Deitei-me sobre a manta e Nina ao meu lado, com sua perna sobre mim e sua mão fazendo carinho no meu tronco. Cobri-nos com a outra manta e fiz carinho no seu cabelo. Observamos o sol nascer e refletir na água. Nina, depois, quis brincar com os peixes à beira da água, que sempre apareciam por ali. Eu fiquei ao seu lado e ela me empurrou para a água. E eu, carinhosamente, a mandei ir se foder. Ela riu de mim, com o cabelo molhado, as pernas nuas e usando apenas uma camisa minha, seus óculos para poder me enxergar e calcinha. Ela por inteiro é meu ponto fraco. Como cada super-herói tem sua fraqueza e sua fonte suprema de força, eu tenho a Nina. Ela é minha maldita kriptonita. Mas ela também é toda a força que eu nem sabia que tinha, e tenho.
⠀⠀⠀— Vai ficar me olhando com essa cara de bobão? — Ela semicecerra os olhos, com um sorriso cínico.⠀⠀⠀— Não me obrigue a sair da água e te jogar aqui dentro, Nina.
⠀⠀⠀— Acho que minha mãe deve estar querendo nos matar. — Ela sorri.
⠀⠀⠀— Ela deve mesmo. Mas ao menos estamos sóbrios e vivos. — Saio do lago. — Quer ir?
⠀⠀⠀— Acho que sim. Estou com fome e com frio. — Ela balança a cabeça.
⠀⠀⠀— Então vamos. — Beijo sua testa e a agarro, molhando-a.
⠀⠀⠀— Adam! — Ela bufa.
⠀⠀⠀— Vingança por ter me jogado na água, traíra. — Rio. Nina revira os olhos, mas ainda sorri.
Pegamos as coisas e voltamos para o carro. Estaciono na frente de casa, me enrolo numa manta e Nina faz o mesmo. Entramos em casa tentando não fazer um barulho sequer, mas sei que Tori já nos viu chegar.
⠀⠀⠀— Crianças. — Ela chama.
Eu e Nina nos entreolhamos e rimos baixo. Seguimos para a cozinha tentando conter o riso.
⠀⠀⠀— São quase sete da manhã. — Meu pai diz.⠀⠀⠀— Estamos vivos e sóbrios. É isso que importa. — Tento convencê-los.
⠀⠀⠀— Aonde estavam? — Tori arqueia as sobrancelhas.
⠀⠀⠀— No final do lago. — Nina diz.
⠀⠀⠀— Depois do baile, que estava muito chato, nós fomos nadar. — Dou os ombros.
⠀⠀⠀— Só nadar? — Ela parece desconfiada.
⠀⠀⠀— Sim. — Rio.
⠀⠀⠀— Ainda é virgem? — Tori pergunta à Nina. Não sei qual de nós dois fica mais corado.
⠀⠀⠀— Mãe, pelo amor de deus. — Ela abaixa a cabeça para encarar seus pés descalços
⠀⠀⠀— É só uma pergunta.
⠀⠀⠀— Sim, mãe. — Nina revira os olhos.
⠀⠀⠀— Disse que sou um bom garoto.— Pisco para Tori. Nina me olha com uma cara que diz: "Você é um safado."
⠀⠀⠀— Claro que é. — Tori volta a semicerrar os olhos.
⠀⠀⠀— Se divertiram? — Meu pai pergunta.
⠀⠀⠀— Sim, muito. Foi o melhor baile da minha vida. — Afirmo.
⠀⠀⠀— Adam foi o rei. — Nina diz. Seria essa uma vingança por algo?
⠀⠀⠀— E onde está a coroa? — Tori pergunta. — Posso colocar perto das minhas três de rainha do baile.
⠀⠀⠀— Eu renunciei. — Dou os ombros. — Só queria passar a noite com ela.
⠀⠀⠀— Sem tanta atenção, né? Eu adoro atenção. — Tori diz. Ela é maravilhosa.
⠀⠀⠀— Eu vou tomar banho. — Nina diz.
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O Silêncio Entre Nós
Roman d'amourHISTÓRIA EM EDIÇÃO | LEIA A INTRODUÇÃO Após a morte do pai de Nina Davis, ela desenvolve uma fobia social que a impossibilita de se comunicar com as pessoas de maneira direta, além de uma depressão severa que a mantém à margem do mundo, sempre tranc...