Capítulo 3: Culpado?

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"A gratidão é o próprio paraíso". (William Blake).

Van Pelt parecia apreensiva e pediu a Lisbon para ficar e fazer algumas pesquisas, mas, na verdade, ela não queria ver Taylor Lautner ser algemado e levado para as celas da CBI.

De algum modo, ela não conseguia acreditar que ele havia matado Marie e insistia em sua busca por falar com Thompson, o patrocinador de Tracers 2, que ainda era um grande mistério. Do pouco que diziam sobre ele, definiam-no como um homem muito rico que colecionava moedas antigas.

Em mais uma de suas ligações ao escritório de Thompson, Van Pelt soube que ele estava de volta à Los Angeles e seguiu até lá para falar com ele e saber sua posição na hora do assassinato.

Era estranho que ninguém tivesse visto Thompson. O elenco, assim como a mídia e os produtores do filme, apenas o descreviam como um homem de estatura média e muito gordo, segundo a internet, ele usava um chapéu preto, estilo Charles Chaplin e raramente aparecia nos eventos que patrocinava. Poucas pessoas o haviam visto. Apenas de longe, na noite de divulgação do filme.

A dificuldade em obter informações sobre Thompson ou pessoas que o haviam visto naquela noite deixava Van Pelt cada vez mais certa de que algo estava errado. Para ela, o fato de Thompson ter simplesmente desaparecido após descer da limusine e entrar no Hotel tornava-o um suspeito promissor, contudo, ainda restava uma dúvida primordial: por que Thompson mataria Marie Avgeropoulos?

Van Pelt foi até o escritório de Thompson e a secretária disse que ele estava em reunião. Desapontada, voltou à unidade da CBI e enquanto caminhava pelo corredor, entrou na cozinha notando que Jane preparava um chá em sua xícara favorita.

Jane segurava a xícara majestosamente, seu favoritismo não era apenas pela porcelana rara ou pela cor azul inigualável, mas, porque aquele objeto simbolizava sua entrada como consultor da CBI e todas as aventuras que havia vivido com Lisbon.

Como lhe era rotineiro, Jane observou que algo incomodava Van Pelt: ela caminhava em passos lentos, suspirava fundo e refletia como se mil pensamentos superlotassem sua mente.

Jane sorriu e, bebendo um gole do chá, olhou para Van Pelt e, com um sorriso discreto, questionou sobre o que tanto lhe afligia.

— Aceita um pouco de chá?

— Não, obrigada, eu trouxe um suco. – Falou Van Pelt abrindo a geladeira.

— Está tudo bem? – Insistiu Jane.

— Está. – Van Pelt respondeu ficando em pé por alguns segundos e pôs o suco de volta na geladeira.

— Está sem apetite?

— Um pouco.

— Isso tem alguma coisa a ver com a prisão de Taylor Lautner?

— Talvez.

— Não tem porque se preocupar Van Pelt. – Disse Jane.

— Como não? Lisbon e Cho foram prendê-lo.


— Então, você admite que está abalada com este caso?

— Okay Jane. Eu admito. Estou um pouco incomodada sim. Eu gosto dele, dos filmes, acompanho a carreira dele há algum tempo, mas, não sou fanática como você pensa.

— Isso nem passou pela minha cabeça. – Jane se defendeu.

— Jura?

— Não. Eu realmente acho que você é um pouco obcecada por ele.

— Eu não sou obcecada por ele.

— É claro que é. Você só não admite, mas, a possibilidade de ele não ser o cara íntegro que sempre esperou está te corroendo. Não é?

— Não.

— Eu vi sua pupila dilatar quando negou que gosta dele. Não tem por que ter vergonha. É natural direcionar seus sentimentos para alguém inacessível para evitar sofrer em um sentimento real.

— Acha isso normal? – Van Pelt indagou, intrigada.

— Não é normal, mas, é natural. – Jane disse com um sorriso.

— O que você sabe sobre isso? – Van Perguntou, curiosa.

— Eu sou um grande fã Meryl Streep.

— Como é? – Indagou Lisbon entrando na cozinha.

— O Jane é fã da Maryl Streep.

— Nossa que grande revelação. – Lisbon zombou.

— Não entendo o sarcasmo. Logo você, Lisbon.

— Porque logo eu?

— Você ainda dança as músicas das Spicy Girls quando não tem ninguém olhando. – Jane falou zombando.


— Okay, essa conversa está ficando estranha. – Disse Van Pelt.

— Bom, vamos voltar ao trabalho. Taylor Lautner está detido na sala de interrogatórios. Quer falar com ele, Jane? – Lisbon convidou.

— Sim, eu quero. – Jane falou sério.

Jane e Van Pelt olhavam o interrogatório pelo vidro. O agente Cho dirigia as perguntas ao Taylor querendo saber porque ele havia saído do Hotel meia hora depois de Marie ter caído.

— Eu não a matei.

— Por que saiu do Hotel 30 minutos depois que Marie foi jogada? Era uma cena de crime, senhor Lautner, você deveria ter permanecido para o inquérito.

— Eu não sabia que tinha sido assassinato. Allison, minha publicitária, encorajou-me a ir antes que a rua ficasse intransitável.

— Achou que Marie tinha se suicidado?

— Sim. Eu achei. Marie já tinha ameaçado se matar se eu não desse uma chance a ela. Eu achei que ela tinha cumprido com o tinha dito e entrei em pânico.

— Você conhece alguém que poderia ter feito isso com Marie?

— Não... Marie discutiu com quase todo mundo, mas, não creio que tenha dito algo que levasse alguém à matá-la.

— Com quem ela discutiu?

— Comigo, com a minha família, com Allison, com alguns membros do elenco, com o diretor e o produtor. Basicamente com todos. Marie era muito difícil.

— Então, você facilitou para todos matando ela? – Cho acusou.

— Eu não matei Marie. Como podem achar que fiz isso? Enquanto estou aqui preso, o culpado está impune.

— Então, senhor Lautner, o senhor ficará sob custódia da CBI por 72 horas, tempo suficiente para o fim da investigação. Temos o bastante para a promotoria te acusar por homicídio em primeiro grau. Podemos fazer um acordo. Você pode confessar e pegar 25 anos ou perpétua ou pode continuar negando e ser sentenciado à pena de morte. Você escolhe. – Cho propôs.

— Eu quero um advogado. – Disse Taylor encerrando o interrogatório.

Era um direito do suspeito fazer qualquer declaração somente na presença do advogado, que estava a caminho. Como era o procedimento, todos da equipe fizeram as mesmas perguntas ao Taylor para ver se seu testemunho mudaria, caso algo não se sustentasse, daria ao júri um elemento contraditório que diante das evidências, seria o suficiente para uma condenação.

Jane olhava o testemunho do Taylor esperando Lisbon e Rigsby terminar de interrogá-lo, mas, diante de tudo que disse, ou ele era muito cuidadoso com as palavras, inocente ou era extremamente frio. Ele era culpado?


O mentalistaOnde histórias criam vida. Descubra agora