Adrenalina

Sozinhos.

Jaebum desacelerou o carro ao chegar perto da casa de Youngjae, mudando a estação de rádio e tirando os óculos escuros que o deixavam sem ver praticamente nada enquanto dirigia — ou pelo menos era isso que o mais novo dizia. Na porta de casa, esperando enquanto ouvia alguma música calma em seu fone, o melhor amigo batucava os dedinhos pequenos na coxa farta coberta pela jeans de lavagem clara apertada, murmurando com um bico encantador nos lábios a letra da melodia. O moletom preto era o dobro de seu tamanho, mas isso na concepção de Jaebum apenas o deixava mais fofo do que ele já era, ainda mais em acréscimo com os tênis de salto alto, afinal Youngjae odiava se sentir menor que o melhor amigo e sempre procurava ficar pelo menos na altura deste, usando e abusando de pares altos e de tonalidades escuras. Quem quer que visse ambos juntos duvidaria das intenções do mais velho, afinal alguém com um piercing no meio dos lábios, dirigindo um carro mais caro que uma casa e usando uma jaqueta de couro preta com certeza não era apenas amigo de alguém pequeno e gracioso como Youngjae.

Ao parar em frente a simples residência dos Choi olhou pelo vidro fechado o amigo se levantar e pegar sua mochila, retirando os fones e os enfiando no bolso do moletom. Destravou as portas do carro ao vê-lo se aproximando, e logo o carro foi preenchido pelo perfume suave de Youngjae. Jaebum não conseguia mais olha-lo sem demonstrar admiração nos olhos rasgados, tudo nele encantava ao ponto de deixar o restante do mundo inteiro sem brilho.

— Não adianta fingir que não estava correndo e que não estava ouvindo música alta, hyung. Eu te ouvi mesmo usando os fones — soltou um risinho debochado, abrindo o porta luvas e retirando os óculos escuros — Por que os tirou? Você não me engana mais.

— Bem, eu preciso tentar algumas vezes — rolou os olhos com um sorriso em seus lábios, brincando com Youngjae quanto aos óculos — Você fica bem com eles.

— E você fica bem sem eles. — retrucou soltando um risinho, guardando o óculos novamente no porta luvas.

— Um dia você vai entender porque eu vivo do jeito que vivo, e vai querer ser igual — cantarolou dando partida, ouvindo a gargalhada gostosa de Youngjae.

— Quando esse dia chegar você vai entender que precisa me internar, hyung.

Jaebum mirou o sorriso enorme no rosto bonito, não contendo um sorriso. Ele faria Youngjae entender.

***

Jaebum hyung: Youngjae-ah, vamos sair juntos hoje?

Jaebum hyung: Só nós dois, por favor. Eu quero te mostrar uma coisa.

Jinyoung sentiu o tremor do telefone de Youngjae dentro da bolsa do mesmo, não demorando em pega-lo e alertar o mais novo.

— Ei, chegou uma mensagem do Jaebum hyung.

— O que ele quer? — perguntou enquanto digitava algumas coisas no computador, sequer olhando para Jinyoung.

— Ele quer que vocês dois saiam hoje, sozinhos — enfatizou a última palavra, finalmente recebendo atenção do mais novo.

— Isso é estranho — checou o telefone para ter certeza — Jaebum não me chama pra sair faz um bom tempo, ainda mais sozinhos.

— É porque você simplesmente parou de aceitar os convites dele quando percebeu que já não sentia mais amor de amigo, Youngjae.

O mais novo corou envergonhado, acertando um tapa certeiro no braço de Jinyoung, que riu sonoramente.

— Quantas mentiras, hyung!

— É verdade Youngjae, apenas admita isso e saia livre de sua culpa. — soltou um risinho — Você deveria ir, ele está perguntando de forma fofa e tenho certeza que ficaria chateado se você negasse outra vez. Fora quê, recusando esse convite, você apenas me prova que só não saí mais com Jaebum porque gosta tanto dele que vê-lo apenas como amigo dói.