Sexta-feira, 05 de novembro, São Paulo, Brasil, 23:45
Eu simplesmente odeio hospitais, me fazem sentir um desespero enorme, são muito frios e tem cheiro de morte, não sei como tem gente que consegue trabalhar em locais assim. Não tem muito tempo que vim em um hospital pela última vez, faz mais ou menos uma semana, desde a última vez que minha tia tentou se matar.
Ficar horas e horas naquele hospital esperando notícias da minha tia Elizabeth estava sendo torturante, ela era a única pessoa que eu tinha, cuidou de mim a vida inteira, largou o emprego e a faculdade para me criar. Ela tinha só 22 anos quando tomou essa decisão, acho que no lugar dela eu não faria isso, sei lá, é muita responsabilidade cuidar de uma criança, ainda mais tão nova. Ficar ali, sem fazer nada, apenas orando por ela me fazia pensar no passado, no meu passado, vou fazer um breve resumo da minha história.
Eu nasci em Los Angeles, o nome da minha mãe era Clara, meu pai se chamava Lucas. Eles se conheceram na casa de strippers onde minha mãe trabalhava, mas calma, ela era só garçonete. Eles se separaram logo que eu nasci, minha mãe mudou-se para São Paulo, ficamos morando na casa da minha tia Elizabeth até que ela fugiu com um dos namorados dela para a Nova Zelândia. Minha tia até tentou estudar e trabalhar enquanto cuidava de mim, mas era impossível, então ela largou a faculdade de psicologia e o emprego no escritório de uma empresa que fabrica ração, passamos a viver com a pensão que ela recebia desde a morte do meu avô, que era funcionário público na época. Nos mudamos para um apartamento perto da avenida Paulista, que era um pouco maior que o antigo. Quando eu tinha quinze anos ela se casou com meu tio Renato, que ele conhecia desde a escola, mas depois de três anos ele morreu numa tentativa de assalto. Minha tia entrou em uma depressão profunda depois da morte dele, e por conta disso acabou tento transtornos alimentares, agora, quase quatro anos após a morte do meu tio, ela está internada passando por uma cirurgia muito séria, ela tentou tirar a própria vida por overdose, pela segunda vez em uma semana, mas graças a Deus eu cheguei da faculdade a tempo de trazer ela para o hospital.
Eu estava ali, na sala de espera do hospital sozinha, todas as pessoas que já estavam lá e até mesmo as que chegaram depois de mim já haviam ido embora, algumas felizes pois a cirurgia foi um sucesso, outras péssimas porque perderam alguém que amavam. E era disso que tinha medo, de voltar arrasada para casa, eu não podia perder a única pessoa que eu tinha, a mulher que me criou. Enquanto eu estava ali, tentando me distrair pensando nos trabalhos da faculdade, tive a ideia de ligar para a Alice, minha melhor amiga desde o primeiro ano do ensino fundamental.
-Oi Iris, como ela está? A cirurgia já acabou?
-Eu ainda não sei, ela ainda tá lá, ninguém veio me trazer notícias ainda, eu tô preocupada
-Quer que eu vá aí ficar com você? Pelo menos te fazer companhia
-Era isso que eu ia te pedir
-Vou tentar chegar aí o mais rápido possível, fica bem.
-Eu vou tentar
Depois que ela desligou eu comecei a chorar, a fixa tinha caído, a chance dela sobreviver era mínima, eu ia perder a pessoa que me criou, e isso estava doendo muito, eu não estava preparada, na verdade eu acho que nunca estamos preparados para perder quem amamos.
A falta de notícias estava me deixando desesperada, nenhum médico nem se quer parava para falar comigo, então eu decidi ir na recepção ver se alguém ali poderia me ajudar.
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Destiny
FanfictionIris Apatow é uma jovem de 22 anos que vive no Brasil com sua tia desde que sua mãe a abandonou quando ela tinha apenas cinco anos, mas, um acontecimento brutal muda sua vida drasticamente. Ela se vê obrigada a largar tudo no Brasil e voltar para Lo...