A catedral estava escura e as poucas luzes entravam em tons variados de azul, vermelho, laranja e amarelo, dos vitrais. Os longos bancos de madeira maciça, com acentos de veludo vermelho e a nobreza do altar em tons de madeira rústica. O único som era o de Mary andando sobre seus saltos agulha, sobre o longo tapete vermelho até o altar. Ela vestia um longo vestido negro ajustado ao seu corpo sinuoso com uma fenda lateral na perna direita e alças com as costas nuas. Os longos cabelos vermelhos e lisos combinavam com o Batom, assim como a maquiagem de seus olhos verdes combinavam com o negro metal de sua M17,carregado, na mão direita. Os cartuchos estavam em um cinto envolvendo o quadril, provavelmente roubados de algum soldado assim como a arma. Ela parou a alguns metros do Altar e do homem que estava lá de costas para ela, completamente só.
-Acabou Jon. -ela sorriu de canto- Foi bom enquanto durou. -Ela passou o peso do corpo para a perna da fenda do vestido-
-Mary... Querida... Não precisa acabar assim... -o Homem vestido em um elegante terno, segurando uma Pistola Taurus, se virou e encarou entre as mechas loiras do cabelo que ia até o queixo, com seus olhos castanhos. -
-Infelizmente terá que acabar... De um jeito ou de outro... -ela deu de ombros mantendo o sorriso- Sua recepção foi bem calorosa... Ao menos não me ofendeu colocando meia dúzia de homens.
-Eu sei quem você é, meu amor... Eu treinei você... -O loiro a olhou com certa arrogância-
-Não, você não treinou... Você gosta de falar isso, mas sabe que é uma mentira que conta a si mesmo, para conseguir ter algum ego. -Mary colocou a mão livre sobre o quadril revirando os olhos. -
-Se não fosse por mim, você não teria se tornado quem é... -ele abriu os braços um pouco-
-Isso... -ela apontou o dedo para cima gesticulando. -Eu e você podemos concordar... Eu ainda seria uma esposa, uma filha e uma Mãe. Mas, você me tirou todos eles, e não sobrou nada de mim para lamentar. Você me enganou e me fez dormir com o homem que os tirou de mim por dois longos anos... Tsc...Tsc... Mas devo admitir que teve sorte. Pois se eu tivesse desconfiado antes, teria matado você depois do sexo.
-Você me ama... Tem que admitir isso ao menos... -ele deu um passo à frente, descendo o degrau, de forma convencida. -
-Há... Pobre criatura. -ela sorriu de forma debochada- Você é um homem capaz de tanta crueldade, mas não é capaz de enxergar um simples fato: Eu não tenho mais um coração para amar ninguém. Ele morreu no dia em que você me tirou meu filho. Eu amava Sebastian, amava meus pais... Mas sobreviveria sem eles... Mas quando meu pequeno Maurício, se foi... Ali... Eu perdi meu coração e toda a doçura se esvaiu. E ficou apenas o ódio e a frívola vingança.
-Então mentiu todas às vezes?-ele riu e ergueu o queixo-
-Mentir, já foi minha profissão. Se vamos conversar... Podemos?-ela pegou lentamente de um dos cartuchos uma carteira de cigarros. -
-claro... Posso?-ele ergueu a pistola em sinal de que não atiraria e pegou um cigarro do bolso do paletó. -
Ambos acenderam os cigarros e deram uma tragada ou duas sem continuar.
-me diga... Por quê? -A ruiva falou e depois deixou a fumaça escapar de seus lábios rubros-
-Por quê? Deram-me essa missão. O garoto foi... Um acidente. -O homem falou sem demonstrar qualquer arrependimento-
-Bastante inexperiente você.
-Ele tinha visto meu rosto, não tinha escolha...
-Vocês da TDA... São tão ineficazes... -ela tragou lentamente o cigarro. -