Após um bom tempo, lá esperando em pé, eles se aproximam.
— O que aconteceu, Leticia? — Pietro parou na minha frente.
— Nada. — murmuro, dando de ombros.
— Ana disse que viu você correndo. — contou.
— O quê? — reviro os olhos. — Ela vê muita coisa pelo jeito. — meu tom de voz continuava baixo.
— Não vai dizer mesmo o que aconteceu para você vim para cá? — arqueou uma sobrancelha.
— Tanto faz. — respiro fundo.
— Vamos, Chico. — e entra no automóvel.
¨¨
Passaram-se três semanas. Pietro veio me ignorando neste tempo. A Ana todo dia estava lá. Tenho quase certeza que Pietro e Ana estão ficando. A Flávia está ficando e/ou namorando, não sei, com o amigo do Pietro, que eu descobri que é primo de Ana.
Estamos em uma pizzaria. Os adolescentes estão mesma mesa: eu, Pietro e a Flavia. Implorei para minha mãe deixar eu sentar com elas, mas Carla se intrometeu e disse que seria bom os jovens ficarem juntos. Como eu queria ser minha irmã agora. Pelo menos a Ana não está aqui, ela e Flavia gostam de me irritar.
Os pedidos chegam. Duas pizzas grandes de quatro queijos e outra de frango. A pizzaria, não é chique, digamos assim. É simples. O dono é um amigo de Carla. Flavia fez birra para não vim, por achar a o local chinfrim demais pra ela; falando que se os amigos delas a viessem lá, o que pensariam. Carla ameaçou deixá-la sem mesada.
— Vou ao banheiro. — disse olhando para as pizzas com nojo. — Espero que o banheiro não seja imundo. — levantou-se.Cortei um pedaço de pizza pra mim, e o mesmo fez Pietro. Ele começar a me olhar. Odeio que fiquem olhando para mim enquanto estou comendo.
— Letícia? — o ouço me chamar. — Por que é que me ignora desses últimos dias?
— Não estou ignorando ninguém. — sorri.
— Então, sou eu quem estou te ignorando? — arqueou uma sobrancelha.
— Não sei. — dei de ombros.
— Quer saber o quê Ana disse ao seu respeito?— bebeu um copo de refrigerante.
— Não. — neguei mesmo estando curiosa.
— Disse que você foi super ignorante com ela e Flavia no banheiro, e ameaçou dizendo que eu era seu. — passou a língua entre os lábios. — Eu já sabia que sou irresistível, mas não tanto. Para ter uma dona, de repente.
Como é que é?
— Olha, eu não disse nada disso! Pelo contrário... Ela mentiu. — acabei tropeçando as palavras. Sinceramente eu não acredito, que ela teve a audácia.
Flávia chega. Droga.
— Quer pizza? — diz a irmã, após cortar um pedaço, levando o garfo em direção à boca dela.
— Eca! Não! — ela desvia, colocando a mão na boca.
— Por que não? — come um pedaço.
— Essa pizza tem um cheiro péssimo. E olha que nem comi. — começou. — Cuidado pra não passar mal, Pietro. — advertiu o irmão. — Eles mal devem lavar as mãos. Quero ir pra casa, Pietro... Estou me sentido mal. — e assim que ela fala isso, Pietro vai chamar a mãe.
¨¨
Voltamos pra casa. Ao chegarmos, a Flavia foi pro quarto e a mãe atrás. Minha mãe foi para o quarto por minha irmã para dormir, na verdade, se ajeitar para dormir. Mandando eu não demorar muito, concordei.
— O que será que ela tem? — Pietro e eu estamos sentados no sofá.
— Não sei... — dou de ombros. Vergonha na cara que não é.
— Isso está estranho. Muito estranho. — apoiou os cotovelos nas pernas, pondo a cabeça entre as mãos.
Sua irmã fingiu passar mal para irmos embora logo. Não tem nada de estranho. Está faltando uma surra de humildade nela.
Resolvi não falar nada. Ficamos ali em silêncio. Levantei-me.
— Letícia? — olhei para ele. — Vamos assistir algo?
— Oi? — arqueio uma sobrancelha.
— Um filme, sei lá... — agora ele estava em pé.
— Pietro, quase eu ia me esquecendo... Eu não disse aquilo não, certo? A Ana é uma mentirosa, que não tem amor próprio e fica defecando por aí. Eu nunca diria algo que você não é para mim. — respirei fundo. Vamos por isso a limpo.
— Olha, esquece. — volta a se sentar ao meu lado.
— Você que sabe. Já disse que não falei isso... Então, você acredita em quem quiser. — revirei os olhos.
— Serie ou filme? — pergunta. Idiota!
— Serie. — como você é burra, Leticia.
— Hã... Que tal Stranger Things? — percebi que ele estava no aplicativo Netflix.
Stranger... O quê?!
— Pode ser. — dei de ombros.
— Se você ficar longe assim... Não vai enxergar direito... — fala, se aproximando de mim. — Acho melhor assistirmos no quarto. O que acha?
— Aperta play nesse coiso logo. — sorri forçado.
— Ok. — passou o braço pelo meu ombro.
Bocejo. Não sei porque, mas eu estava com muito sono. Caraca.
— Está com sono? — pergunta, pausando o episódio.
— Sim. — murmuro, bocejando novamente.
— Olhe só já são 2h. — informou, fazendo eu arregalar os olhos.
Também né, já estamos na segunda temporada.
— Céus! Tudo isso? — esfreguei a mão em meus olhos. Me levantei.
— Vai aonde? — indagou.
— Dormir, obviamente. Coisa que eu deveria está fazendo há tempos. — respondi ironicamente.
— Espera. — pediu ao se levantar.
— Esperar o que, meu filho? — seus dedos adentram em meu cabelo. Arqueio uma sobrancelha.
— Isso... — sussurrou antes de me beijar.
Uma de suas mãos foram parar em minha bunda, enquanto nos beijávamos, apertando.
— Boa noite, Leticia. — continuava a sussurrar, nossos rostos ainda estavam próximos, não tem nem como pensar direito.
Pietro beijou meu pescoço, me fazendo arrepiar por inteiro. Uau.
— Hã... — me afastei e dei as costas indo em direção a escada.
Mas claro que ele não poderia deixar de sorrir. Letícia, Letícia... Todo cuidado é pouco.
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Era Apenas Uma Viagem
Teen FictionO sentimento de amar outra pessoa é belo, ainda mais quando se ocorre pela primeira vez. Não é que os demais amores não sejam belos, é que a primeira vez amando é um mar de descobertas. Na adolescência ocorre bastante isso, mas na maioria das vezes...