Emancipare

Libere suas cordas.

Quando Jaebum recebeu uma carta da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts ele nunca pensou que realmente fosse um bruxo. Apenas entendia que era esquisito, fazia coisas se moverem e sem querer desligava todas as luzes da casa em um instante, recebendo vários sermões por sempre ser aquele perto do painel de luz — sem sequer ter aberto o painel, apagando tudo usando uma força mística. No entanto, ali estava. No quinto ano, observando o céu azul pela janela da torre norte, de dentro da sala de adivinhação. Trelawney falava de um jeito esquisito, gritando a plenos pulmões e prevendo coisas ridículas, como sempre. Seu tédio era visível apenas pelo jeito que apoiava a cabeça nas mãos, procurando fitar qualquer outra coisa que não fosse o fundo daquela xícara velha recheada de coisas estranhas e nojentas.

Nunca em seus dezesseis anos quis tanto estar em uma das aulas de Snape, ouvindo xingamentos ao invés de previsões sem base ou fundamento. Entretanto era obrigado a estar ali, ainda mais com Jinyoung tão interessado do seu lado, aprendendo tudo que podia até não conseguir mais aguentar e tentar sobrepor seu próprio conhecimento ao de Sibila, causando espasmos de raiva na mulher por não conseguir controlar a boca do aluno. A casa da Corvinal deveria ser muito orgulhosa do Park, afinal ele sempre estava se mantendo acima dos padrões impostos pelos próprios diretores e procurando por informações quê, mesmo em sua maioria confidenciais, ainda eram verdadeiras e interessantes. Jaebum às vezes pensava se não precisava se inspirar mais no amigo.

— Jaebum, você ao menos ouviu alguma coisa do que ela disse? — recebeu uma cutucada de Jinyoung na costela assim que a aula acabou.

— Não, mas o céu estava muito bonito — comentou descendo as escadas, arrancando um grunhir do outro.

— Você perde tanta coisa sendo assim — suspirou — Faz jus a sua casa.

— Nós da Grifinória somos bravos e corajosos, e há muitos garotos e garotas inteligentes — estufou o peito ao falar — Ao contrário de certos sonserinos, prezamos muito mais do que nossa própria pele.

— Ew, lá vem você de novo — rolou os olhos — Só está dizendo isso por causa daquele garoto, Choi Youngjae.

— Aquele infeliz não tem a cabeça no lugar — rosnou — Como pode ser tão idiota? Ele sequer pediu desculpas depois de quase me empurrar da torre sul!

— Você esperava mesmo que ele fizesse isso? — bufou — Apenas de ver o uniforme com os bordados verde e prata eu já tento fugir, não sei porque você cismou de ficar bem no meio do caminho.

— Não tenho paciência com esse garoto — suspirou — Eu vou pro meu salão comunal, a gente se encontra na biblioteca depois?

— Sim, vou te esperar lá — acenou.

Retribuiu o aceno brevemente, voltando a enfiar as mãos dentro dos bolsos fundos. A escola estava se esvaziando aos poucos, logo estaria completamente deserta. O período de férias tinha finalmente chegado, e ao invés de ir para casa aproveitar Jaebum e Jinyoung haviam decidido ficar na escola, apenas porque queriam começar a estudar sério para os N.O.M.'s. O final do ano estava próximo, então quanto mais sabedoria acumulada melhor. O Park realmente não precisava ficar, era inteligente o suficiente para receber uma bela nota O — ótimo —, mas por não querer deixar Jaebum sozinho preferiu ficar. O Im se relembrava a todo o momento que precisava agradecer mais Jinyoung e parar de reclamar dos gostos pela leitura que ele tinha.

Seus amigos já estavam com os malões prontos, enrolando os cachecóis com cores vermelhas e douradas vivas em seus pescoços e chamando a atenção do Im. Sorriu fraco para alguns, acenando e desejando boas festas, recebendo vários incentivos para os estudos. Logo o quarto estaria vazio, e Jaebum se afundaria no livro Mil Ervas e Fungos Mágicos na tentativa de absorver muito conhecimento e não cansar tanto Jinyoung. Ao contrário do que suas notas mostravam, sempre conseguia aprender as coisas rápido, só nunca se esforçava o suficiente por causa da preguiça. Muitos colegas brincavam bastante sobre isso, mas sempre ignorava. Conhecia seus limites e vontades, gostava de ficar em sua área de conforto e raramente ia contra ela — e quando isso acontecia era porque ele geralmente estava sendo obrigado.