Ao fim da Escravidão
Quase da noite pro dia
Se criou pelo Brasil
Imensa periferia
Pois apesar de correta,
Foi uma lei incompleta
Que garantiu alforriaNegros podiam gritar
"Sou livre", bater no peito
Mas quase que era só isso
Nenhum reparo foi feito
Foram pro "mundo real"
Numa miséria total
E encarando preconceitoAssim, só morros e grotas
Foi o que deu pra arranjar
Pros filhos dos estrangeiros
Que à força vieram pra cá
Seu lar: favelas somente
E até hoje os descendentes
Não conseguem sair de láTodo o tempo que passou
Ainda não curou as dores
Daqueles que foram escravos
E hoje são trabalhadores
De trampos de exploração
Na mão de chefes que são
Netos daqueles "Senhores"Ao não querer contratar
Trabalhador por ser preto
Fazer piada no bar
Ou sorrir quando um suspeito
É morto por policiais
É que mais claro se faz
Esse imenso preconceitoQue vem desde a cor da pele
Na sua forma mais dura
Mas passa pelo cabelo
Lábio, nariz e cintura
Religião, capoeira
Deixando claro que a ira
É contra etnia, culturaAo tempo em que os negros lotam
Os complexos penais,
Os piores dos empregos,
Favelas das capitais
Herdeiros de escravagistas
Mandam em jornais, revistas,
Poderes municipaisSão donos de vasta terra
Pra plantio ou criação
Donos de bancos e ações
Tem cada corporação
Estão desde a monarquia
Nos poderes e autarquias
No mei da corrupçãoTivemos 'ma presidenta
Quando ela levou um baque
Não era ela e o partido
Quem sofria desse ataque
Mas toda essa multidão
Que essa elite de plantão
Quer que a atual crise pagueUma boa forma de ver
O que o burguês quer ou não
É ver as altas e baixas
Que têm na bolsa de ação
Que cai quando ele não gosta
Se gosta, aumenta a aposta
Eis a manipulaçãoO burguês é contra o povo
O lucro é o alvo primário
Não quer ver pobre crescer
Quer ver trabalho precário
Ah, se esse povo aprender
O que "a Bolsa" quer dizer
Só vai torcer ao contrário!Se você ver quem dizia
Ser contra a corrupção
Hoje está contra direitos,
Sociais e de expressão
Quer reduzir o Estado
Sabe o significado?
"Dane-se a população!"Nos botaram numa guerra
Não soube? Fique sabendo!
Essa burguesia está
Por trás desse golpe horrendo
Enquanto tu não acordar
Ver ao redor e lutar
Vai continuar perdendoVeja do golpe pra cá
Vê quanta corrupção!
PEC do teto dos gastos
A volta da escravidão
Pilhar direitos é norma
Temer não fez uma reforma
Só teve demoliçãoAcorda, vamos pra rua!
Sei que você pode e eu posso
Vamos lutar essa guerra
Unindo nossos esforços
Como nunca antes se viu
Recuperar o Brasil
Que não é deles, é nosso!– Cárlisson Galdino
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É Guerra!
PoetryÉ Guerra! é um cordel em setilhas (estrofes de sete versos com estrutura de rima xAyABBA) de redondilhas maiores (sete sílabas poéticas).