✖️ Capítulo 5 ✖️

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Apanhei um táxi e fui até à escola. Quando lá cheguei acabei por dar uma volta ali pelo pátio para ver onde eram as coisas. Mas como só estudaria de manhã também não precisaria de saber muito. De repente, ouço o toque.

Tentei então encontrar a sala. Enquanto procurava sinto alguém tocar-me no ombro.

Então? Perdida?

Virei-me para trás e vi o Connor, o rapaz que me ajudou no outro dia.

Sim. Não sei onde é a sala.

Anda, eu levo-te lá. Somos da mesma turma — ele sorriu simpaticamente.

Ele foi na frente e eu seguia-o. Passámos por alguns corredores e muitas pessoas. Aquela escola, pelos vistos, tinha muita gente. E finalmente chegámos à nossa sala. Era bastante grande. Levava uns trinta alunos.

Se quiseres, senta-te ao meu lado.

Obrigada.

Ele foi até uma das mesas e eu fui para a mesa ao seu lado esquerdo. Pus a minha mochila em cima da mesa e comecei a tirar as minhas coisas. Agora teríamos matemática.

O Connor nos intervalos apresentou-me alguns amigos dele. Ele parece ser bastante popular. Mas tentei-me isolar um pouco deles pois não gosto de estar muito na confusão. Ele percebeu isso é veio falar comigo no fim das aulas.

Está tudo bem? — ele perguntou-me quando me dirigia para a saída da escola.

Está. Porque perguntas?

Andaste um pouco sozinha. Parece que não gostas de mim.

É só que... eu não gosto de estar com muita gente, sinto-me um pouco claustrofóbica.

Não sabia, desculpa... vou ter mais atenção a isso.

Não faz mal. Tenho de ir. Obrigado por estares a ser tão querido comigo.

De nada — ele sorriu.

Sorri também para ele e despedimos-nos. Reparei num táxi parado perto da entrada da escola e corri para lá.

30 minutos depois.

Cheguei a casa, fui para o meu quarto, atirando a minha mochila para cima da cama. Atirei-me também para a cama e respirei fundo. Reparei que tinha deixado o telemóvel em casa e dei uma olhada para ver se tinha chamadas ou mensagens. Tinha uma chamada do meu pai. Decidi devolve-la.

Chamada

Filha! Finalmente! Porque é que não atendeste? Aconteceu alguma coisa?

Calma, pai. Relaxa. Só me esqueci do telemóvel em casa. Está tudo bem.

Graças a Deus. Então, como correu o primeiro dia de aulas?

Bastante bem, até.

Está bem. Falamos melhor à noite. Tenho que ir. Até logo.

Até logo.

Desliguei a chamada e senti o meu estômago a fazer barulho. Estava a morrer de fome.

Levantei-me e fui até à cozinha para ver se havia algo para comer. Procurei em todos os armários, mas nada.

Boa tarde — levei um susto.

Ah... que susto. Já nem me lembrava de ti — ele estava sentado no sofá a olhar para mim.

Sou assim tão insignificante?- ele disse fingindo-se magoado.

Passas é demasiado despercebido — ele riu.

Estás à procura de alguma coisa?

Comida. Eu tinha a certeza que tinha sobrado pizza de ontem.

Pois...

Pois... pois? Olha lá, foste tu?

Eu não disse isso... mas acho que temos gostos muito parecidos.

Eu não acredito... estúpido!- atirei-lhe a primeira coisa que tinha à mão, neste caso, o telemóvel. Mas o telemóvel passou por ele sem sequer lhe tocar — tens sorte que és assim.

O teu telemóvel é que já deve ter falecido.

Ai sim? Mas eu estou sem comida na mesma. E eu nem sabia que comias.

Eu nem preciso de comer. Mas a verdade é que adoro mesmo comer. E agora que descobri que é tão divertido irritar-te passei a gostar mais ainda.

És tão parvo. Vou mandar vir duas pizzas então.

Deixa estar, eu não quero.

Tens a certeza?

Sim.

Mandei vir então uma pizza e chegou em pouco tempo. Levei a pizza para o sofá e fiquei ali ao pé dele a ver televisão.

O teu pai preocupa-se muito contigo, não é?

Sim... porquê? Andas a ouvir as minhas conversas?

Desculpa, mas eu consigo ouvir dez vezes melhor que tu.

Não tem mal. Não sabia. Mas sim, ele às vezes é demasiado protetor.

Mas porquê? — ele estava a fazer demasiadas perguntas e eu estava a ficar nervosa.

É normal. Ele trabalha muito, mal está comigo e, ainda por cima, vivemos numa casa no meio do nada.

Só isso?

Porque é que és tão curioso? É só isso mesmo.

Parece que escondes alguma coisa.

Sabes uma coisa? Eu penso exatamente o mesmo de ti.

Mas eu não escondo nada.

Nem eu.

Voltei a virar o olhar para a televisão e continuei a comer. Não dirigimos a palavra um ao outro durante a tarde toda.

Xiumin

Depois de todas as minhas perguntas, ela não voltou a falar comigo. Ela esconde alguma coisa, tenho a certeza. E não deve ser boa. Senti o coração dela a bater mais depressa quando falei sobre a preocupação do pai. Mas eu não quero pressiona-la. Deve ser alguma coisa que a magoou, e eu não quero fazê-la sentir assim.

Esta noite tenho de lhe pedir desculpas. Além de ela também desconfiar que é escondo alguma coisa. O que não é mentira.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora