Capítulo 50

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Marisol e Evangeline faziam barulho por uma torcida inteira, enquanto Alexandra e eu apenas sorríamos e ficávamos afastadas para não levar cotoveladas. Mesmo com Veridiana quase me obrigando a ir no jogo e em casa a minha mãe me incentivando, eu não estava muito animada, mas ao ver o sorriso que meu irmão abriu quando me encontrou sentada nas arquibancadas fez com que tudo aquilo valesse a pena. Eles tinham razão afinal, as coisas podiam estar ruins, mas eu tinha que dar valor as coisas que ainda eram presentes na minha vida. Eu nunca fui nenhuma eximia fã de esportes, mas estava prestando total atenção e entendia vagamente, o suficiente para me juntar aos gritos de Marisol quando Jacob fez a jogada que encerrou o jogo e deu a vitória para nossa escola.

Eu não imaginava que podia ser assim, mas eu sentia um misto de empolgação e o mais puro orgulho. Desci as escadas junto com os outros alunos aos tropeços, e a cena que vi quando cheguei no campo me encheu de emoção assim como de uma felicidade plena. Os colegas de time tinham erguido Jacob, que ria como uma criança e gritava com o troféu nas mãos enquanto todo o nosso corpo estudantil entoava "Delacur, Delacur, Delacur.". Eu ri. E não sei se foi por instinto ou o que, mas meu irmão virou o olhar na minha direção, como se tivesse escutado minha risada por entre toda aquele barulho, e abriu um enorme sorriso enquanto fazia sinal para que os garotos o colocassem de volta no chão. Quando ele finalmente conseguiu descer, correu até onde eu estava ofegante, sujo e suado, mas com o sorriso mais contente do mundo.

—Eu... Eu pensei que você não viesse. - falou.

Sorri para ele.

—E perder o primeiro jogo seu que eu posso assistir? - perguntei chacoalhando a cabeça como se fosse uma ideia absurda. - Isso jamais.

Em apenas um gesto ele me ergueu em um abraço e me girou, me fazendo rir enquanto me segurava.

—Obrigado. - falou quando me desceu no chão. - Você não sabe o quanto foi importante para mim ter você ali assistindo, me apoiando.

Afastei os cabelos da sua testa e sorri para uma das pessoas mais importantes da minha vida.

—E eu me senti feliz por estar aqui por você. - falei. - E saiba que estou tremendamente orgulhosa.

Ele me abraçou novamente e eu não me importei se ele estava sujo e suado, apenas apertei meus braços ao seu redor. Eu realmente me sentia feliz, satisfeita por fazer um gesto mínimo e ter significado tanto para ele. Por ver aquele brilho quase infantil em seu rosto quando me viu, o mesmo de quando erámos crianças e eu comprava sorvete para ele escondido dos nossos pais. Ele deu um beijo na minha testa e se afastou, no exato momento em que Jasmine conseguiu sair do meio da multidão e começou a caminhar até nós. Seus olhos foram precisos ao encontra-la e neles haviam o mesmo sentimento com o qual ele olhava para os sorvetes que eu lhe dava quando criança, como se ela fosse a coisa mais fascinante do mundo. Eu não entendia tanto sobre o amor romântico, mas podia ver ele claramente brilhando na expressão do meu irmão ao olhar para sua namorada.

Me afastei dele com um sorriso e ele me olhou um pouco confuso.

—Vai lá e se divirta. É sua noite. - falei com diversão. - Você merece. Só não se empolgue muito, ainda está cedo para eu me tornar tia.

Suas bochechas ficaram vermelhas, mas ele sorriu.

—Oi Safira. - falou Jasmine com sua voz doce.

Dei um beijo em sua bochecha.

—Oi Jas. - falei e comecei a me afastar dando uma piscadela para eles. - A gente se vê mais tarde, crianças.

*********

Eu não fazia a menor ideia de na casa de quem estávamos, mas aquela festa tinha tomado proporções inimagináveis em questão de duas horas. Havia carros em todos os lados possíveis que houvesse vaga e tinha pessoas por toda parte e em todos os estados que se podia imaginar, desde os mais cômicos até os mais deploráveis. Marisol estava em seu estado mais animado encostada ao lado de Diego rindo de alguma coisa que ele tinha dito enquanto ele sorria como uma criança no natal, mais do que satisfeito com sua companhia. Alexandra olhava com pavor para um garoto bêbado que tentava de todos os modos possíveis dar encima dela enquanto eu apenas ria, ria como não fazia em dias.

Meu Último Suspiro - O início - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora