Sentia meu corpo flutuar como se estivesse em uma nuvem em um daqueles sonhos de criança, e a única coisa que lembrava era ter visto meu celular tocar e logo depois apagar completamente. Ouvia vozes ao meu redor que diziam coisas que não compreendia, tentava abrir meus olhos e eles não respondiam, a única vez que consegui abri-los vi somente luzes e rostos embaçados e logo meu rosto foi coberto por uma espécie de máscara e senti algo frio invadir meu corpo e foi aí que percebi que estava em uma ambulância. Meu corpo inteiro queria se mover, mas algo não estava bem tanto que ele não respondia e eu não saia do lugar, mãos passavam por mim e algo perfurou minha pele e automaticamente lágrimas dispararam a cair, não de tristeza e sim medo, eu estava em uma ambulância à caminho de um hospital e não entendia o motivo ainda, eu estava sozinho e a única pessoa com quem poderia contar estava a um oceano de distância, entretanto tinha Kaya mas depois do que fiz ele não iria nem mesmo querer me ver e isso doía mais do que eu imaginava, a única coisa que eu queria era alguém ali comigo e nem mesmo isso eu tinha.
Meu corpo pesava e assim que adentrei no hospital e na maldita salinha onde estava sendo atendido senti meu coração disparar, está deve ser a pior parte de estar acordado em um momento como esses, o desespero e a sensação de que tudo de ruim poderia acontecer. Senti as lágrimas caírem contra minha vontade eu não queria chorar, mas também não conseguia controlar, não tinha a quem chamar não tinha ninguém ali com quem eu pudesse contar naquele maldito país e é em momentos como esse que a sensação desamparo e pior a saudade chega sem dó ou piedade.
— Casa...
Senti meus pulmões fecharem e todo o ar que tinha em meu corpo sair e a sensação de sufocamento começou, tentar respirar era uma tortura sentia minhas narinas e tudo dentro de mim queimar e doer e novamente veio a máscara em meu rosto e a tontura voltou. Eu não entendia nada que os médicos falavam, e eu tentava falar e pelo jeito não entendiam até que ouvi uma voz familiar, alguém ali falava minha língua alguém ali me entenderia.
— Por favor...Eu... por favor – Minhas palavras não saiam, na verdade não sabia o que dizer.
— Calma vai ficar tudo bem você só precisa relaxar se acalme por favor que vai melhorar logo.
— Não consigo... respirar.
— Acalme-se vamos resolver isso.
Eu não vi o rosto direito, mas por algum motivo a voz me acalmou e logo parei de me mexer na maca, eu precisava me acalmar ou não sairia dali e esse era meu medo. Tentei respirar, e novamente foi difícil, mas pelo menos dessa vez consegui puxar um pouco de ar o que aliviou um pouco minha tensão. Fechei os olhos enquanto os médicos ainda trabalhavam e deixei meu pensamento voar para longe do Japão, do hospital e de tudo que tinha relação a esse país era melhor assim, era melhor sonhar que ainda estava em casa. Entretanto algo mudou e quando lembrei de casa, novamente o ar fugiu de meus pulmões e dessa vez chorei, mas não de tristeza e sim de dor.
* * *
Era óbvio que Jill não iria me atender principalmente depois de bater em seu rosto, algo que me arrependi um segundo depois de fazer, jamais me imaginaria fazendo isso principalmente com alguém que gostava, entretanto já havia acontecido não tinha como voltar e impedir que a discussão acontecesse, nem eu nem ele voltarmos, porem o que mais doía era a falta de explicação a respeito da reação de Jill por isso ainda queria entender o porquê de ele agir daquela maneira.
Liguei uma última vez e ele atendeu, mas não era ele na linha, era outra voz, a de uma mulher que soava preocupada e enquanto ela falava ouvi sirenes ao fundo e o barulho era inconfundível, se tratava de uma ambulância.
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Gist of Dew
Roman d'amourO destino sempre mostra suas garras, haja quem se surpreende no momento mais inusitado. Jill se perdia numa gigantesca tormenta chamada Kaya com apenas um sorriso, mas o medo de acreditar nas possibilidades tornavam as coisas complicadas. Como se nã...