Holometábolo

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Eu estou aqui para afirmar com toda certeza do mundo que você, Jungkook, é um ser holometábolo.

Onde já se viu dizer que seres humanos possuem tal estilo de vida? Não seriam característica essa única dos insetos?

Onde já se viu dizer que um garoto no auge da sua maioridade, com ossos feitos de cálcio ser comparado a animais que possuem exoesqueletos quitinosos.

Todos devem estar pensando: ''Ah, esse Park Jimin é um garoto esquisito.''

Eu sou esquisito mesmo, faço as comparações mais loucas que se pode imaginar, mas sabe qual é o choque que todos sentem ao terminarem de ouvir a minha fala? Mesmo que seja estranho, faz sentido.

Então por favor. Tranque o maxilar e não deixe que sua língua juntamente com suas cordas vocais me julguem antes de me ouvir.

Me desculpe o transtorno, eu não quero ser grosso.

Eu só preciso falar do Jungkook.

Ele fazia aulas de dança. Minha irmã fazia aulas de dança. Eu não fazia aulas de dança, mas eu ia buscar minha irmã nas aulas de dança.

Ele estava lá, dançando. Nunca irei me esquecer da música ''Save Your Goodbye''.

Ele se movimentava sozinho pela sala com as luzes baixas acompanhando o ritmo da música com tanta facilidade que até parecia ser uma tarefa fácil essa de dançar.

Eu não sabia onde estava a minha irmã e sinceramente não me importava saber. Eu precisava chegar mais perto, precisava sentar ali a sua frente e ser a sua mais contente e encatada platéia, porém com um puxão na manga do meu moletom fui impedido de entrar na sala.

Minha irmã estava escondida no escuro juntamente com outras garotas. Todas agachadas e juntinhas olhando encantadas para o garoto na sala, fui convidado a me juntar a elas e claramente não recusei, pois eu também queria assistir.

Eu não vou mentir para você, naquele momento eu senti aquela coisa estranha que sempre acontece nos filmes, mas que eu acreditava fielmente que era tudo invenção da dramaturgia para que o amor seja mais bonito.

Pasmem, isso acontece de verdade.

Quando ele terminou a coreografia, ele sorriu. E nossa, que sorriso. Juro por Deus que nunca senti coisa tão estranha agitar o meu estômago, nem quando eu comi uma coxinha estragada na lanchonete da escola.

E sobre o meu coração. Ele parecia uma locomotiva, parecia um tambor insistente de um ritual satânico. Satânico mesmo, porque o que esse garoto fez comigo com apenas um sorriso só podia ser trabalho do coisinha lá de baixo.

Eu pensei: ''Que Deus me defenda, que eu não tenha me apaixonado.''

Mas eu me apaixonei. Você consegue entender a gravidade disso? Se apaixonar?

Ah... Nem eu entendo, mas sei que é grave. Se apaixonar é como se jogar de um penhasco sem paraquedas e nessa queda você tem dois destinos: quebrar a cara no chão ou ser salvo por alguém. Obviamente o mais provável é quebrar a cara no chão e olhando pr'aquele garoto tão bonito, tão cheio de qualidades cheguei a rápida conclusão de que em minha queda livre eu iria me estabacar.

Foi paixão à primeira vista. Só para mim, eu acho.

Minha irmã fazia aulas de dança todas as segundas e quartas, ele fazia aula de dança todas as segundas e quartas. Eu ia buscar minha irmã todas as segundas e quartas.

Antes eu ia buscá-la obrigado, achava um saco ter que recusar os convites para lanchar dos meus amigos para buscar a minha irmã. Mas de repente eu estava correndo para chegar na escola de dança antes das aulas chegarem ao fim, apenas para vê-lo dançar.

Efêmero; jikookWhere stories live. Discover now