blue neighborhood 乂 jung kook, troye sivan

Meio de outubro, 2015.

 Jungkook.

 —  Filho? — Senti as mãos de minha mãe me balançando, eu havia adormecido ajoelhado a cama de meu pai. Ontem ele teve complicações respiratórias, então não quis sair de perto dele.

Eu despertei coçando um pouco os olhos.

—Eu tenho uma surpresa pra você.  —  Minha mãe disse, acariciando minhas costas com o polegar, eu olhei para ela, e seu olhos se direcionaram a porta com um sorriso discreto, então me virei para olhar, e vi duas pessoas parada no batente da porta.

Pisquei para melhorar a minha visão e meu rosto se iluminou ao reconhecer quem eram.

 —Você pode brincar?  —perguntou Taylor segurando um buquê de flores nas mãos, assim como Maia que não conseguia conter seu entusiasmo em me ver dando vários pulinhos.

Eu corri em direção delas, e as abracei ao mesmo tempo, minhas melhores amigas estavam ali, meu coração se encheu de alegria.

— Sentimos tanta sua falta! — Maia disse enquanto nos abraçavámos.

— Eu a de vocês! — Olhei para cada uma. 

—Trouxemos flores— Taylor balançou o buquê em suas mãos quando as soltei.

—São lindas, muito obrigada — Peguei os buquês das duas, minha mãe apareceu logo atrás de mim.

—Deixe que eu ás guardo, vocês podem sair para conversar. — Ela pegou as flores de minhas mãos.

Sei que ela queria que eu me distrair-se um pouco dessa situação mas fiquei um pouco mal em deixar ela e meu pai sozinhos.

—Mas e o meu pai? —  Meus olhos pararam nele por uns segundos antes da voz de minha mãe voltar a ficar nítida em minha mente.

Ele parecia tão frágil.

— Amor está tudo bem, aquilo só foi um susto...vá conversar com suas amigas. — Minha mãe insistiu.

Eu lhe dei um beijo demorado na testa, e segui para fora da sala com Taylor e Maia que se despediram da minha mãe antes se sair.

***

Fomos para um café que tinha perto do hospital.

O  lugar estava um pouco cheio mas ainda sim quieto, talvez por ser cedo e as pessoas ainda estarem sonolentas.

Aliás quantas horas eram?

Sentamos na mesa mais afastada o que deixou tudo mais íntimo e confortável, mesmo ali ainda sendo uma mesa de um estabelecimento.

 —Ei, como você está?  —Maia perguntou colocando suas mãos sobre a minha.

—Eu não sei direito, tudo ao meu redor parece...— abaixei a cabeça. —estar desmoronando, mas eu não posso desmoronar junto.

Não era fácil para mim contar o que estava sentindo, mas com elas as palavras saiam de minha boca sem eu perceber.

—Você não vai, não vamos deixar — Taylor disse pousando a cabeça em meu ombro e colocando seu braço em volta do meu. Ela estava sentada ao meu lado enquanto Maia estava de frente para nós.

—Nós... —Taylor disse devagar, querendo dar tempo para o que diria a seguir.  —achávamos que seu pai estava se recuperando.

Eu esbocei um sorriso triste.

—E ele estava, eu acho. Mas piorou de novo, ai melhorou de novo, depois piorou novamente— Eu soltei um profundo suspiro,meus olhos se encherem de lágrimas. — Eu não sei o que está acontecendo, um dia eu tenho certeza de que vou perdê-lo, mas em outra não e isso está...  —uma lágrima escapou, então as limpei com meus dedos.  —acabando comigo.

Taylor ainda estava abraçada a mim, e quando olhei em seus olhos ela estava chorando e Maia também, não queria ver minhas amigas chorando por minha causa, então precisava mudar de assunto.

—Sinto tanto a falta de vocês — Eu disse entrelaçando meus dedos a de Taylor, e com a outra mão as de Maia.

—Não mais que nós!  —Taylor disse fungando um pouco para afastar as lágrimas.

—A escola está um saco sem você. —Maia disse esboçando um sorriso em meio as bochechas molhadas.

—Sem falar nessa daí com o Brian...—  Taylor apontou para Maia. —o Troye encontrou pequenas evidências de um possível casinho entre eles. — Ela olhou para Maia, que a repreendeu com os olhos.

Mesmo não querendo demonstrar, só de ouvir o  nome dele, meu coração batia mais rápido e meu rosto automaticamente se entristecia.

Como sempre a culpa vinha junto, eu não tinha o direito de sentir a falta dele mas sentia e isso era uma coisa que eu não podia controlar.

— D-Desculpe - Taylor disse sem jeito.  — eu disse o nome dele sem mesmo saber se está confortável com isso...

—Está tudo bem.

—Eu queria muito que vocês se entendessem - Maia disse.

Eu a respondi com um sorriso de lado, queria que fosse fácil, como Maia disse mas ela não sabia, não sabia nem da metade.

Depois de um tempo quando chegou os três chocolate quentes que havíamos pedido, quebrei o silêncio que se instalou sobre a nossa mesa.

—Tay me conte as evidências para eu pode saber se eles estão ou não apaixonados um pelo outro.  — pude ouvi Maia bufar colocando a mão na testa. O que me fez rir.

O rosto de Taylor se iluminou, ela pôs os cabelos atrás das orelhas e começou a contar tudo, com pequenas interrupções de Maia para dizer "Olha, não foi bem assim que aconteceu"

Aquele tempinho com elas, rindo e conversando me fez pensar na noite da cabine fotográfica, onde era apenas todos nós juntos e o vento em nossas caras.

Onde eu era eu.

Não um garoto cheio de culpas.

Com elas aqui senti a faísca desse Jungkook florar.

Fiquei feliz por isso.