São exatamente 15h48min. Estou pronta e vestindo: um vestido azul soltinho, e calçando um par de tênis. Nada demais. Meu cabelo estava solto; lavei e fiz definição nos meus cachos. Olhei-me no espelho, estou parecendo uma palhaça isso sim! Um lado de meu cabelo era roxo e o outro azul. Sim, eu era tipo o Mc Brinquedo. Horrível. Troquei de vestido, pondo um preto.
Sai do quarto, dando de cara com Pietro. Seus cabelos de anjinho, o tipo cacheado fofo, desarrumado... Fazia com que ele ficasse ainda mais bonito, ainda mais com esses olhos verdes.
— Ei! Já está pronta? — sorriu. Concordei com a cabeça, sorrindo de volta. — Vamos! — chamou, começando andar. Caminho ao seu lado. — Você está linda! — elogiou, passando seu braço pelo meu ombro.
— Você não está nada mal. — murmuro.
Saímos do prédio. Vejo sua irmã, um garoto e outra garota que me olha de cima abaixo. Fiz apenas cara de paisagem. Me arrependendo de ter aceito o convite. O motorista da casa nos levou, até o shopping. No caminham eles começaram a conversar. Excluída, eu fui. Ao chegar lá, resolveram assistir Meu Malvado Favorito 3.
Sentamos na primera fileira. O tal do Bruno, Flavia, Ana, Pietro e eu. Enquanto o filme rolava, era impossível não perceber a Ana passando sua mãozinha na coxa do Pietro. Desconfortável? Sim. Mas consegui me concentrar no filme, era bom mesmo. Mas prefiro o primeiro.
Assim que o filme terminou resolveram ir ao Mc Donalds no shopping mesmo. Estamos esperando os pedidos. Bruno, Ana e Flavia começaram a conversar. E eu estava conversando com Pietro sobre assuntos aleatórios e bem loucos para falar a verdade. Eu me derretia por dentro ao vê-lo sorrir.
— Vou ao banheiro. — informei, após sentir vontade de fazer xixi.
— Tá, legal. Não demora. Se não vai ficar com fome. — brincou.
— Nós também vamos. — disse a Ana pelas duas.
E lá fomos nós, elas na frente cochichando e eu atrás. Ótima companhia para ir no banheiro. Entramos no banheiro feminino. Quando eu ia entrar na cabine, a Ana me puxa pelo braço. Ah, não.
— Vou ser direta, guria. — aponta o dedo para mim. — Eu sei que você está afim do Pietro. E nem adianta negar.
— O quê? Eu... — tento falar incrédula, mas ela me corta.
— Calada, vaca! — a Flavia repete e ri. — Não se finja de sonsa. Ele é meu! Entendeu?! Meu! Não se meta com ele.
Sério isso Brasil? Que louca! Coloco meu sorriso mais cínico na cara, como forma de desdenho. Eu não iria deixar isso me atingir por isso. Ela tinha é que se garantir.
— Se contar para ele... Eu acabo com você! — ameaça. Meu sorriso de deboche continua no rosto.
Elas saem, mas antes Flavia coloca o dedo indicar na boca em forma de silêncio. Revirei os olhos. Mesmo não deixando transparecer, essa ameaça dela... Me fez sentir um pouco de medo. Não sei que tipo de gente ela anda. Respiro fundo, contando até vinte. Não sinta medo desse tipo de garota, Letícia. O que ela poderia fazer? Me apoio na pia, jogando um pouco de água em meu rosto.
Enrolei um pouco no banheiro, e sigo em direção a mesa, onde estávamos. Sento-me onde estava, do lado de Pietro e adivinha quem está no outro? A Ana. Isso mesmo.
— Por que demorou tanto? — pergunta assim que me acomodo.
— Eu tava cagando. — reviro os olhos.
— Lavou as mãos? — riu. Apenas concordo com a cabeça.
— Pietro, ajude-me a me limpar... Caiu refrigerante em mim. — fez aquele drama básico.
Ela é o tipo de garota que rasteja atrás de garotos. Sem amor próprio. Descobri isso no banheiro. Idiota.
— Que tal minha irmã? — meio que recusa. Um sorriu nasce em meu rosto.
— Não está vendo que ela está ocupada? Por favor... — a irmã dele estava conversando com o Bruno.
— Ah! Vamos logo! — e eles saem.
E eu fico segurando vela. Comi minhas batatas fritas. Pietro estava demorando. Resolvi ir atrás, acredito que foram no banheiro, não vou ficar aqui segurando vela.
Nem precisei entrar no banheiro, ou mesmo me aproximar. Os dois estavam se pegando. Simplesmente dei as costas e sai dali. Confesso não gostei nada de ver aquela cena. Cheguei aqui há o quê? Dois? Três dias? E já estou assim? Com ciúmes de Pietro? Raiva de Ana... Ah, mas dela tenho razão de sentir raiva. Me ameaçou por conta de macho.
Eu não iria voltar para onde Bruno e Flavia estavam, fui direto para o estacionamento onde o carro estava. E só achei porque o Chico estava encostado nele. Como não sei voltar sozinha, terei que esperar os outros. Que raiva!
Peço para ele deixar eu entrar no carro. Ele me olha.
— Vocês já vão? — nego com a cabeça.
Eu não iria chorar. Aliás, chorar por quê? Droga, droga.
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Era Apenas Uma Viagem
Teen FictionO sentimento de amar outra pessoa é belo, ainda mais quando se ocorre pela primeira vez. Não é que os demais amores não sejam belos, é que a primeira vez amando é um mar de descobertas. Na adolescência ocorre bastante isso, mas na maioria das vezes...