Capítulo I

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DOIS LADOS DE UMA MOEDA – PARTE 2

CAPÍTULO I – O Retorno do Passado

– MARJORIE?

E simples assim, a vida de Beatrice virou de cabeça para baixo. Ela não tinha reconhecido a irmã, que está ali em pé e viva – o cérebro dela não conseguia processar essa informação ainda – mas com certeza, aquela era Marjorie. O rosto dela não estava assim tão diferente do de Beatrice, e era uma sensação tão estranha ver aquela face de novo, todas as semelhanças que elas compartilhavam, ainda compartilham, ver todas aquelas características que por tanto tempo ela só via no espelho, agora no rosto da irmã, uma coisa que ela achou que nunca mais veria. Parecia errado.

Talvez porque devia ser errado. Marjorie não podia estar ali, de jeito nenhum. E talvez porque mesmo que ela ainda parecesse ser a mesma, alguma coisa dizia que aquela mulher não era a irmã que Beatrice perdeu a muito tempo atrás.

Uma das coisas que fez com que Beatrice pensasse isso foram as roupas que Marjorie estava usando: uma blusa listrada preta e branca que ia até um pouco acima do umbigo, a calça legging preta, os sapatos pretos e a bolsa de penas também preta. Talvez esse fosse só o visual do dia, mas Beatrice tinha uma sensação de que a predominância do preto era alguma mensagem que ela não sabia se queria realmente entender.

Outra coisa foram os olhos de Marjorie. Eles não tinha mais o brilho de curiosidade de antes, aquela faísca de vida que estava sempre acesa. Beatrice reconhecia aquele olhar, porque era o que ela encarava quando olhava no espelho.

A última coisa – a que confirmou que Beatrice estava certa – foi Marjorie, que despertou do choque primeiro, empurrar Beatrice no chão e tentar fugir.

Castiel, que para o consolo de Beatrice também tinha congelado, pisca atordoado e se apressa a ajudar a namorada a se levantar. Marjorie já estava a meio caminho de volta a escada, mas Castiel corre e a agarra pelo braço, e Marjorie começa a se debater. Beatrice se aproxima da irmã, mas antes que possa abrir a boca para fazer qualquer pergunta, a porta da sala se escancara e três homens de vestes de um verde intenso entram na sala com varinhas apontadas para os três e gritando para se entregarem. Beatrice reconhece o símbolo nas roupas deles – porque é claro que para a situação piorar, só faltava o Conselho Brasileiro, não é mesmo?

Marjorie, aproveitando da distração, acerta o nariz de Castiel com a testa – desde quando ela sabe fazer isso? – e atira um feitiço nos homens do Conselho, causando uma confusão. Em algum momento, Beatrice e Castiel acabam ficando para trás lutando com os homens, enquanto Marjorie foge pela porta e desaparece no corredor.

E porque Beatrice estava com raiva daqueles idiotas terem estragado a chance que ela tinha acabado de ganhar com a irmã (para fazer o que, ela não sabia), e com raiva da Marjorie por estar viva e nunca ter procurado a família dela, e com raiva do universo ou destino ou quem quer que fazia a vida dela ser tão complicada assim, ela aponta a varinha para cima, e com um Bombarda, faz com que todas as poções nas paredes desabem em cima de tudo e todos, e em algum lugar ao fundo da sala um fogo se inicia. Com fumaça e restos de poções atrapalhando a visão dos homens do Conselho, ela e Castiel conseguem sair da sala e ir atrás de Marjorie.

Na sala de espera as pessoas que aguardavam sua vez já não esperavam com calma. A maioria estava de pé, gritando que queriam reembolso e sacudindo punhos no ar na direção de Marjorie, que tentava escapar pela porta.

Beatrice agarra a mão de Castiel e corre acena a varinha, lançando um feitiço para afastar todos do caminho, e eles alcançam Marjorie quando ela passa pela, e Beatrice agarra um braço dela justo quando Marjorie tenta aparatar para longe dali.

Dois lados de uma moedaWhere stories live. Discover now