão tentando me convencer a descer.

Jay: - Carlos De Vil, desce dessa árvore agora mesmo!

Carlos: - Não desço, não desço, não desço.

Ben: - Dá pra alguém me explicar o que tá acontecendo? Porque ele tá assim?

Diego: - O meu primo tem fobia de cães, mesmo nunca tendo chegado perto de um. Segundo ele, são criaturas cruéis que transmitem raiva e estraçalham pessoas.

Ben: - Quem falou isso pra ele?

Jay: - A dona Cruella. Esse medo que o Carlos tem de cães provém das histórias que ela contava pra ele.

Carlos: - A minha mãe é especialista em cães. É uma mal tratadora.

Jay: - Carlos, desce dessa árvore.

Carlos: - Eu não vou descer!

Diego: - Carlos, esse cão não vai te machucar.

À contragosto, eu desci da árvore e o Ben colocou o cachorrinho nos meus braços. Ele se aconchegou em mim. No começo, eu fiquei incomodado, mas acabei fazendo carinho nele. Parece que o time ganhou um mascote.

Jane: - Ele é muito fofo.

Carlos: - Ele não se parece nada com um animal cruel que transmite raiva.

Jane: - Você e os meninos já pensaram no nome dele?

Carlos: - Eu já escolhi o nome.

Jane: - Como ele vai se chamar?

Carlos: - Dude. Ele vai se chamar Dude.

Nós resolvemos deixar o Dude com o Ben. Até porque se eu, o Diego ou qualquer outra pessoa da minha família aparecer com um animal de estimação em casa, a primeira coisa que a minha mãe vai fazer é querer arrancar a pele pra fazer um casaco. Mas assim que eu estiver pronto pra assumir os negócios, a primeira coisa que eu vou fazer é doar parte da fortuna da família pra uma instituição de animais.

Narrador (a): Aziz

A conversa com a Freddie foi ótima. Eu precisava me abrir com alguém. O bom disso tudo é que eu estou me sentindo mais leve. Mas segundo ela, eu só vou poder me libertar depois que eu falar o que eu sinto. Por mais que falar a verdade seja a coisa certa, eu não quero perder a amizade do Jay e da Lonnie. Mas eu também sei que me afastar não vai resolver o problema.

Chad: - Oi Aziz.

Aziz: - Veio aqui levar uma surra?

Chad: - Vim aqui dizer que se você quiser ajuda pra tirar o Jay do caminho, tem em mim um aliado.

Aziz: - Chad, eu posso até amar a Lonnie. E se ela está feliz, isso me conforta.

Chad: - Pense bem no que eu disse.

Aziz: - Sai daqui agora antes que eu te dê uma surra.

Chad: - Eu tô querendo te ajudar!

Aziz: - Não Chad. Você quer se vingar do Jay pelo soco que ele deu em você quando éramos crianças.

Chad: - Eu não tenho culpa se o seu amigo é estourado.

Aziz: - Chad, você pode enganar quem quiser. Mas eu sei que você guardou muito rancor do Jay durante todos esses anos.

Chad: - Caso mude de ideia, você sabe onde me encontrar.

Se o Chad tá achando que vai se aproveitar de mim pra conseguir o que ele quer, tá muito enganado. O Li'l me disse que ele e a Audrey estão fazendo uma espécie de tortura psicológica na Lonnie. Eu até disse pra ela contar pro Jay, mas ela tá irredutível. Acha que isso vai estragar o namoro dos dois e que ele nunca vai perdoar ela. Eu sei que o Jay não suporta segredos e mentiras, mas eu conheço bem a minha amiga. Uma hora ou outra, ela não vai aguentar e vai acabar contando tudo.

Narrador (a): Lonnie

Eu não tô aguentando mais. Guardar esse segredo é como uma tortura que não tem mais fim. Se eu contar pro Jay, ele nunca vai me perdoar. Nem ele e nem os outros.

Li Shang: - Filha, eu posso falar com você?

Lonnie: - Pai, eu estou em uma encruzilhada.

Li Shang: - Lonnie, conta pra ele.

Lonnie: - Ele não vai me perdoar por isso pai.

Li Shang: - Quando a sua mãe descobriu que estava grávida do seu irmão, ela ficou desesperada.

Lonnie: - Eu imagino. Afinal o senhor e ela não tinham completado nem um mês de namoro.

Li Shang: - A sua mãe e eu tínhamos acabado de nos conhecer, mas quando eu vi ela pela primeira vez, eu me apaixonei por ela.

Lonnie: - Acho que o senhor soube que a mamãe era a mulher da sua vida assim que viu ela pela primeira vez.

Li Shang: - Apesar da idade, a sua mãe era bem independente.

Lonnie: - Ela ainda é.

Li Shang: - Você teve muito bem a quem puxar.

Lonnie: - O senhor nem pensou duas vezes antes de se mudar pra cá.

Li Shang: - Quando a sua mãe veio me procurar, eu fiquei surpreso quando ela falou sobre a gravidez. Ela tava desesperada. Mas eu surpreendi ela dizendo que ia me mudar pra cá. Ela disse que não queria me prender, mas eu já tinha me decidido.

Lonnie: - O senhor e o vovô Li vieram morar aqui. Depois o Li'l nasceu. E quando ele fez dois anos, a mamãe engravidou de mim.

Li Shang: - Você é uma menina muito amada. Não esqueça disso em momento nenhum.

Lonnie: - Eu nunca vou esquecer. Nunca.

O meu pai tem razão. Eu não vou baixar a cabeça. Eu vou enfrentar a Audrey e acabar de vez com essa tortura. Se ela tá achando que vai me chantagear, tá muito enganada.

Continua...

Descobrindo o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora