Capítulo 28 - Sentimento Doloroso

1K 95 0
                                    

Emilly

Desci com minhas malas e encontrei meu pai na sala, ele rapidamente veio em minha direção

- Por favor, minha filha, deixe-me explicar

- Não, eu não quero escutar mais nada - as lágrimas começaram a molhar meu rosto - Eu não vou ficar aqui, não depois de descobrir... Tamanha nojeira

- Emilly - Luci veio em minha direção - Talvez você devesse...

- Sinto muito, Luci - balancei a cabeça - Eu não quero escutar mais nada, eu vou embora e ninguém vai me impedir

- Não seja irracional, Emilly - Duda falou

- Você não imagina como me sinto, Duda, não venha querer me dar lição de moral, foi você quem tentou fugir de tudo quando as coisas ficaram feias

- Não ouse... - Duda começou mas foi interrompida por Luci

- Esse não é o momento para mais discussões

- Filha...

- Tchau, pai - andei arrastando minha mala, mas antes que eu pudesse chegar a porta, ela foi aberta e minha mãe entrou com Andrew e Christopher

Mãe deles...

- Emilly - ela disse - Vamos conversar

- Não, eu não quero conversar

- Emilly, vamos todos nos sentar e conversar, por favor - Christopher falou

- O que foi agora, Christopher? Não era você que estava fervendo de raiva?

- Ainda estou - ele suspirou - Mas preciso encerrar esse caso

- Você teve uma mãe, Emilly, não estou diminuindo a sua dor, mas... Mary cuidou de você - Andrew disse

- Por favor, Andrew - balancei a cabeça - Todos vocês, na verdade - olhei em volta da sala - Essa mulher fugiu com outro homem e abandonou duas crianças, eu não posso compactuar com isso, não posso aceitar algo tão... Repulsivo, isso não tem perdão

- Não foi bem assim - Mary falou, ela já estava chorando

- E foi como? - ri sarcasticamente ao mesmo tempo que derramava rios de lágrimas - Meu Deus, Mary! Todos esses anos... Você sempre foi tão interessada na carreira de Andrew, com a desculpa de que ele era um ótimo cantor, nós vimos o que aconteceu com ele e você... Nem para ir atrás do seu filho, dar um conforto

- Você não entende, Emilly

- Eu entendo que nunca deixaria uma pessoa que eu amo sofrer tanto, e alguém que tem a capacidade de fazer isso e agir naturalmente, não presta!

- Não fale assim com Mary, Emilly, ela te criou, foi uma mãe para você, respeite ela! - meu pai advertiu

- Ela teve respeito pelo Sr. Maxwell? Quando abandonou ele com os dois filhos? Para ficar com você? - questionei incrédula

- O que está acontecendo? - escutei uma voz infantil, olhei para trás e vi Theo e Rick no meio da escada, com uma expressão sonolenta, olhando curiosamente para a sala cheia de estranhos

- Meninos, voltem para o quarto de vocês - Mary disse

- Eles... Eles são nossos irmãos? - Andrew perguntou baixo

- Esse é Andrew Maxwell? - Theo, o mais novo, perguntou animado, meu pai rapidamente correu até os meninos

- Venham com o papai, vamos tomar um banho para passar esse sono - meu pai levou os meninos para o andar de cima

- Sim, Andrew, são seus irmãos - mamãe falou finalmente

Mamãe? Sério?

- Isso... - Christopher suspirou - É tão estranho

- Vamos dar tempo ao tempo, quero que vocês dois façam parte da minha vida, eu os amo tanto - Mary disse

- Você os ama? Como pôde abandonar seus filhos, Mary? - questionei

- Eu era imatura, eu me apaixonei por Joseph - ela se explicou

- Você não precisava deixa-los, podia ter ficado ao lado deles, a sua separação era com o pai deles e não com eles - respondi severamente

- Emilly... - ela tentou

- Christopher tem um filho, mãe, Gabe - ela olhou para Christopher surpresa - Ele o descobriu recentemente, porque a mãe da criança escondeu tudo dele, mas... Christopher - olhei para ele - Agora que você conhece Gabe, você o deixaria? Se a Duda não o aceitasse, o que você faria?

- Eu... - ele olhou para Duda e ela assentiu sorrindo fracamente - Eu deixaria Duda, meu filho em primeiro lugar

- Tenho certeza que ele não aprendeu isso com você, Mary - falei o nome dela amargamente

- Emilly... - olhei para Luci e percebi que ela chorava, olhei ao redor da sala e percebi que minhas palavras tinham feito todos caírem em prantos

- Quantos anos os meninos têm? - Andrew perguntou com a voz alterada pelo choro

- Theo têm 6 anos, Rick têm 8 anos - Mary respondeu e Andrew somente assentiu

- Eu espero, sinceramente, que você, Andrew - olhei para Andrew - Possa um dia perdoar, para você o mesmo Christopher, quero que consigam sentir, pelo menos agora, o que é ter uma mãe, mas eu... Eu me sinto... Como se eu tivesse tirado algo de vocês - as lágrimas voltaram a cair - Me sinto culpada por ter chamado a mãe de vocês, de minha mãe - limpei o rosto com a mão - E você, Mary, por favor, não magoe seus filhos, novamente - fui andando até a porta e a abri, olhei para trás mais uma vez e saí da casa, me sentindo mal por algo que eu não tinha controle.

...

Entrei no quarto de hotel, meu novo lar por um bom tempo, coloquei a mala em um canto e fui para a cama, me joguei lá, sentindo o peso do mundo nos meus ombros

Mary é mãe de Christopher e Andrew...
Apollo me abandonou, sem me dar motivos...

Sentia meu coração estilhaçado, dilacerado.

Deus!

Eu escutei Luci me dizer o quanto Andrew se apegou a mãe de Bárbara, o como ele sofreu pela perda daquela mulher que ele conhecia a tão pouco tempo, a falta de uma mãe presente...
O abandono de Mary fez Duda abandonar Chris, ela pensava que Gabe sofreria, pela falta de um pai... Até quando Bárbara abandonou Andrew no altar... 3 anos atrás... Eu nem sonhava em conhece-lo, e a mãe dele estava ao meu lado, me chamando de filha?

Fui até o mini bar e peguei uma garrafa, a primeira que vi, quando sentei na cama li o rótulo

Jack Daniels

Eu nem sequer imagino como Apollo se sente pela culpa da morte de alguém, mas... Se eu me sinto destruída pela culpa de tirar a mãe de alguém...
Abri a garrafa e tomei uma golada no gargalo o que me fez engasgar, comecei a tossir, sentindo a garganta queimar

- Droga... - a tosse não passava e queimava, quando finalmente parei de tossir, fiquei com a sensação de queimação na garganta, encarei o rótulo da garrafa e suspirei - Nem para beber eu presto - coloquei a garrafa na mesa de cabeceira e deitei na cama, encarando o teto

Se eu tivesse um psicólogo para conversar, talvez... Um Graham Richmond...

Minha Cura | Trilogia: Homens Complicados | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora